O arcebispo Paul Richard Gallagher, secretário para as Relações com os Estados, representou o Vaticano na cúpula virtual sobre o tema da biodiversidade: para reverter o empobrecimento da natureza que leva a grandes sofrimentos humanos, especialmente nas regiões mais pobres do mundo, “é essencial a proteção de regiões ricas em biodiversidade, como a Amazônia”.
Chefes de Estado do Brasil, da França e de Liechtenstein também se manifestaram sobre a região amazônica.
Ouça a reportagem e compartilhe
“Precisamos repensar os paradigmas de desenvolvimento”, afirmou o arcebispo Paul Richard Gallagher, secretário para as Relações com os Estados da Santa Sé, em mensagem de vídeo enviada à Cúpula das Nações Unidas intitulada: “Ação urgente sobre a biodiversidade para o desenvolvimento sustentável”. O evento virtual seguiu o mesmo modelo da Assembleia Geral da ONU da última semana: por causa da pandemia, os líderes não foram a Nova York, nos Estados Unidos, mas gravaram discursos que foram exibidos nesta quarta-feira (30), em telão na sede das Nações Unidas, e transmitidos em tempo real, pela internet.
Renovar compromisso comum pela Casa Comum
O representante do Vaticano afirmou na mensagem que “um desenvolvimento verdadeiramente integral, que integre a promoção do bem comum com respeito à dignidade humana, só pode ser alcançado quando as políticas de desenvolvimento estão a serviço da pessoa humana e incorporem uma compreensão holística das consequências ambientais, econômicas, sociais e humanas no uso dos nossos recursos naturais compartilhados”.
O arcebispo procurou salientar a importância da cúpula que tornou possível “contemplar com gratidão o dom da Criação e olhar seriamente o que ameaça a extraordinária riqueza do nosso planeta”, além de dar “a oportunidade de examinar as causas profundas da perda da biodiversidade, de reconhecer os muitos danos que dela resultam e de renovar nosso compromisso comum para proteger nossa Casa Comum”.
O desafio da ecologia integral
Entre as causas que levaram à perda da biodiversidade, dom Gallagher incluiu a expansão agrícola e industrial, a poluição – incluindo a poluição marinha com o plástico -, os testes nucleares e os resíduos não tratados. O arcebispo também lembrou como o aumento da temperatura dos oceanos tem um impacto devastador na maioria dos recifes de corais do mundo e como o consumo de combustíveis fósseis e o desmatamento excessivo sejam fatores fundamentais na mudança climática que leva à extinção de espécies e à redução da resiliência da natureza.
Para reverter essa tendência alarmante, o empobrecimento da natureza que leva a grandes sofrimentos humanos, especialmente nas regiões mais pobres do mundo, o secretário afirmou que é, portanto, essencial a proteção de regiões ricas em biodiversidade, como a Amazônia e o Ba-sin do Congo.
É necessário, e responsabilidade de todos, “reconhecer que todo ser vivo tem um valor e um propósito intrínseco e, como tal, deve ser amado”, concluiu o arcebispo. O desafio pelo qual somos chamados a agir urgentemente é, portanto, a restauração de uma relação harmoniosa com a natureza, em “uma abordagem que combine o cuidado pela nossa Casa Comum com o cuidado dos nossos irmãos e irmãs, e integre medidas imediatas com estratégias de longo prazo – que é o que o Papa Francisco chamou de ‘ecologia integral'”, finalizou o secretário para as Relações com os Estados.
A preocupação com a Amazônia
Além do Vaticano manifestar preocupação com a Amazônia, na abertura da cúpula virtual, o próprio secretário geral da ONU, Antônio Guterres, citou o papel das populações indígenas na conservação da biodiversidade. O presidente da França, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro do Liechtenstein, Adrian Hasler, também abordaram, em seus pronunciamentos, a preservação da Amazônia. Em discurso de cerca de 5 minutos, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, garantiu que está empenhado em tentar “reverter a tendência de aumento das áreas desmatadas” na floresta amazônica.
Anna Poce, Andressa Collet – Vatican News
PUBLICADO EM: VATICAN NEWS
Deixe um comentário