Brasília (DF), 20/10/2020 – Pela segunda vez neste ano, os Ministérios da Defesa e da Saúde prestam apoio aos moradores das Terras Indígenas de Roraima no combate ao novo coronavírus.

Na segunda-feira (19), profissionais de saúde das Forças Armadas retornam para o extremo norte do País, para atuar em aldeias localizadas no entorno dos Polos Bases de Auaris, Surucucu e Boa Vista, na parte oeste do Estado, onde vivem cerca de 11 mil indígenas.

Denominada Missão Roraima II, a operação interministerial também leva para a região 4 toneladas de materiais, entre equipamentos de proteção individual (EPI), medicamentos e testes para a Covid-19.

Seguem para a região 15 médicos, sendo 10 clínicos gerais, dois ginecologistas, um pediatra, um infectologista, três enfermeiros, seis técnicos de enfermagem, dois veterinários e um auxiliar de veterinário, oriundos de Organizações Militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, do Distrito Federal e de diversos estados do Brasil.

Com vasta experiência em saúde operacional e em missões na região Amazônica, a Capitão Fabiola Cristine Marques, médica ginecologista da Aeronáutica e chefe da Aeromédica em São José dos Campos, São Paulo, é uma das integrantes da missão. Ela destaca a importância da assistência humanitária em saúde, desenvolvida desde os primórdios das linhas do Correio Aéreo Nacional (CAN), na década de 40, por meio de Ações Cívico-Sociais (ACISOs), na Região Amazônica. Agora, em virtude da Covid-19, essas ações são ainda mais necessárias para a garantia da saúde da população de origem indígena nessa região.

“Vamos seguir os moldes da primeira operação realizada na mesma área, no primeiro semestre, e que foi um inegável sucesso. Nós, profissionais da área de saúde sabemos como nossa presença é valiosa em comunidades tão distantes dos centros urbanos. É um privilégio essa atuação e vamos com disposição para dar conta de toda a demanda necessária”, disse a Capitão Médica.

Os indígenas da região a ser atendida são da etnia Yanomami. Considerada uma população de recente contato, vivem na floresta amazônica, em locais de difícil acesso. Graças à grande capilaridade e ao alto poder logístico das Forças Armadas, aliados ao trabalho da Secretaria Especial de Saúde Indígena, do Ministério da Saúde, é possível proporcionar esse reforço à saúde dessa população.

A Missão conta com o apoio logístico do 7º Batalhão de Infantaria de Selva (7º BIS), sediado na capital Boa Vista, bem como do 5º Pelotão Especial de Fronteira, em Auaris e do 4º Pelotão Especial de Fronteira, em Surucucu, ambos subordinados ao 7º BIS e distantes, respectivamente, 443 Km e 328 Km daquela Organização Militar. Para o transporte da equipe e do material necessário para os atendimentos, serão empregadas aeronaves da Aeronáutica e do Exército.

A previsão é de que sejam atendidos cerca de 3 mil indígenas das aldeias Arauthaú, Parafuri, Kaianaú, Alto Mucajaí e Baixo Mucajaí, além das comunidades que vivem no entorno dos PEF de Auaris e de Surucucu.

“Espero que possamos contribuir para melhor qualidade de vida dessa população e fornecer e oferecer aos indígenas um atendimento pautado no respeito com a vida humana”, completou a Capitão-Tenente Virginia, enfermeira da Escola de Aprendizes-Marinheiros do Espírito Santo (EAMES).

Saúde única
Conforme ocorreu na missão anterior, realizada no início deste mês, no Maranhão, também seguem para Roraima dois médicos veterinários militares, que irão realizar ações de vigilância epidemiológica e controle de zoonoses, doenças transmitidas pelos animais aos homens. Serão realizadas pesquisas de vetores de zoonoses, a profilaxia nos animais e a análise dos fatores ambientais que contribuem para a ocorrência dessas doenças. Dessa forma, contribuirão para a orientação de medidas de proteção a serem adotadas, visando prevenir as zoonoses.

A atuação do médico veterinário, em conjunto com a equipe de saúde, proporciona abordagem mais ampla e holística, com enfoque no conceito de saúde única. De acordo com o Major Rubens Fabiano Soares Prado, veterinário da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), situada em Resende, Rio de Janeiro, e integrante da missão, essa atuação permite maior efetividade nas ações de apoio de saúde à comunidade. Além da saúde humana, abrangerá, também, a saúde animal e ambiental, contribuindo para maximizar as ações de saúde da operação, possibilitando, assim, o pleno alcance dos objetivos propostos.

“Vamos nos esforçar durante toda a operação para oferecer o mais amplo apoio de saúde às comunidades indígenas. E os efeitos desse novo tipo de abordagem serão mais amplos e duradouros, convergindo para a melhoria na qualidade de vida de todos os locais onde atuarmos”, destacou o militar.

Segurança
Para realizar o atendimento aos indígenas de forma segura neste momento de pandemia, é seguido rigoroso protocolo de testagem e isolamento de todos os militares que participam da missão. Além da realização de teste rápido imunológico (IgM/IgG) para CoViD-19 e exame clínico, com verificação e anotação de temperatura, oximetria, dados vitais e ausência de sinais/sintomas de síndrome gripal, toda equipe é submetida a controle sanitário antes do embarque.

Por Maristella Marszalek
Fotos Antônio Oliveira

Assessoria de Comunicação Social (Ascom)
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