Quem passa pela rodoviária de Boa Vista (RR) já não vê apenas paredes brancas. Agora, os transeuntes podem admirar um mural colorido de 3 metros de altura e 15 de comprimento produzido por artistas brasileiros e venezuelanos.

A obra, feita em cinco dias durante a oficina de conhecimentos básicos de muralismo, foi pensada para gerar impacto e valorizar os cuidados de proteção que devem ser tomados durante a crise sanitária e incentivar o uso da máscara. Foto: OIM

Pensada pela Organização Internacional para as Migrações (OIM) com o apoio da Operação Acolhida, resposta humanitária do governo federal, a iniciativa tem o intuito de levar uma mensagem de solidariedade e união entre refugiados, migrantes e população local nesse momento de pandemia.

A obra, feita em cinco dias durante a oficina de conhecimentos básicos de muralismo, foi pensada para gerar impacto e valorizar os cuidados de proteção que devem ser tomados durante a crise sanitária e incentivar o uso da máscara. Durante o primeiro dia, 12 alunos acompanharam as explicações teóricas e deram as primeiras pinceladas. Em seguida, um grupo menor acompanhou os capacitadores para a finalização do mural.

Responsável pelo processo criativo, o coletivo composto pelos irmãos venezuelanos Diana Afronativa e Luiz Hernandez e pelo brasileiro Eduardo Briglia Anton desenvolve sua arte na capital de Roraima dando destaque para temas que valorizam a coesão social e lutam contra a estigmatização e a xenofobia. Com a oficina realizada para refugiados e migrantes, os artistas puderam compartilhar sua arte, histórias e incentivar os aprendizes a se expressarem.

“A princípio, quando recebi o convite para trabalhar na produção do mural, não imaginei que teríamos contato com pessoas tão incríveis, com histórias tão marcantes e que passaram por tantas mudanças. Foram dias de muito trabalho, esforço e risadas também”, relata Anton.

A história pensada pelo coletivo para o mural da rodoviária traz elementos de natureza, música e cultura da Venezuela e do Brasil, de modo que as pessoas que transitam pelo local possam se sentir acolhidas e representadas.

“Pensamos nessa conexão entre as culturas brasileira e venezuelana, juntando elementos de união. A figura central da pessoa indígena representa a ideia da valorização e proteção que devemos ter com os nossos anciãos, guardiões de nossas culturas, sobretudo neste contexto da pandemia de COVID-19, que tem levado muitas vidas”, complementa Anton.

A ação cultural e educativa foi acompanhada pela equipe da OIM em Boa Vista, que desenvolveu o projeto pensando a incentivar as medidas de proteção, como o uso da máscara, mas também a envolver as pessoas que estão na área de pernoite da rodoviária em uma atividade coletiva de maneira segura. Além de estimular a criatividade, a oficina também é uma atividade psicossocial que proporciona a reflexão sobre a migração, sobre as mudanças vividas e as perspectivas para o futuro.

“Todos ficaram muito animados com a atividade. O processo foi bem colaborativo e, além de trazer um pouco mais de cor e alegria para o local, é também uma oportunidade para os refugiados e migrantes saírem do ócio e refletirem sobre esse momento de transição”, relata a coordenadora de projetos da OIM, Clara Seguro.

A atividade foi realizada com o apoio financeiro do Fundo Central das Nações Unidas de Resposta de Emergência (CERF).

A história pensada pelo coletivo para o mural da rodoviária traz elementos de natureza, música e cultura da Venezuela e do Brasil, de modo que as pessoas que transitam pelo local possam se sentir acolhidas e representadas. Foto: OIM

IOM – International Organization for Migration 

PUBLICADO EM:     ONU – NAÇÕES UNIDAS