Durante o Setembro Amarelo, mês que lembra a importância dos cuidados da saúde mental para a prevenção e redução do suicídio, o Ministério da Saúde intensificou a atenção diferenciada em saúde mental para população indígena, realizada pelos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Neste ano, já foram investidos R$ 1.822.686 milhões por meio do Incentivo de Atenção Especializada aos Povos Indígenas (IAE-PI).
O trabalho dos CAPS nas aldeias será realizado com base em um plano de metas e ações enviado aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) e avaliado pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), devendo obedecer às particularidades do atendimento ao indígena, respeitando as tradições e cultura de cada etnia. A ação vai beneficiar a população indígena, promovendo cuidados em saúde mental a pessoas em sofrimento psíquico ou com problemas decorrentes do uso prejudicial do álcool, que podem se tornar um gatilho para um comportamento suicida.
Ao todo, 27 estabelecimentos tiveram os seus planos de metas e ações de IAE-PI aprovados pelo Ministério da Saúde e já estão levando cuidados em saúde mental à população indígena, por meio dos CAPS, que têm realizado oficinas terapêuticas adaptadas à cultura de cada povo.
Além disso, o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena conta com psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, médicos e agentes indígenas de saúde que realizam ações de acolhimento às experiências de sofrimento psíquico nas aldeias indígenas.
São rodas de conversa, criação de grupos terapêuticos temáticos e a realização de atividades participativas de educação em saúde que reconhecem as medicinas tradicionais indígenas dos pajés, rezadores, raizeiros e outros cuidadores tradicionais.
Segundo Fernando Pessoa, psicólogo do Departamento de Atenção à Saúde Indígena (DASI/SESAI), os CAPS vão realizar um trabalho específico com base no atendimento que a SESAI oferece o ano todo em cada DSEI. “A expertise dos CAPS vai ajudar de maneira intensiva o tratamento de indígenas em sofrimento psíquico. As equipes estão passando por qualificação para que esse atendimento seja inclusivo. Além de oficinas terapêuticas com pintura e artesanato indígena, os pajés, rezadores e cuidadores tradicionais são incluídos nas atividades de cuidado, o que permite o diálogo e articulação com a medicina tradicional indígena”, explica.
Fernando também avalia que a pandemia, causada pelo novo coronavírus (COVID-19), pode afetar a saúde mental população indígena, e que, portanto, os esforços da SESAI, juntamente com os DSEI, na promoção de saúde mental se intensificaram neste ano. “A recente pandemia de COVID-19 pode agravar as condições de saúde mental e bem-estar dos indígenas, pois altera as relações sociais e as práticas culturais das aldeias devido à necessidade de isolamento, distanciamento social e restrição de circulação de pessoas.
Cuidando do cuidador
A Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas também inclui os profissionais da saúde. Com o programa “Cuidando do Cuidador”, a SESAI oferta escuta qualificada e apoio psicossocial aos trabalhadores da saúde indígena, que têm vivenciado situações de tensão e preocupação por causa da pandemia. As equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena (EMSI) podem buscar atendimento psicológico online com os psicólogos de outros DSEI.
SESAI Saúde Mental
Nos últimos 3 anos, a SESAI ampliou o número de profissionais de saúde mental que desenvolvem ações nas aldeais indígenas e qualificou outros 583 profissionais das equipes multidisciplinares de saúde indígena (EMSI). Além disso, em setembro de 2019, em parceria com o Estado do Amazonas, a SESAI qualificou 440 profissionais de saúde em três municípios do Estado para realizarem ações de prevenção do suicídio.
Entre 2017 e 2019, os óbitos por suicídio entre indígenas assistidos pela SESAI se mantiveram estáveis, com tendência para redução. Apesar disso, os dados ainda apontam para uma taxa de mortalidade por suicídio na população indígena de 2 a 3 vezes maior do que na população em geral, sendo que entre indígenas 62% destes óbitos ocorrem entre 10 e 29 anos de idade. Os dados são do Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena (SIASI).
Informativo
Para qualificar as ações de saúde mental, com foco na promoção do bem-viver, em novembro de 2019, a SESAI publicou o material informativo “Atenção psicossocial aos povos indígenas: Tecendo redes para promoção do bem-viver”, que é um conjunto de cartilhas que visam orientar as Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena (EMSI) no desenvolvimento dessas ações e, neste momento, podem colaborar para a promoção da saúde mental e do bem-viver de indígenas e trabalhadores da saúde.
A produção é fruto da cooperação técnica entre SESAI e Organização Panamericana de Saúde (OPAS), que produziram as publicações com indígenas, profissionais de saúde e gestores. A publicação leva em consideração as perspectivas nativas e tradicionais sobre seus adoecimentos, como desenvolver ações de promoção da saúde e do bem-viver e valorização das medicinas tradicionais indígenas e suas práticas de autocuidado.
PUBLICADO EM: MINISTÉRIO DA SAÚDE SESAI
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