Agentes cumprem 53 mandados de busca em sete estados e no DF
A Polícia Federal (PF) voltou a agir, hoje (24), para inibir a venda de diamantes extraídos ilegalmente da Terra Indígena Roosevelt, na divisa entre Rondônia e Mato Grosso. Homologada em 1991, a reserva ocupada por grupos da etnia Cinta Larga e Suruí costuma ser apontada como uma das potenciais maiores reservas de diamantes do mundo. E há tempos é alvo da cobiça de garimpeiros e madeireiros.
Cerca de 150 agentes federais participaram da Operação Crassa, deflagrada nas primeiras horas da manhã, para cumprir 53 mandados de busca e apreensão expedidos pela 3ª Vara Criminal da Subseção Judiciária de Rondônia. Os alvos dos mandados judiciais são garimpeiros, lideranças indígenas, comerciantes e intermediadores.
Os mandados judiciais estão sendo cumpridos em Rondônia, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Piauí, Roraima e São Paulo e no Distrito Federal. Além de autorizar a apreensão de documentos e outros elementos probatórios em endereços residenciais e comerciais ligados aos investigados, a Justiça determinou o sequestro de bens imóveis de alguns dos suspeitos.
A PF disse que, ao longo da investigação iniciada em 2018, reuniu provas que apontam que os investigados cometeram os crimes de usurpação de bens da União, formação de organização criminosa e lavagem de dinheiro. Ainda de acordo com a PF, os diamantes extraídos ilegalmente da reserva indígena são vendidos, ilegalmente, tanto no mercado nacional, quanto no exterior.
Denúncias
Em 2004, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou a criação de um grupo operacional para coibir a exploração mineral em terras indígenas. Um decreto presidencial de 17 de setembro apontou a necessidade de que “os diversos agentes e órgãos públicos federais responsáveis” atuassem de forma articulada para coibir a extração mineral ilegal não só na Terra Indígena Roosevelt, mas também no Parque Indígena Aripuanã, Serra Morena e Aripuanã, igualmente localizadas na divisa entre os estados de Rondônia e Mato Grosso. O decreto, no entanto, foi revogado em fevereiro de 2020.
Ao longo dos anos, a PF e outros órgãos vêm realizando recorrentes ações para coibir o garimpo ilegal na região. Em outubro de 2019, por exemplo, agentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), da PF e militares do Exército e da Aeronáutica que participavam da Operação Verde Brasil localizaram e destruíram maquinários usados em garimpos ilegais. Dada a dificuldade de remoção, parte dos equipamentos apreendidos foi destruída no próprio local.
Em julho deste ano, policiais federais e servidores do Ibama voltaram a encontrar no interior da Terra Indígena Roosevelt uma grande estrutura destinada ao garimpo ilegal de diamantes. Na véspera, os mesmos servidores públicos já tinham chegado a pontos de garimpo ilegal na Terra Indígena Sete de Setembro, entre Cacoal (RO) e Espigão do Oeste (RO), onde se surpreenderam com a “vasta destruição ambiental” causada pelos criminosos.
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Publicado em 24/09/2020 – 18:02 Por Alex Rodrigues – Repórter da Agência Brasil – Brasília
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