A ação é liderada pela prefeitura de Manaus em parceria com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), a Organização Internacional para as Migrações (OIM), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA).

Edilza Sanchez, 27 anos, e grupo de familiares que foram realocadas em Manaus. Foto: Felipe Irnaldo/ACNUR

Um grupo de 81 indígenas venezuelanos foi realocado nesta quinta-feira (03) para mais um novo espaço de acolhimento em Manaus. Liderado pela prefeitura da cidade, por meio da Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania (SEMASC) em parceria com diversas agências das Nações Unidas, a transferência é continuidade da resposta ao fluxo de deslocamento de refugiados e migrantes indígenas venezuelanos da etnia Warao na cidade, intensificada com a pandemia da COVID-19.

Localizado no bairro Tarumã-Açu, zona oeste da cidade, o espaço conta com redário, salão para trabalhos coletivos (respeitando o número máximo para ocupação, segundo recomendações de organizações de saúde), salas técnicas, refeitório, banheiros, lavatórios e pontos para lavagem das mãos. Serão ofertados atendimento psicossocial e atividades lúdicas, além de orientação e encaminhamento para a rede socioassistencial.

Até julho de 2020, 158 indígenas que estavam acomodados em espaços provisórios erguidos durante a pandemia da COVID-19 já haviam sido realocados para um abrigo vizinho.

Apoiaram a ação a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), a Organização Internacional para as Migrações (OIM), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA). Além disso, também estiveram na ação instituições da sociedade civil, como Instituto Mana, ADRA e Aldeias Infantis SOS Brasil, além da Secretaria Municipal de Saúde (SEMSA).

“Aqui está melhor, tem mais segurança e espaço. Era um desejo antigo vir para cá, então agora só temos a agradecer por essa ajuda que estamos recebendo e todo o apoio no transporte, nas redes de dormir e no abrigo”, destacou Edilza Sanchez, 27 anos, indígena Warao reconhecida como refugiada venezuelana pelo governo brasileiro, que está no país há pouco mais de um ano.

Ação conta com apoio de diversas agências das Nações Unidas. Foto: Felipe Irnaldo/ACNUR

A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) tem atuado na proteção da população indígena na cidade, apoiando tecnicamente a gestão dos espaços de acolhida, a construção de áreas de isolamento temporário de casos suspeitos da COVID-19, além a entrega de kits de higiene individuais e coletivos, redes, colchões, capas e outros itens básicos.

Com apoio do Instituto Mana, o ACNUR também realizou diversas atividades de proteção e de comunicação com a comunidade, ajudando a estruturar comitês de gestão e facilitando a troca de informações de saúde entre a população por meio da rádio comunitária Yakera Jokonae, que atualmente é liderada pelos próprios indígenas. Mais de 10 mil itens de necessidade de básica, como kits de limpeza e higiene, camas e colchões já foram distribuídas.

Além de apoiar tecnicamente as realocações, durante o período de maior incidência da pandemia em Manaus, a OIM já forneceu mais de 18 mil refeições aos Warao abrigados pela Prefeitura, tendo ainda reforçado o fornecimento de absorventes, fraldas e outros itens de primeira necessidade, entre eles os bebedouros. Neste novo espaço, a OIM passa a implementar também ações de saúde em parceria com a SEMASC e a SEMSA e demais agências das Nações Unidas.

Por meio do seu Programa de Assistência Humanitária, o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) realiza atividades de sensibilização comunitária nas temáticas de saúde sexual e reprodutiva, planejamento familiar e prevenção e resposta à violência baseada em gênero, visando promover a autonomia e facilitar o acesso a direitos e aos serviços da rede pública local. As equipes do UNFPA também trabalham identificando vulnerabilidades e necessidades de proteção social, dando o encaminhamento necessário. A atuação do Fundo de População é focada em mulheres, adolescentes, meninas, gestantes, lactantes, pessoas sobreviventes de violência baseada em gênero e pessoas vivendo com HIV.

Dentro das ações em resposta à COVID-19 à população indígena, o UNICEF tem atuado em ações de promoção da saúde comunitária, no acesso à água, nutrição, higiene e saneamento, na educação e proteção de crianças e adolescentes. Nesses novos espaços, o UNICEF e seus parceiros Aldeias Infantis SOS Brasil e ADRA, trabalham no diálogo com as comunidades sobre o novo abrigo e nas avaliações de saúde da população, garantindo que sejam identificados possíveis casos de pessoas sintomáticas em relação à COVID.

Também estão sendo consolidados espaços seguros de proteção e educação para crianças e adolescentes, os Super Panas, junto com Aldeias Infantis, além de ações de saúde, nutrição, água, higiene e saneamento, por meio da ADRA.

Situação Venezuela

Desde o início do fluxo de deslocamento de venezuelanos na América Latina, que se intensificou em 2017, mais de 5,1 milhões de pessoas haviam deixado o seu país. Cerca de 264 mil solicitaram a regularização migratória no Brasil, segundo dados do governo federal de junho. Recentemente, 46 mil pessoas foram reconhecidas como refugiadas pelo governo brasileiro. Quanto à residência temporária, são mais de 129 mil venezuelanos que fizeram a solicitação.

PUBLICADO EM:  ONU NAÇÕES UNIDAS