Uma prática tradicional de cuidados com a saúde da mulher está sendo resgatada pelo Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Altamira, em aldeias Asurini, no Pará. As parteiras indígenas estão voltando a atuar nas comunidades, evitando a remoção das gestantes para as cidades neste momento de pandemia causada pela COVID-19.

As mulheres da aldeia se reúnem para tecer uma rede de fios de algodão para o parto de uma indígena. A rede é tecida à mão pelas mãe, tias e avós que esperam a hora do nascimento de um membro da família. A rede ampara a mulher na hora do parto e ali ela alimentará seu bebê pela primeira vez com o apoio das mulheres da aldeia.

A enfermeira Vanessa Barroso, responsável pelo projeto no DSEI Altamira, conta que vem reunindo as mulheres em grupos de conversa para ouvir sobre suas práticas e saberes de forma a integrar o conhecimento tradicional com a medicina ocidental, então conseguiu resgatar a tradição da rede do parto. Desde fevereiro, três nascimentos ocorreram com o apoio de parteiras indígenas e a Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena (EMSI) do Distrito.

“O objetivo é valorizar e resgatar as parteiras indígenas e os conhecimentos tradicionais dos pajés nos cuidados com a saúde da mulher, respeitando todos os ciclos de vida. Até o ano passado, muitas indígenas iam para a cidade, com a pandemia esta prática se tornou mais presente. As mulheres estão mais confiantes e seguras em realizar os partos domiciliares, evitando o deslocamento das aldeias para as cidades”, afirma.

De acordo com a enfermeira, as mulheres cuidam da cultura, do artesanato e da saúde da família, por isso o seu protagonismo é importante na valorização e resgate dos saberes tradicionais indígenas. Aliado a isso, as Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena (EMSI) orientam sobre a importância do ácido fólico e sulfato ferroso na gestação; realizam o acompanhamento gestacional e do desenvolvimento infantil e sobre a passagem da infância para a juventude e para a vida adulta.

A EMSI também tem realizado vacinação contra a Influenza e sarampo durante as visitas periódicas às comunidades indígenas. Os profissionais de saúde levam serviços de atenção básica, realizam triagem de pacientes com sintomas parecidos com os da COVID-19, fazem testes rápidos e dão orientações sobre tratamento e cuidados para evitar a disseminação da doença. Um psicólogo também tem atuado em rodas de conversa com lideranças e a população das aldeias para dar apoio emocional neste momento de pandemia.

NUCOM/SESAI