Líder indígena ameaçado de morte suspeita que viagem de Ricardo Salles ao Pará foi articulada diretamente por invasores de área protegida com objetivo de atrapalhar operação de fiscalização
O ministro de Meio Ambiente, Ricardo Salles, saiu um pouco dos holofotes após vir a público o conteúdo da reunião ministerial de 22 de abril, na qual defendeu “ir passando a boiada”. Salles queria dizer que o governo deveria aproveitar que a atenção da imprensa estava na pandemia para fragilizar a legislação ambiental por meio de mudanças infralegais (edição de decretos, portarias, instruções etc).
Na semana passada, o ministro voltou a colocar à prova a missão legal de seu cargo ao referendar a posição de invasores de uma área protegida. Ele fez uma visita surpresa à Jacareacanga (PA), foi recebido por garimpeiros que atuam ilegalmente na Terra Indígena (TI) Mundurucu e defendeu sua atividade.
Coincidentemente, estava em curso uma operação coordenada pela Polícia Federal (PF) contra o garimpo no território indígena. O ministro alegou que pretendia acompanhar a ação, mas fez questão de retornar à Brasília, em um avião oficial, com algumas das pessoas que o receberam. Na capital federal, apesar de apoiarem um crime (o garimpo em TI é ilegal), elas foram ouvidas por outras autoridades. A viagem acontece na esteira de várias outras medidas de desmonte das políticas ambientais em 2020.
Entrevista e edição: Oswaldo Braga de Souza
ÍNTEGRA EM: AMAZÔNIA.ORG.BR – INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL
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