A importância da preservação ambiental para a humanidade assumiu um sentimento coletivo em todo o mundo, até mesmo naqueles países que destruíram suas riquezas naturais e agora cobram do Brasil o dever que não fizeram. A discussão sobre a Amazônia entra na pauta, fomenta paixões e ativa os mais variados interesses. Alguns, bem-intencionados; outros, calculados.

A consciência ambiental no nosso país não é retórica. Ela é prática, real e vem de muito tempo. A maior floresta tropical do mundo foi preservada no seu território. A Amazônia brasileira é um patrimônio que foi mantido pelos brasileiros durante 400 anos. E isso custou a vida de muitos.

Trata-se de região com mais de 12 mil quilômetros de perímetro, que abraça diferentes microrregiões preservadas e de rica biodiversidade. A Amazônia é uma área extremamente complexa, com a dimensão da Europa Ocidental e dificuldades logísticas extremas.

A Operação Verde Brasil, lançada pela primeira vez em 2019, é uma iniciativa inédita do governo Jair Bolsonaro, que determinou o emprego das Forças Armadas na Garantia da Lei e da Ordem (GLO) ambiental na Região Amazônica. A GLO é uma condição excepcional e temporária que permite às Forças Armadas compartilharem conhecimento e capilaridade na área, empregando meios para apoiar os órgãos de preservação e controle ambiental. No início deste ano, a nomeação do vice-presidente da República para a presidência do Conselho Nacional da Amazônia Legal reforçou, de forma ainda mais clara, o compromisso com a preservação.

Há centenas de anos, a Marinha, o Exército e a Força Aérea fazem parte da Amazônia e de sua história. Ainda hoje, nos rincões mais longínquos e inóspitos, os militares muitas vezes representam a única presença do Estado. Atualmente, são mais de 44 mil homens e mulheres empregados na região, assegurando a integridade do território nacional, levando assistência às populações ribeirinhas e indígenas, preservando os recursos naturais e a soberania brasileira.

Passados dois meses do seu início, a Operação Verde Brasil 2 já apresenta resultados expressivos, superando os da primeira edição. Salta aos olhos o aumento significativo da repressão aos ilícitos nos Estados de Roraima, Amazonas, Acre, Rondônia, Mato Grosso, Tocantins, Maranhão, Pará e Amapá.

As Forças Armadas brasileiras engajaram suas unidades operacionais localizadas na Região Amazônica, nos limites das suas possibilidades, para atuar juntamente com os órgãos ambientais e de segurança pública federais, estaduais e municipais. É um esforço adicional às missões regulares da Defesa, que continua cuidando da soberania nacional e da vigilância das nossas fronteiras.

Mesmo dividindo os esforços com o urgente e necessário combate à pandemia da covid-19, as Forças Armadas trabalham em conjunto com órgãos e agências governamentais. Essa parceria interagências possibilitou, nos últimos 60 dias, a aplicação de mais de 1.200 multas, no valor total de R$ 407 milhões, e a apreensão de 27.527 metros cúbicos de madeira, 178 embarcações e 112 veículos.

Desde que a Operação Verde Brasil 2 foi deflagrada, em 10 de maio deste ano, suas ações são decididas no âmbito do Grupo de Integração para Proteção da Amazônia (Gipam), que reúne órgãos de segurança pública e agências ambientais, que participam ativamente na seleção dos alvos das operações.

Estão presentes à mesa de decisões do Gipam o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o Serviço Florestal Brasileiro (SFB), o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a Polícia Federal (PF), a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a Agência Nacional de Mineração (AMN), a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Cada um desses órgãos compartilha suas competências e seus conhecimentos específicos, que multiplicam as capacidades do conjunto para conter as agressões ao meio ambiente. Um esforço que custa trabalho duro, ininterrupto, mas de grande valor.

O Brasil reconhece a relevância da conservação ambiental para o controle do clima em todo o mundo. O governo federal entende as pressões de toda ordem que são exercidas sobre a nossa Amazônia e atua exatamente para regular o uso sustentável da floresta e conter ilícitos.

As Forças Armadas compreendem o momento de dificuldades múltiplas que o País enfrenta, tensionado por uma pandemia que entra nos lares e desestabiliza a vida das famílias, trazendo consequências sanitárias e, principalmente, sociais. Nesse cenário, cabe aos militares empenhar energias e capacidades num esforço conjunto com a Nação para fazerem parte das soluções.

A Amazônia é motivo de atenção justamente por existir até hoje. Por ela ter sido preservada. Esse, sim, é um feito dos brasileiros.

Fernando Azevedo e Silva

MINISTRO DE ESTADO DA DEFESA

PUBLICADO EM:    ESTADÃO       MSN NOTÍCIAS