A Amazônia passa anualmente por um período de estiagem que, aliado a tradições culturais, aumenta o número de queimadas. Em 2005, Carlos Portela Eduino publicou a seguinte texto no jornal O Alto Acre, na região de Epitaciolândia e Brasileia/AC. O texto continua atual.
Produzir queimadas é uma prática comum e o meio mais viável em terras acreanas para o controle de pragas, limpeza de áreas para o plantio de alimentos e renovação de pastagem com a eliminação de animais peçonhentos.
As queimadas provocadas por pequenos agricultores, tem sido a maior causa de incêndios florestais, acontecimentos esses jamais vistos no nosso estado, que é a mata pegando fogo.
Se de um lado as queimadas facilitam a vida dos agricultores, trazendo benefícios em curto prazo, por outro lado, causam o empobrecimento do solo, provocando um aumento da erosão por ocasião das chuvas; ocorre, também, pouco a pouco, a diminuição das águas dos igarapés e fontes naturais. Sendo ainda que a fumaça, junto com nuvens de poeiras de muitas ruas, estradas e ramais, bloqueia em muito a luz solar, diminuindo as chuvas, além de causar muitos transtornos à nossa sociedade quando ocasiona doenças respiratórias, acidentes nas estradas, perda de patrimônios, etc.
Até quando vamos esperar a prática de uma nova cultura (para o nosso estado); aquelas que apresentem alternativas e facilidades para que não seja preciso mais a utilização de queimadas?
Programas já existem com este fim, principalmente objetivando estruturar uma economia de base rural e florestal, promovendo umas novas infraestruturas urbanas, rurais e o desenvolvimento econômico-social.
Vários já foram os grandes financiamentos (BNDES, BID, GOVERNO FEDERAL E ESTADUAL) liberados para o estado proporcionar melhores condições à sociedade rural; como bons ramais, tratores para destoca e aragem, boas pontes nos ramais, caminhões para atenderem as comunidades, açudagens, etc.
Mas às margens das estradas, rodovias e ramais, só o que vemos são campos utilizados para a criação do que é mais fácil (gado); longe, sem a infraestrutura, devido às condições e forma de cultura, temos os pequenos agricultores que findam derrubando a mata, utilizando a terra apenas para produzir uma safra, criando campos para pastagens. Devido às más condições dos ramais e ausência deles, escolas, postos de saúde, escoação de produtos, etc., findam vendendo seus lugares que, em pouco tempo, estão em mãos de poucos com poder aquisitivo. Isso tudo causado pela malversação do dinheiro público.
“Quando deveria o pequeno agricultor, com menos terra e mais tecnologia, viver às margens das estradas e ramais em comunidades; pois os fazendeiros têm melhores condições de ficar mais afastados, porque necessitam de apenas uma família para cuidar de centenas de hectares de pastagens”.
CARLOS PORTELA EDUINO
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