Devastação da Amazônia no primeiro ano de Bolsonaro foi de 10,1 mil km2, alta da 34%.

Imagem: Inpe – TerraBrasilis (inpe.br)

DO OC – A taxa de desmatamento na Amazônia em 2019 ultrapassou a marca simbólica dos cinco dígitos e foi a 10.129 quilômetros quadrados. É o que mostra o dado consolidado do sistema Prodes, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), divulgado nesta terça-feira (9).

Com isso, a elevação em relação ao ano anterior passa a ser de 34%. É a maior alta percentual neste século e a maior taxa desde 2008.

No ano passado, o Inpe havia divulgado uma estimativa de 9.762 km2 (alta de 29% em relação a 2018), com base em 99 imagens de satélite que cobriam mais de 90% da área com alertas de desmatamento.

A taxa consolidada é resultado do processamento de todas as 299 imagens de satélite nas quais a Amazônia é “fatiada” pelo sistema. A taxa consolidada é um trabalho demorado, por isso só é conhecida no ano seguinte. Para efeito de políticas públicas, a estimativa é um bom termômetro.

O desmatamento é medido sempre de agosto de um ano a julho do ano seguinte. Assim, a taxa de 2019 compreende o período da campanha eleitoral e os primeiros seis meses do governo Bolsonaro. A de 2020 encerrará seu período de apuração em julho.

Em 2019, os Estados que tiveram maiores altas foram Roraima (203%), Acre (54%) e Pará (52%). É no Pará o município mais desmatado de 2019, Altamira, que sozinho perdeu o equivalente a duas cidades de São Paulo em florestas. No Acre, o governador Gladson Cameli (PP) ficou famoso no ano passado por dizer a produtores rurais que não pagassem multas ambientais. O Acre foi também um dos Estados mais afetados pelas queimadas em 2019.

O desmatamento em terras indígenas cresceu 90%, na esteira do discurso do presidente Jair Bolsonaro de que abriria essas áreas ao garimpo e a outras atividades econômicas. As mais desmatadas foram Cachoeira Seca, Apyterewa e Ituna-Itatá, no Pará, todas elas alvo de uma operação do Ibama contra o garimpo e a grilagem neste ano – que resultou na demissão da cúpula da fiscalização do órgão.

No mesmo dia em que o Inpe divulgava seus dados, o atual “czar” da Amazônia, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB), disse em reunião ministerial que o desmatamento “caiu ao mínimo” em maio comparado com os anos anteriores. Só que não: dados do sistema Deter mostram que maio de 2020 teve a segunda maior área de alertas medida nos últimos cinco anos, perdendo apenas para 2019. O segundo lugar ainda pode virar primeiro, já que, no fechamento deste post, ainda faltavam três dias para fechar a série do mês.

PUBLICADO EM: OBSERVATÓRIO DO CLIMA  –  OC