Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em apenas dez meses, os alertas de desmate da Amazônia já respondem por 92% do observado nos 12 meses anteriores.

(Foto: Divulgação/Ibama)

São Paulo – Nos cinco primeiros meses deste ano, o desmatamento na Amazônia foi 22% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado, segundo o sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A perda foi de 1.844 km², ante 1.512 km² de janeiro a maio do ano passado. O total desmatado neste ano é o maior para o período de 5 meses desde 2015.

Em apenas dez meses, os alertas de desmate da Amazônia já respondem por 92% do observado nos 12 meses anteriores. Entre agosto do ano passado até 28 de maio deste ano, o Deter divulgou alertas para a derrubada de 6.309 km². Nos 12 meses anteriores (agosto de 2018 a julho de 2019), foram 6.844 km².

O dado mantém um cenário de alta que se instalou na Amazônia há um ano. Com agravante de que junho e julho são tradicionalmente meses que trazem as maiores taxas de desmatamento, o que indica que o período atual de 12 meses deve ter devastação ainda mais elevada do que a do ano passado.

O Deter é um sistema de monitoramento por satélite em tempo real, voltado para alertar a fiscalização a combater crimes ambientais em campo. Não serve como taxa oficial de desmate, mas é um bom termômetro da situação.

Por ser muito dinâmico, acaba sujeito a uma baixa visibilidade quando há muitas nuvens, e nem sempre consegue ver tudo, mas a tendência apontada por ele normalmente é confirmada depois pelo Prodes, sistema que traz os dados anuais oficiais de desmatamento. O Prodes mede o que foi perdido na floresta entre agosto de um ano e julho do ano anterior.

Enquanto o Deter alertou, no passado, os 6.844 km², o Prodes depois bateu o martelo: foram devastados 9.762 km², a taxa mais alta desde 2008. Se em maio, segundo o Deter, 2020 já quase alcançou 2019, é de se imaginar que o Prodes também virá com uma taxa ainda mais alta que a do ano anterior.

O aumento já havia motivado a Justiça do Amazonas a determinar que órgãos ligados ao governo federal, como Ibama, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e Funai adotem, imediatamente, ações de comando e controle para conter ações de desmatamento na Amazônia.

Pandemia

Estados amazônicos são alguns dos mais afetados pela pandemia, mas isso não impediu o avanço de criminosos. Tribos indígenas estão sendo contaminadas, em parte, por garimpeiros ilegais. Estudo do Instituto Socioambiental (ISA) em parceria com a Universidade Federal de Minas (UFMG), com revisão da Fiocruz, estima que quase 40% dos ianomâmis que vivem perto de áreas de garimpo ilegal na Terra Indígena Ianomâmi podem ser contaminados pela covid-19. A terra indígena têm hoje cerca de 20 mil garimpeiros ilegais em sua área. Conforme o ISA, três ianomâmis morreram da doença e há 55 infectados entre os ianomâmis e os ye’kwana.

PUBLICADO EM:    D24AM