São 25 leitos exclusivos para indígenas da região, além de três Unidades de Cuidados Intermediários (UCI) que foram adaptadas
Comunidades da Terra Indígena do Vale do Javari, segunda maior área indígena do Brasil, que compreende grande parte do município de Atalaia do Norte (AM), passam a contar com uma ala exclusiva para atendimento de pacientes indígenas com COVID-19.
O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), e em parceria com o governo do Amazonas e do município de Atalaia do Norte, inauguraram nesta quinta-ferira (18/06), 25 leitos exclusivos para indígenas, além de três Unidades de Cuidados Intermediários (UCI) que foram adaptadas no Hospital Municipal de Atalaia do Norte, unidade que é referência de atendimento em toda a região. Ao todo, uma população aldeada de cerca de sete mil indígenas, será beneficiada com a iniciativa.
A Unidade também contará com o “Espaço Maloca” que terá 10 leitos dos 25 exclusivos para indígenas. O espaço fica localizado nas dependências do hospital, adaptado especialmente para as populações indígenas, que conta com armadores de redes, respeitando os hábitos culturais locais. Por ser uma área adaptada, poderá receber a visita de pajés para a realização de rituais nos pacientes. Iniciativas como essa qualificam o atendimento de pacientes indígenas com COVID-19 na região do extremo norte do Amazonas.
Essa ala indígena soma-se às alas já inauguradas em Manaus, em Macapá e em municípios do Pará. A abertura de alas indígenas garante que mais leitos estarão disponíveis para receber pacientes indígenas que apresentem quadros mais graves da COVID-19, desafogando os hospitais municipais e estaduais envolvidos no combate à pandemia.
MISSÃO NA REGIÃO AMAZÔNICA
A inauguração da ala indígena faz parte de uma missão interministerial na região do extremo norte do Amazonas que acontece ao longo desta semana. A missão, coordenada pelos Ministérios da Saúde e Defesa, levou profissionais de saúde e cerca de 70 mil itens de proteção individual e insumos médicos para reforçar a assistência à saúde na região do Vale do Javari no enfrentamento à Covid-19.
Ao todo, 23 profissionais de saúde do Hospital das Forças Armadas foram reforçar o atendimento aos indígenas na região junto às Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, que já atendem a população local. Entre eles estão um médico obstetra, um endocrinologista, um cirurgião geral, um ginecologista, um gastroenterologista, um anestesista, seis médicos clínicos, oito técnicos em enfermagem e três enfermeiros.
Também foram entregues 16 ventiladores pulmonares e testes rápidos para diagnóstico da Covid-19 ao Hospital Municipal de Atalaia do Norte e ao Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Vale do Javari. Os cerca de 70 mil itens incluem: 30,3 mil máscaras cirúrgicas, 16 mil toucas, cerca de 12 mil aventais descartáveis, 400 unidades de máscaras N95, 3 mil aventais impermeáveis, 540 unidades de álcool etílico 70%, 1.320 unidades de testes rápidos para COVID-19, 300 protetores faciais, 500 unidades de macacões de proteção, além de medicamentos, como paracetamol, amoxicilina, ibuprofeno, entre outros.
SAÚDE INDÍGENA
O Ministério da Saúde vem garantindo assistência aos mais de 750 mil indígenas brasileiros aldeados durante a pandemia da COVID-19. São ações de informação, prevenção e combate ao coronavírus, orientando comunidades indígenas, gestores e colaboradores em todo o Brasil. Já foram destinados mais de 600 mil Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), insumos em saúde e medicamentos aos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) de todo o país.
Ao longo do período da pandemia, o Ministério da Saúde tem desenvolvido estratégias para aprimorar o atendimento e uma das mais recentes é a criação da Unidade de Atenção Primária Indígena (UAPI). As unidades vão fortalecer os serviços de atenção primária à saúde indígena no atendimento desta população proporcionando o acolhimento dos casos suspeitos de Síndrome Gripal (SG) e identificação precoce de casos de COVID-19. O investimento soma cerca de R$70 milhões em ações para proteger as mais de 5,8 mil aldeias espalhadas pelo país de 305 etnias.
Por Tinna Oliveira, da Agência Saúde