A Sesai diz que o grupo, que inclui uma agente indígena de saúde, está sendo monitorado 24 horas e “todos passam bem de saúde”.

Imagem da aldeia Tikuna que está sendo monitorada – Foto: Secretaria Municipal de Saúde de Santo Antônio do Içá

A Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) confirmou nesta segunda-feira (06) que mais três indígenas da etnia Kokama, no município de Santo Antônio do Içá (AM), testaram positivo para a Covid-19, o novo coronavírus. Com o diagnóstico, sobe para quatro o número de indígenas infectados com o novo coronavírus na região do Alto Rio Solimões, no Amazonas.

O secretário de Saúde de Santo Antônio do Içá, Francisco Azevedo, disse à agência Amazônia Real que os indígenas com o novo coronavírus da etnia Kokama são: uma mulher de 38 anos, um bebê de 1 ano e dois meses, e um homem de 37 anos.

A transmissão de coronavírus em indígenas no Amazonas começou no dia 19 de março, quando o médico Matheus Feitosa fez atendimento, contaminado pela doença, e trabalhou com profissionais de saúde, entre enfermeiros, técnicos em enfermagem e agentes indígenas de saúde. Ao confirmar o caso com o médico, a Sesai passou a monitorar uma aldeia de outra etnia, os Tikuna, onde o profissional trabalhou.

Em 25 de março uma Agente Indígena de Saúde (AIS), que trabalhou com o médico, testou positivo para a Covid-19. Do povo Kokama, a jovem de 20 anos teve contato com sete pessoas, dentre eles, os três indígenas agora infectados: a mulher de 38 anos é sua mãe e o homem adulto, seu primo; o bebê é filho da Agente Indígena de Saúde. O caso da jovem foi o primeiro de coronavírus em indígenas brasileiros.

Dos testes realizados pela Sesai em pessoas que tiveram contato com a jovem, quatro foram descartados para Covid-19. O órgão informou que ela e os outros três parentes estão sendo monitorados 24 horas e todos “passam bem de saúde”.

Os três Kokama, que são parentes da Agente Indígena de Saúde, vivem na aldeia São José, localizada no município de Santo Antônio do Içá (a 878 quilômetros de Manaus). Não há informação de outras pessoas com suspeitas da doença na aldeia.

Na cidade de Santo Antônio do Içá há ainda duas pessoas não indígenas com o novo coronavírus que tiveram contato com o médico Matheus Feitosa, antes dele entrar no isolamento, por conta própria, no dia 19 de março. Neste mesmo dia, pela manhã, e atendeu dez indígenas do povo Tikuna da aldeia Lago Grande. A Sesai diz que a aldeia está sendo monitorada e não há registro do novo coronavírus na terra indígena.

Comunidade indígena Tikuna está sendo monitorada pela Sesai (Foto: Secretária Municipal de Saúde de Santo Antônio do Içá)

O médico Matheus Feitosa faz parte da equipe de profissionais do Distrito de Saúde Indígena (Dsei) Alto Solimões, cuja atuação abrange 237 aldeias.

Ao divulgar em sua rede social que estava contaminado pelo novo coronavírus, o médico contou que recebeu o resultado do exame no dia 25 de março e disse como teria contraído a doença.

“Acredito ter contraído o vírus durante minha viagem aos estados de Santa Catarina e Paraná, ou ainda durante minha viagem de lancha até Santo Antônio do Içá”, disse na mensagem.

Em outro trecho da mensagem, o médico diz que tomou cuidado para evitar o contágio da gripe. “No dia 18 de março de 2020, onde até então estava assintomático, tive um pouco de tosse, onde prontamente fiz o uso de máscara e todos os protocolos de higienização durante meus atendimentos a fim de evitar qualquer contaminação aos meus pacientes. No dia 19 pela manhã, senti febre. E prontamente me isolei em casa. Onde estou até hoje 25 de março de 2020, data do resultado positivo do teste”, relatou o médico Matheus Feitosa. A reportagem tentou localizar o médico para entrevistá-lo, mas a Sesai não forneceu o contato dele.

A confirmação do primeiro caso de Covid-19 em Santo Antônio do Içá levou o prefeito Abrahão Magalhães Lasmar (PSD) a decretar toque de recolher à população, que tem 32 mil pessoas. A medida prevê que todos fiquem em casa das 22h às 6h, sob pena de multa de R$ 300. Durante o dia, diz o prefeito, os moradores são obrigados a usar máscara cirúrgica. “Com o toque de recolher, vamos evitar que ele se propague. Ninguém vai sair de casa à noite durante os próximos 15 dias”, disse.

O que é o novo coronavírus?

Profissionais fazem exames para diagnóstico da Covid-19 (Foto:Hugo Tomkiwitz/Agência Belém)

Segundo a OMS, o novo coronavírus, o SARS-CoV-2, faz parte de uma família de vírus que causa infecções respiratórias e foi identificado em 31/12/19, após casos registrados na China. Ele provoca a doença Covid-19.

A contaminação pela Covid-19 se espalha de maneira semelhante à gripe, pelo ar após a tosse, coriza e a liberação de gotículas de quem está infectado.

Os sintomas são: febre, tosse, coriza e dificuldade para respirar. Procurar uma unidade de saúde é a primeira atitude a tomar neste caso.

O quadro da pessoa infectada com o coronavírus pode se agravar para uma pneumonia, o que exige a internação do paciente.

Pessoas com mais de 50 anos de idade estão mais vulneráveis, principalmente os idosos.

Quem está com o sistema imunológico debilitado e possui doenças crônicas, como as cardiovasculares, diabetes ou infecções pulmonares também pode adoecer gravemente.

Medidas como fazer uma quarentena voluntária em casa tem sido a melhor forma de combater a disseminação da doença no mundo.

Por: | 07/04/2020 às 00:44   

PUBLICADA POR: AMAZÔNIA REAL 

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