Em meados de março, diante da declaração de pandemia da doença do novo coronavírus (Covid-19) pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e do crescente número de casos de infecção no Brasil, o Centro de Trabalho Indigenista decidiu suspender todas as atividades com a presença de nossa equipe nas aldeias dos diferentes povos indígenas com os quais trabalhamos em parceria.
Passados 30 dias, anunciamos a extensão da suspensão de tais atividades até que as medidas de restrição de circulação não sejam mais necessárias e que a segurança das comunidades indígenas esteja assegurada. Ficaremos atentos às orientações da OMS e à evolução dos casos de Covid-19 em comunidades indígenas para balizar nossas decisões.
Com tal medida visamos preservar as comunidades indígenas que neste momento começam a contabilizar o aumento de casos nas aldeias. O boletim da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde, até quarta-feira (15/4) registrou três óbitos de indígenas diagnosticados com a doença do novo coronavírus (Covid-19), dois deles no Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Alto Solimões e um no Dsei Yanomami. Trata-se de um senhor de 78 anos do povo Tikuna, uma mulher adulta de 44 anos do povo Kokama e um jovem yanomami de 15 anos.
A Sesai contabilizou até o momento 23 casos confirmados de contaminação, sendo quase todos no estado do Amazonas. São oito no Dsei Alto Solimões, 12 no Dsei de Manaus, um no Dsei Médio Purus, e um no Dsei Parintins. No total 22 casos se concentram no Amazonas. O único caso confirmado fora do Amazonas é o do jovem yanomami que veio a óbito.
Importante ressaltar que a Sesai não está contabilizando os casos de indígenas em contexto urbano, sob o argumento de que tais casos seriam atendidos pelos serviços convencionais do Sistema Único de Saúde. Sabe-se de pelo menos outras duas mortes de indígenas que viviam em contexto urbano e foram diagnosticados com a doença do novo coronavírus.
Reforçamos a importância de que lideranças indígenas também restrinjam sua circulação nas cidades próximas das aldeias, evitando sempre que possível, para que também não se tornem transmissores do coronavírus.
Nesse mesmo sentido, sugerimos a todas as organizações indígenas parceiras do CTI o adiamento de suas atividades, em especial as que implicam em aglomerações, tais como assembleias, reuniões e mutirões.
Com intuito de colaborar com as comunidades indígenas no enfrentamento a pandemia de Covid-19 o CTI tem atuado em fóruns da sociedade civil organizada e cobrado medidas dos órgãos públicos. Nesse mesmo sentido voltamos nossos esforços de comunicação para fazer chegar nas aldeias informações confiáveis e de relevância. Também estamos apoiando as diversas campanhas encampadas pelos povos indígenas para garantir segurança alimentar a suas comunidades. Por fim, com a prorrogação da suspensão das atividades estamos reelaborando nossos planejamentos para garantir outras formas de apoio nas aldeias sem a necessidade de deslocamento de equipes.
Centro de Trabalho Indigenista, 16 de abril de 2020
FONTE: CTI – Notícias
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