Instalações que acolheriam a 26ª Conferência das Partes sobre a Mudança Climática em Glasgow são transformadas em enfermarias; secretário-geral da ONU apoia decisão do Reino Unido e da Unfccc diante do combate ao novo coronavírus.
A 26ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudança Climática, COP26, foi adiada para data a anunciar em 2021 por causa da pandemia de coronavírus.
Mais de 30 mil representantes do mundo deviam se reunir na sessão que estava marcada para novembro na capital escocesa, Glasgow. No encontro seria discutido o aumento das promessas de redução de emissões.
Hospital de campanha
De acordo com as autoridades do Reino Unido, o edifício que acolheria o evento está sendo convertido em um hospital de campanha para tratar pacientes com covid-19.
Para o presidente da COP26, Alok Sharma, a decisão de redefinir as datas da reunião se deve ao desafio global sem precedentes para o qual “os países estão concentrando seus esforços, de forma correta, em salvar vidas e combater a covid-19.”
Já a secretária executiva da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudança Climática, Unfccc, Patrícia Espinosa, disse que essa é a “ ameaça mais urgente que a humanidade enfrenta”. A representante realçou, no entanto, que “não se pode esquecer que a mudança climática é a maior ameaça que a humanidade enfrenta a longo prazo”.
Por causa da pandemia, também foi adiada a sessão preparatória de negociações da COP26 que estava marcada para a primeira quinzena de junho. A reunião será realizada em outubro na sede da Unfccc em Bona, Alemanha. Esse período deve ser revisto em agosto.
Prioridade
O secretário-geral das Nações Unidas disse apoiar a decisão tomada pelo Reino Unido e pela Unfccc quando centenas de pessoas estão doentes e muitas mortes acontecem devido à covid-19. Em nota, António Guterres destaca que a necessidade de suprimir o vírus e proteger vidas é agora a principal prioridade.
O chefe da ONU sublinha que devem continuar os esforços para aumentar a ambição e a ação em relação à mudança climática, sobretudo enquanto os países tomam medidas para se recuperar da situação do novo coronavírus.
O secretário-geral afirmou ainda que a “ciência do clima não mudou, as emissões estão agora em um nível recorde e os impactos estão se multiplicando e aumentarão os desafios socioeconômicos que essa crise irá intensificar.”
Para António Guterres, a crise reforça a importância da ciência e das evidência que guiam políticas dos governos e a tomada de decisões.
Economia
O chefe da ONU apontou que o campo científico deixa claro que “o comportamento humano está alterando a capacidade reguladora do sistema da terra, afetando vidas e meios de subsistência, desde a saúde à economia global.”
Para o secretário-geral, a atual crise é também um exemplo de como os países, as sociedades e as economias vulneráveis estão diante de ameaças existenciais.
Guterres afirmou que os países devem trabalhar para proteger a saúde das pessoas e o planeta que nunca esteve tão em risco. Ele defendeu que é preciso solidariedade e maior ambição para fazer a transição para uma economia de baixo carbono sustentável e resiliente que limite o aquecimento global a 1,5 º C.
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