Apenas 30 pessoas, entre homens, mulheres, adultos e crianças foi o que restou de uma nação indígena isolada que já chegou a ter mais de 300 membros vivendo em uma área de floresta intocada, nas cabeceiras do rio Envira, região fronteiriça do Brasil com o Peru, no município de Feijó, interior do estado do Acre.

FONTE: GOOGLE MAP

O restante da tribo foi toda morta a tiros de rifle ao longo da década passada por mercenários pagos por empresários peruanos que querem afastar os índios “bravos” para intensificarem a exploração ilegal de madeira na região.

A historia dos massacres foi relatada pelos próprios sobreviventes ao cacique Carlos Brandão, da Aldeia Morada Nova, durante a estadia de cinco deles na casa de Carlos Brandão na cidade de Feijó (AC).

“Eles contaram para nós que vivem mudando de lugar para não serem localizados por pessoas estranhas que rastreiam eles para matá-los. É gente que vem lá das cabeceiras do rio cortar arvores do lado de cá do Brasil”, diz o cacique.

As historias contadas pelos “isolados” não é muito diferente do que acontecia no Acre no Século passado quando grandes pecuaristas financiavam expedições de jagunços para percorrerem as terras a serem ocupadas pela criação de gado e matar todos os índios que estivessem ali.

“Muitas vezes a gente foi acordado por um monte de homens cercando nossas casas e atirando na gente. Quem conseguia sair correndo não mais voltava àquele local”, teria dito um dos índios ao cacique Carlos Brandão.

Os sobreviventes de cada massacre se reagrupavam em outro lugar e tratavam de se distanciar da direção de onde vieram os assassinos. Foi assim que eles cruzaram a fronteira do Peru e adentraram na terra indígenas dos Kampa/ashaninka, já do lado brasileiro.

O pequeno grupo de sobreviventes foi descoberto em setembro de 2014, num sobrevoo nas coordenadas do oeste da Amazônia brasileira, pela Fundação Nacional do Índio, FUNAI. Um fotojornalista acreano conseguiu fotografá-los e comprovar a existência deles vivendo de maneira totalmente primitiva, debaixo da floresta.

As imagens feitas pelo fotografo acreano Gleylson Miranda mostram quatro integrantes da etnia armados com flechas em posição de defesa de suas moradias apontando as armas para o avião.

Pelas fotos dá para perceber que eles não usam roupas, utilizam armas artesanais, constroem suas casas com material da própria floresta e vivem mudando de local.

“Eles são povo nômade que vivem se mudando por causa da perseguição do homem branco que entra no território de domínio deles para caçar, tirar madeira e até traficar droga de um país para outro por dentro da mata”, afirma o cacique da aldeia Morada Nova.

Em janeiro deste ano Carlos Brandão hospedou 5 indignas da tribo dos isolados do alto rio Envira em sua casa, na aldeia Morada Nova, localizada  enfrente ao porto da cidade de Feijó, no interior do Acre.

Eles vieram conhecer a cidade a convite do cacique, sobre fiscalização da FUNAI, mediante a manifestação de interesse deles em ter contato com a cultura do homem branco.  Entre os que vieram conhecer a cidade estava um dos que aparecem na foto aérea feita pela FUNAI em 2014.

“Ele não tem nome no idioma português, só na língua deles. Sobre o dia em que o avião da FUNAI sobrevoo a casa deles esse isolado me contou que a tribo inteira ficou muito assustada porque, até então, não sabiam o que era aquilo e nem o que queriam com eles voando tão baixo”. Disseram

O cacique Carlos Brandão, disse ainda, ao Acjornal, que todo o relato de massacre a esse povo indígena isolado do rio Envira esta registrado em documentos na Fundação Nacional do Índio em Rio Branco, capital do Estado do Acre.

Sobre o modo de vida deles na floresta, também, existem registros documentais na FUNAI de que eles não conhecem sal e nem açúcar, possuem alguns facões porque, provavelmente, se apropriaram dos utensílios deixados nos acampamentos dos madeireiros.

Carlos Brandão não soube informar ao Acjornal se os índios isolados fazem uso do fogo para preparar seus alimentos. “Poxa vida, esqueci de perguntar isso a eles”, lamentou o cacique da aldeia Morada Nova.

Os cinco índios isolados passaram um mês na cidade e depois foram levados de volta para a floresta por agentes da Fundação Nacional do Índio.

O órgão busca na lei brasileira e na diplomacia peruana amparo, legal, para proteção aos povos indígenas isolados recém descobertos nas cabeceiras do rio Envira, no interior do Acre, região fronteiriça do Brasil com o Peru.

FONTE: ACJornal

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