Modelos climáticos e estudos das mudanças na Amazônia estão levando cientistas a prever a savanização irreversível da floresta. A não ser que se tomem medidas imediatas, estima-se que de 50 a 70% da Floresta Amazônia possa se transformar em savana nos próximos 50 anos.

Esse desastre ecológico provocaria uma liberação de grandes quantidades de carbono armazenado na vegetação, levando a uma catástrofe climática. A transformação está sendo desencadeada por diversos fatores que estão tornando a região mais árida, entre eles o avanço crescente do desmatamento, o aumento dos incêndios florestais e as mudanças climáticas em escala regional e global.

Embora modelos climáticos tenham sido os primeiros a dar indício do chamado tipping point – um ponto crítico de devastação irreversível da floresta –, agora eventos reais na região causam ainda mais preocupação. Nas últimas décadas, a Amazônia ficou mais quente e seca, além de queimar com mais velocidade. Espécies de plantas adaptadas ao clima úmido estão morrendo, enquanto espécies resistentes à seca prosperam. E o desmatamento voltou a crescer depois de 11 anos.

Cientistas argumentam que esse estado crítico pode ser revertido com fortes políticas ambientais. No entanto, o presidente Jair Bolsonaro está caminhando na direção oposta, com planos de desenvolver economicamente a Amazônia. Seu governo planeja abrir reservas indígenas para a mineração e o agronegócio, além de construir hidrelétricas, estradas e outras obras de infraestrutura.

As árvores da Amazônia podem não morrer imediatamente em uma seca grave, mas árvores enfraquecidas podem morrer muitos anos depois, mesmo depois de vários anos de chuvas regulares. Foto: NASA/JPL-Caltech