Pesquisa desenvolveu novas aplicações para parte do fruto do açaí que era descartada. Processo de obtenção da patente levou pouco mais de um ano.

Carta patente do INPI e processos de obtenção de açúcares da semente do açaí, que corresponde a 90% do fruto

Uma pesquisa sobre a obtenção de novos açúcares da semente do açaí garantiu ao Instituto Nacional de Tecnologia (INT), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), a primeira patente dentro do programa Patentes Verdes, do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). O programa, que prioriza o exame de pedidos de patentes de tecnologias relacionadas ao meio ambiente, acelera a concessão para que sejam rapidamente utilizadas pela sociedade. Com isso, o intervalo de tempo entre o pedido e a publicação da carta patente foi de pouco mais de um ano.

Com o título “Processo de obtenção de manana, manano-oligossacarídeos e manose a partir de sementes de palmeiras do gênero euterpe”, a patente (BR 10 2018 067282 7) partiu da identificação da composição da semente dos frutos açaí e juçara, realizada no Laboratório de Biocatálise do INT. O projeto foi desenvolvido pela pesquisadora Ayla Sant’Ana e equipe, com  apoio do Instituto Serrapilheira. A pesquisa foi selecionada em duas etapas da 1ª Chamada Pública de Pesquisa Científica da organização, a última com financiamento de R$ 1 milhão.

Uso na indústria

Correspondendo em média a 90% do fruto, a semente do açaí é descartada após a produção da polpa, o que gera mais de 1 milhão de toneladas de resíduos por ano. A identificação da manana, manano-oligossacarídeos e manose – que na maioria dos resíduos agroindustriais disponíveis em abundância são encontradas em baixa quantidade – garantiu novas perspectivas para a aplicação dessa biomassa residual.

Foram desenvolvidos no estudo e protegidos pela patente os processos para obtenção desses açúcares, que incluem: moagem das sementes; hidrólise (quebra de parte das moléculas) do material moído; separação das frações líquida e sólida; e tratamento da parte sólida. De alto valor para a indústria, os carboidratos obtidos podem ser usados na produção de gomas espessantes, compostos prebióticos, fármacos e precursores de vários produtos químicos.

Além da pesquisadora Ayla Sant’Ana, estão registrados como inventores na patente a bolsista de mestrado Ingrid Santos Miguez e os ex-colaboradores João Pedro R. Barros da Silva, bolsista do Programa de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI/CNPq), e Alvaro Ferreira Monteiro, estagiário do convênio com o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE).

(Divisão de Comunicação do INT – DICOM)

FONTE: MCTIC