Agricultores de Cruzeiro do Sul e Mâncio Lima (AC) receberam, na semana passada, os resultados das primeiras análises realizadas em 43 amostras de farinha de mandioca. Seis meses após a primeira devolutiva dos resultados e com pequenos ajustes, a maioria das amostras, 70%, já se enquadra no tipo 1, de acordo com a legislação vigente.
Em abril, quando o trabalho começou, apenas 13% foram classificadas como do tipo 1.
De acordo com a pesquisadora da Embrapa Acre, Virgínia Álvares, são avaliados aspectos bem específicos como acidez, teor de fibra bruta e umidade, entre outros. “Por ser um produto artesanal, ainda há alguns aspectos para se adequarem à legislação. O processo não é totalmente padronizado e há grande variabilidade nas características físico-químicas, não se controlando a temperatura do forno ou a malha da peneira, por exemplo. Mas esse saber-fazer diferenciado é que justifica a obtenção do selo de Indicação Geográfica. Nosso objetivo com essa iniciativa não é padronizar, mas apenas dar recomendações para que o produto esteja de acordo com os parâmetros definidos pela legislação”, explica.
Para o agricultor José do Nascimento Araújo, conhecido como Lira, foi bom saber como está a classificação da farinha que produz. “Agora vou trabalhar para adaptar a infra-estrutura ou o processo de produção e melhorar ainda mais. Muito interessante ver o laudo porque eu não tinha essa noção tão bem definida”, disse. Lira foi um dos produtores rurais contemplados pelo Governo do Acre com kits de equipamentos para incrementar a casa de farinha, inclusive um forno mecânico.
Interação
A devolutiva dos resultados é uma forma de interação com a comunidade produtora de farinha do Juruá . “É muito importante estabelecer esse diálogo com os agricultores para valorizar ainda mais o conhecimento deles e modo de fazer da farinha de Cruzeiro do Sul”, afirma Alvares. Essa prerrogativa está alinhada aos conceitos e objetivos do Projeto Integrado da Amazônia, executado com recursos do Fundo Amazônia e gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
As análises serão realizadas até 2021 e integram as atividades do projeto “Consolidação da Indicação Geográfica “Cruzeiro do Sul” como estratégia para o desenvolvimento rural da Regional Juruá”, desenvolvido pela Embrapa em parceria com Serviço Nacional de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae), Superintendência Federal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e contempla ainda outras ações. Uma delas é a elaboração do Plano de Controle da Farinha, que será validado pelos agricultores e aborda aspectos como amostragem para classificação, papel dos atores no processo de qualificação da IG, rastreabilidade, triagem, rotulagem, dentre outros.
“Esse documento é importante porque é a garantia que o produto vai ter qualidade, será monitorado e terá rastreabilidade. Já que a fama é vinculada ao território, é necessário esse controle de qualidade para evitar fraude no processo”, afirma Álvares. A equipe do Sebrae está elaborando a Normativa do Conselho Regulador, que prevê o que Conselho Regulador executa, o que cabe ao agricultor, o papel da instituição representativa dos agricultores e das organizações parceiras. O Conselho Regulador é responsável pela gestão do selo da Indicação Geográfica e se reúne regularmente. Já foram realizadas 5 reuniões em 2019 com representantes dos agricultores e das instituições parceiras.
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