Cerca de 80 indígenas de recente contato do povo Awa construiram, junto à Frente de Proteção Etnoambiental Awa, estratégias de ocupação e proteção do território indígena. O I Encontro para Construção do Plano de Ocupação da Terra Indígena (TI) Awa ocorreu no município de São João do Caru/MA, entre os dias 20 e 30 de setembro e mobilizou os indígenas habitantes das TI Awa, Caru e Alto Turiaçu.
Equipes formadas por servidores da Frente de Proteção, Coordenação-Geral de Índios Isolados e de Recente Contato (CGIIRC) e indígenas realizaram ações de monitoramento terrestre e aéreo em que foi possível identificar regiões de vulnerabilidade e atividades ilícitas na área. Os Awa também fizeram, de forma autônoma, andanças e incursões no território, ocasiões em que desenvolveram práticas tradicionais de caça, pesca e coleta de frutos. Assim, puderam verificar as potencialidades da Terra Indígena e possíveis locais para estabelecimento de futuras aldeias.
Para Tatutxa Awa-Guajá, liderança principal de umas das aldeias da TI, as atividade serviram de base para reflexões e novas ideias. “Nós fomos andando dentro da mata e vimos muitas coisas. A gente quer ocupar nosso território, fazer nossas moradias. Tem muitos açudes velhos que podemos renovar, vimos pés de laranja, de caju. Vimos muitos gados que estão entrando nas nossas terras. Precisamos de ajuda com a fiscalização da Funai, da Polícia Federal, do Ibama porque nós fazemos apenas a vigilância”, explica.
“A ocupação efetiva da área tem que partir dos indígenas, mas entendemos a necessidade da Funai fomentar essas atividades, então tivemos uma série de conversas entre as aldeias antes da construção do Plano de Ocupação. Agora, nós sistematizamos os assuntos abordados nessas conversas para colocarmos no papel como os Awa pensam o próprio território”, comenta Bruno Silva, coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental Awa.
De acordo com Silva, o protagonismo indígena em percorrer a área satisfez as expectativas da equipe técnica. “Eles mesmos escolheram os locais que queriam adentrar e se envolveram com a região, isso mostra que têm essa preocupação com a proteção da área e com seu usufruto”, aponta o coordenador.
O encontro contou com o apoio das atividades previstas no Plano Básico Ambiental – Componente Indígena Terras Indígenas Caru e Pindaré, no âmbito do empreendimento da Duplicação da Estrada de Ferro Carajás, da empresa Vale S/A, executado pelo Instituto Sociedade, População e Natureza.
Como resultado desta agenda, foi elaborado um relatório no qual consta o Plano de Ação, com a definição das ações prioritárias para serem executadas no âmbito do Plano de Ocupação até o final de 2020, distribuídas nos seguintes eixos norteadores: acessos internos, controle de acesso fixo, controle de acesso móvel, expedições, etnodesenvolvimento, recuperação da mata nativa e ações de fiscalização.
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