Conselho Federal de Medicina reuniu médicos de todo o Brasil, para tratar sobre o atendimento em saúde nas regiões de fronteira

O III Fórum de Médicos de Fronteira reuniu profissionais do país inteiro para debater temas importantes para a saúde na faixa de 150 quilômetros das divisas do Brasil. Desde a atuação militar no atendimento em saúde até as bases da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (PNASPI) alimentaram debates durante o encontro ocorrido no dia 30 de agosto em Cruzeiro do Sul, a 700 quilômetros de Rio Branco, capital do Acre. Para mostrar um panorama atualizado sobre a Saúde Indígena, o Conselho Federal de Medicina (CFM), organizador do evento, convidou a Secretária Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Sílvia Waiãpi.

Os cerca de 200 profissionais, estudantes e representantes da comunidade que acompanharam os temas do evento ouviram da Secretária os dados mais atualizados sobre a população indígena atendida, o orçamento executado nos últimos anos, os principais desafios e os avanços já realizados pela atual gestão. “Estamos empenhados em promover saúde de qualidade para os Povos Indígenas; para isso, estamos combatendo os desvios e melhorando os mecanismos de controle dos recursos da SESAI” garantiu Sílvia durante a participação na mesa que teve a coordenação do professor e médico indígena Alceu Karipuna. No início da apresentação, Sílvia e Alceu trocaram cumprimentos nas línguas faladas por seus povos.

Para a coordenadora do Fórum, Dilza Teresinha Ambros, que também é corregedora-adjunta do Conselho Federal de Medicina, os debates devem contribuir para o aperfeiçoamento da assistência oferecida à população que habita em regiões semelhantes. “Essa é uma missão abraçada pelo CFM, que, assim, faz a ponte entre governo, pesquisadores, profissionais e diferentes grupos para enfrentar problemas”, disse Dilza.

O evento também teve a presença de autoridades como o prefeito de Cruzeiro do Sul, Ilderlei Cordeiro; a deputada federal Jéssica Sales; o deputado estadual Jenilson Leite; e o professor Marcelo Siqueira, representando a reitora da Universidade Federal do Acre, Margarida Aquino. Além deles, participaram o 3º vice-presidente do CFM, Jecé Brandão, e a presidente do Conselho Regional de Medicina do Acre, Leuda Dávalos.

Além de questões estruturantes, relacionadas às condições de trabalho e de atendimento, os palestrantes ainda trataram de aspectos como os critérios para a formação do médico que atua nas regiões de difícil acesso e até a aplicação do Código de Ética Médica (CEM) na fronteira. Na avaliação de Dilza Teresinha, “é importante fazer esses eventos em localidades como Cruzeiro do Sul, para que os participantes possam testemunhar as dificuldades enfrentadas pelos profissionais e pacientes, o que ajuda em futuros desdobramentos”. Antes desse evento, foram realizados encontros do tipo em Campo Grande (MS) e em Rio Branco (AC).

Ao falar sobre “A aplicação do Código de Ética Médica em regiões de fronteira”, o médico e conselheiro federal de medicina Jeancarlo Fernandes Cavalcante emocionou a plateia ao abordar o caso de Pituku Waiãpi, indígena tetraplégico que se revelou um grande artista plástico pintando quadros com pincéis presos pela boca. Pituku, que faleceu em 2015, era irmão da secretária Sílvia Waiãpi.

Por Murilo Caldas/NUCOM SESAI
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