Evento reuniu representantes de povos indígenas comunidades tradicionais e organizações parceiras em Altamira-PA.
Entre 1 e 4 de junho, representantes de comunidades indígenas e ribeirinhas, ONGs e órgãos governamentais se reuniram no Centro de Formação Bethânia, em Altamira-PA, para a VI Semana do Extrativismo da Terra do Meio. O evento acontece anualmente para promover a economia florestal sustentável desenvolvida pela Rede de Cantinas da Terra do Meio, representada por associações das comunidades de Reservas Extrativistas e Terras Indígenas localizadas no mosaico de áreas protegidas da Terra do Meio, uma região no sul do Pará que envolve parte dos municípios de Altamira, São Félix do Xingu, Itaituba e Novo Progresso.
A programação contou com rodas de diálogo e plenárias com extrativistas e representantes de empresas, órgãos do governo e ONGs parceiras, discutindo sobre a criação e fortalecimento de políticas públicas e empresariais para incentivar a cadeia produtiva de produtos florestais não-madeireiros. “O evento reuniu atores de diversos setores que estão trabalhando em um processo contínuo para a organização do extrativismo de produtos da floresta que mantenham ela em pé, em uma região de mais de 21 milhões de hectares”, explica Eduardo Barnes, Especialista em Políticas Públicas para Povos Indígenas da The Nature Conservancy (TNC). As associações extrativistas também puderam expor os produtos de suas comunidades, tanto para buscar parcerias com as empresas presentes no evento quanto para venda ao público. Estavam presentes também representantes de empresas que já possuem trabalhos com as comunidades, como Cacau Way, Mercur, Quirino Borrachas e Firmenich, assim como empresas interessadas em conhecer o trabalho de extrativismo na região e desenvolver novas parcerias, como a Dengo e a designer Flávia Amadeu.
O extrativismo é uma atividade tradicional dos povos que vivem na floresta, permitida por lei, tanto em Terras Indígenas quanto nas chamadas Reservas Extrativistas (RESEX), que ocupam grande parte do município de Altamira. Por meio do extrativismo, as comunidades podem suprir suas necessidades ou gerar renda trabalhando na coleta de frutos, sementes ou látex, que podem ser comercializados ou processados para produção de óleos ou artesanato, por exemplo, de acordo com os planos de manejos de cada território, sem causar impacto na vegetação nativa. O trabalho também fortalece a cultura das comunidades indígenas e tradicionais e ajuda a combater o desmatamento.
A TNC apoiou a realização do evento contribuindo com a participação dos povos indígenas Xikrin e Parakanã, que desenvolvem atividades econômicas ligadas ao extrativismo no Pará como parte da implementação de seu Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA). Eduardo Barnes, também participou da mesa de debate “Desafios da Agenda Socioambiental no Contexto da Terra do Meio”, compartilhando as experiências no apoio a cadeia produtiva de castanha-do-pará, óleo de babaçu e artesanato dos povos Xikrin e Parakanã.
Fortalecer as cadeias de extrativismo de produtos não madeireiros é uma estratégia essencial para proteger a floresta, especialmente em áreas com complexos cenários de ocupação, como a Terra do Meio. “Essa capacidade de entendimento do mercado, das regras do poder público para comercialização e compreensão de que existem empresas que estão interessadas em produzir melhor e apoiar para que comunidades tradicionais tenham condições de prestar seus serviços ambientais é uma forma de fortalecimento das comunidades indígenas e ribeirinhas”, conclui Barnes. Assim, com comunidades fortalecidas e que reconhecem sua importância para a preservação do meio ambiente, é possível consolidar um mercado de desenvolvimento sustentável que possibilite geração de renda para aqueles que são parceiros essenciais para proteger a floresta.
FONTE: TNC – The Nature Conservancy https://www.tnc.org.br/conecte-se/comunicacao/noticias/povos-indigenas-e-comunidades-tradicionais-discutem-extrativismo/
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