A Igreja Católica quer pressionar o governo brasileiro a tomar medidas para cuidar da floresta amazônica e defende ajuda internacional ao País. É o que afirma o cardeal Dom Claudio Hummes principal nome do Sínodo para a Amazônia no Brasil. Segundo o religioso, isso não representa desrespeito à soberania nacional – uma preocupação do governo de Jair Bolsonaro –, mas quer chamar a atenção para os efeitos negativos da crise ambiental para o mundo.

“Há necessidade de empenho de toda a comunidade internacional e, sobretudo, dos responsáveis pelos destinos de cada País. O papa Francisco hega a dizer que é preciso se organizar para pressionar para que os responsáveis possam ter a força de realizar, porque será com grandes custos que isso tudo vai acontecer”, afirmou o cardeal nesta quinta-feira, 19, em Belém, na primeira entrevista concedida por ele após ter sido nomeado como relator do Sínodo dos bispos para a Amazônia, evento que ocorre em outubro, em Roma.

Conforme revelou o Estado em fevereiro, a realização do Sínodo é vista com ressalvas por integrantes do governo brasileiro. O Palácio do Planalto quer conter o que considera um avanço da Igreja Católica na liderança da oposição a Bolsonaro, no vácuo da derrota e perda de protagonismo dos partidos de esquerda. Na avaliação da equipe do presidente, a Igreja é uma tradicional aliada do PT e está se articulando para influenciar debates antes protagonizados pelo partido no interior do País e nas periferias.

No evento em Roma, bispos de todos os continentes vão discutir a situação da Amazônia e tratar de temas considerados pelo governo brasileiro como uma “agenda da esquerda”, como situação de povos indígenas, mudanças climáticas provocadas por desmatamento e quilombolas.

O encontro em Belém, que vai até sexta-feira, 30, serve como preparação para o Sínodo e conta com enviados do papa Francisco. Na quarta, 28, ao abrir a reunião, Dom Cláudio rebateu as preocupações do governo e atribuiu as críticas ao encontro dos bispos no Vaticano a “interesses ameaçados”. “Ouvimos vozes contrárias, vozes que resistem, vozes que têm medo e vozes que têm interesses muito fortes que se sentem um tanto ameaçados. Tudo isso que ouvimos por todos esses dias, ainda ontem (terça-feira, 27) a imprensa estava cheia desses assuntos, sobretudo, os jornais de São Paulo, o Estado de S. Paulo”, disse o cardeal , disse o cardeal.

Felipe Frazão
FONTE: Jornal O Estado de S. Paulo – ESTADÃO

http://www.msn.com/pt-br/noticias/causas/papa-quer-pressionar-governos-a-agir-na-amaz%c3%b4nia-diz-relator-do-s%c3%adnodo/ar-AAGwphi?ocid=ientp    

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