Professores indígenas, crianças e anciões da Terra Indígena Kwatá Laranjal participaram da 3ª Oficinal do Projeto Ya’õ Ebareg de revitalização da língua Munduruku.
O principal objetivo da iniciativa é expandir o ensino do idioma nativo para jovens e adultos com atuação de professores indígenas nas aldeias da região dos rios Canumã e Mari-Mari, a cerca de 150 km de Manaus.
Na oficina realizada entre os dias 23 e 27 de julho, que contou com a participação de estudantes indígenas do curso de Formação de Professores da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), os participantes propuseram a contratação de três professores da etnia Munduruku.
Dentro da programação do evento houve atividades sobre a história e a cosmologia das relações entre os Munduruku do rio Tapajós e da bacia do rio Madeira. A oficina também promoveu uma aula introdutória sobre fonética da língua nativa e exercícios sobre principais expressões do cotidiano.
No estudo intitulado “Língua Mundurukú na Terra Indígena Kwatá-Laranjal: à espera do outro”, as professoras Cristina Borella e Eneida Gonzaga explicam que os Munduruku do Rio Madeira falam apenas o Português, mesmo que alguns poucos anciões ainda dominem o idioma nativo.
“Embora ainda tenham falantes nativos em suas comunidades, acreditam que somente a presença de professores provenientes do Tapajós, em sua comunidade e dando aulas em suas escolas, podem vir a reverter sua realidade sociolinguística”, sustenta o artigo das professoras da Universidade Federal do Amazonas.
Reviver o idioma
Contribuíram para a realização da 3ª Oficina do Projeto Ya’õ Ebareg os professores Celso Tawé, dos Munduruku do Alto Rio Tapajós, Ytanajé Cardoso, da Universidade do Estado do Amazonas; e os servidores da Funai André Ramos (Coordenação de Processos Educativos da Coordenação-Geral de Promoção da Cidadania – COPE/CGPC) e Marcos Vieira (Coordenação Regional de Manaus).
As atividades contaram também com a participação de representantes do Conselho de Educação Escolar Indígena do Estado do Amazonas, e da Coordenação de Educação Escolar Indígena do município amazonense de Borba.
Para além das atividades didáticas, a Oficina proporcionou aos participantes o debate para iniciar a retomada de projetos direcionados às seguintes questões:
– funcionamento de uma turma de língua Munduruku para jovens e adultos, que deverão atuar como instrutores junto às comunidades;
– implantação de ensino da língua Munduruku para crianças, regido por professores falantes da região do Alto Tapajós;
– criação de grupos de estudos autônomos nas comunidades, com orientação e monitoria;
– criação de módulo de Registro Audiovisual, Arte e Linguagens para a gravação do uso do idioma por anciões falantes do Kwatá Laranjal, e das videoaulas com falantes Munduruku do Alto Tapajós;
– criação da Casa da Língua: um espaço de memória, produção de conhecimentos e reunião de acervos sobre a língua e cultura do povo Munduruku.
Assessoria de Comunicação Social / Funai
com informações da Coordenação-Geral de Promoção da Cidadania (CGPC/Funai)
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