Professores indígenas, crianças e anciões da Terra Indígena Kwatá Laranjal participaram da 3ª Oficinal do Projeto Ya’õ Ebareg de revitalização da língua Munduruku.

Em um dos grupos de estudo, o professor Paulo Munduruku explica aos jovens indígenas a importância da valorização da língua ancestral (fotos: acervo Funai)

O principal objetivo da iniciativa é expandir o ensino do idioma nativo para jovens e adultos com atuação de professores indígenas nas aldeias da região dos rios Canumã e Mari-Mari, a cerca de 150 km de Manaus.

Na oficina realizada entre os dias 23 e 27 de julho, que contou com a participação de estudantes indígenas do curso de Formação de Professores da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), os participantes propuseram a contratação de três professores da etnia Munduruku.

Dentro da programação do evento houve atividades sobre a história e a cosmologia das relações entre os Munduruku do rio Tapajós e da bacia do rio Madeira. A oficina também promoveu uma aula introdutória sobre fonética da língua nativa e exercícios sobre principais expressões do cotidiano.

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Dona Dora, da aldeia Kwatá, é uma das anciãs que participaram da Oficina

Durante o evento, os indígenas instituíram uma Comissão de Articulação do projeto formada por representantes de diferentes comunidades, que planejam iniciar em breve as aulas de língua Munduruku em uma turma constituída por alunos indígenas. Para dar continuidade às medidas, outra Oficina está prevista para acontecer entre os meses de setembro e outubro deste ano.

No estudo intitulado “Língua Mundurukú na Terra Indígena Kwatá-Laranjal: à espera do outro”, as professoras Cristina Borella e Eneida Gonzaga explicam que os Munduruku do Rio Madeira falam apenas o Português, mesmo que alguns poucos anciões ainda dominem o idioma nativo.

“Embora ainda tenham falantes nativos em suas comunidades, acreditam que somente a presença de professores provenientes do Tapajós, em sua comunidade e dando aulas em suas escolas, podem vir a reverter sua realidade sociolinguística”, sustenta o artigo das professoras da Universidade Federal do Amazonas.

Reviver o idioma

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Contribuíram para a realização da 3ª Oficina do Projeto Ya’õ Ebareg os professores Celso Tawé, dos Munduruku do Alto Rio Tapajós, Ytanajé Cardoso, da Universidade do Estado do Amazonas; e os servidores da Funai André Ramos (Coordenação de Processos Educativos da Coordenação-Geral de Promoção da Cidadania – COPE/CGPC) e Marcos Vieira (Coordenação Regional de Manaus).

As atividades contaram também com a participação de representantes do Conselho de Educação Escolar Indígena do Estado do Amazonas, e da Coordenação de Educação Escolar Indígena do município amazonense de Borba.

Para além das atividades didáticas, a Oficina proporcionou aos participantes o debate para iniciar a retomada de projetos direcionados às seguintes questões:

– funcionamento de uma turma de língua Munduruku para jovens e adultos, que deverão atuar como instrutores junto às comunidades;

– implantação de ensino da língua Munduruku para crianças, regido por professores falantes da região do Alto Tapajós;

– criação de grupos de estudos autônomos nas comunidades, com orientação e monitoria;

– criação de módulo de Registro Audiovisual, Arte e Linguagens para a gravação do uso do idioma por anciões falantes do Kwatá Laranjal, e das videoaulas com falantes Munduruku do Alto Tapajós;

– criação da Casa da Língua: um espaço de memória, produção de conhecimentos e reunião de acervos sobre a língua e cultura do povo Munduruku.

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Assessoria de Comunicação Social / Funai

com informações da Coordenação-Geral de Promoção da Cidadania (CGPC/Funai)