O Instrumentum laboris, que servirá de base para os debates e as reflexões da assembleia especial do Sínodo dos Bispos para a região Pan-Amazônica, convocado pelo Papa Francisco em Roma de 6 a 27 de outubro, foi reconhecido como ponto de referência fundamental pela rede latino-americana Iglesia y Minería através de uma declaração pública.

A Rede é um espaço ecumênico, formado por comunidades cristãs, grupos pastorais, congregações religiosas, grupos de reflexão teológica, leigos, bispos e pastores engajados em enfrentar as questões sobre o impacto e a violação dos direitos socioambientais causados pelas atividades de mineração na América Latina, da qual faz parte o Conselho Latino-americano das Igrejas (Clai).

A reportagem é publicada por L’Osservatore Romano, 13-14 de julho de 2019. A tradução é de Luisa Rabolini.

“Somos unidos e inspirados pela fé e pela esperança no Deus que criou a vida e a mãe natureza; um Deus que nos chama a construir um mundo em que todas as pessoas vivam com a dignidade dos filhos e das filhas de Deus, em perfeita harmonia com a Mãe Terra e toda a criação”, é o manifesto de sua ação como pode ser lido no site na rede. O documento preparatório do Sínodo, a declaração afirma, “além de reconhecer a contribuição inestimável das populações amazônicas no cuidado, conservação e defesa da mãe natureza, destaca o papel desta região para toda a humanidade”.

O sínodo para a Amazônia é considerado “uma verdadeira esperança” para as comunidades locais obrigadas a enfrentar três emergências socioambientais: a falta de reconhecimento da dignidade e dos direitos dos povos indígenas, parte integrante dessa área geográfica; o extrativismo, ou seja, a sistemática retirada de todo tipo de riqueza ambiental, não apenas daquela de mineração, em nome de projetos chamados “de desenvolvimento”, mas que na verdade destroem territórios e povos; e a poluição de rios, ar, florestas com consequente deterioração da qualidade de vida e danos ao patrimônio cultural e de espiritualidade. E, nesse sentido, aqui está a importância do Instrumentum laboris, capaz de ouvir e recolher “o grito dos povos amazônicos e da natureza” e de pensar não apenas em novas formas de evangelização, mas também em novas formas de desenvolvimento econômico na região. Um documento cujos princípios, uma vez implementados, “trarão uma nova luz não apenas às pessoas de fé, mas a toda a humanidade”.

A declaração de Iglesia y Minería prossegue com os votos de que o Sínodo para a Amazônia “possa se tornar um espaço privilegiado da Igreja para propor ações ligadas à defesa da vida, em especial diante das estratégias das grandes mineradoras que voltaram suas atenções e suas maquinarias de destruição justamente às terras amazônicas”. A Rede também convida todas as organizações e as comunidades cristãs da região amazônica a continuar a aprofundar as temáticas relacionadas ao documento preparatório para o Sínodo, unindo os esforços com as comunidades e os povos locais para reduzir ou eliminar aqueles sofrimentos infligidos a eles contra qualquer respeito à dignidade humana, a fim de promover uma verdadeira conversão ecológica integral.

O Papa Francisco, ao anunciar o Sínodo especial, tinha indicado como seu propósito principal a identificação de “novos caminhos para a evangelização daquela parcela do povo de Deus, especialmente dos indígenas, muitas vezes esquecidos e sem a perspectiva de um futuro sereno, também por causa da crise da floresta amazônica, pulmão de importância capital para o nosso planeta”. Em consideração a essas palavras, a Rede quer comprometer-se, a partir do espírito ecumênico, a ser construtora de novas formas de convivência e evangelização para “criar Igrejas participativas, acolhedoras, criativas, harmoniosas e corajosas”.

FONTE: IHU – Instituto Humanitas Unisinos               VER MAIS EM:

https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2019-07/rede-ecumenica-igreja-mineracao-sinodo-amazonia-bem-humanidade.html

http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/590816-iglesia-y-mineria-sobre-o-proximo-sinodo-para-o-bem-de-toda-a-humanidade