Na manhã da última terça-feira (4), cerca de 20 lideranças Karajá e Javaé da Ilha do Bananal (TO) reuniram-se com o presidente Franklimberg de Freitas para tratar assuntos voltados à bovinocultura desenvolvida pelos indígenas, questões logísticas do atendimento da unidade da Funai na região e regularização territorial.
Compareceram ao encontro a deputada federal Professora Dorinha Seabra Rezende, o prefeito de Sandolândia, Radilson Lima, vereadores da região e a equipe da Funai formada pelo diretor de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável, Giovani Souza Filho, e o coordenador-geral de Promoção ao Etnodesenvolvimento, Juan Scalia.
A principal reivindicação das lideranças foi a continuidade e aprimoramento do projeto de bovinocultura na região firmado por meio de Termo de Compromisso via Ministério Público Federal e Procuradoria da República de Tocantins, tendo a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Tocantins (ADAPEC) como parceira.
Em carta entregue ao presidente Franklimberg de Freitas pelo Conselho das Organizações Indígenas do Povo Javaé da Ilha do Bananal (CONJABA), os indígenas colocam-se à disposição para possíveis mudanças ou reformulações no projeto “no sentido de melhorar a eficiência de modo que possamos garantir o etnodesenvolvimento do nosso povo.”
O presidente Franklimberg garantiu que o objetivo da Funai é apoiar as iniciativas indígenas e fazer com que, com o passar do tempo, os Karajá e Javaé possam desenvolver as atividades de geração de renda de maneira autônoma. “O que for necessário para que possamos apoiar as iniciativas das comunidades, vamos dispor aos povos indígenas”, firmou o presidente.
Para Robson Javaé, uma das lideranças presentes na reunião, a bovinocultura é essencial para as comunidades indígenas da Ilha do Bananal. “A gente está no caminho certo. Esse projeto salvou a vida do nosso povo e, consequentemente, dos Karajá também. Por causa dele, começamos a trabalhar a nossa cultura e até desenvolvemos um projeto de futebol que o povo tanto ama. Nossos jovens voltaram a sonhar. Não está perfeito como a gente quer, mas com a ajuda da Funai o projeto vai chegar onde a gente tanto sonha, na casa da Farinha, a casa cultural em cada aldeia e por aí vai. Esse é o nosso sonho. Nosso caminho é de dar as mãos para os povos indígenas se auto sustentarem”, enfatizou Robson.
Cléber Ixydeo Karajá confirma o quanto a iniciativa dos Javaé influenciou seu povo: “Os Karajá pegaram a carona dos Javaé. Ano que vem vamos completar 7 anos de criação de gado. Com esse dinheiro, nossa associação e os caciques atendem às comunidades.” Cléber comenta que com os valores, os indígenas bancam a mobilidade dos filhos, que em alguns casos vão estudar fora da aldeia, remédios, quando necessário, compra de combustível, reposição de peças dos automóveis que usam para locomoção externa e outras necessidades. De acordo com o indígena, cerca de quatro mil comunidades Karajá trabalham com a bovinocultura.
No município de Lagoa da Confusão, das 9,5 mil cabeças de gado, sete mil são dos povos indígenas. Estudos recentes do Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio) mostram que o manejo do gado na Ilha do Bananal ajuda a diminuir a reincidência de incêndios, no período de seca. Essas são informações consideráveis para o estudo de estratégias que apoiem a continuidade e aprimoramento dos projetos indígenas, ações com as quais a Funai se comprometeu diante das autoridades governamentais e lideranças presentes.
Estratégias que beneficiem as comunidades também são estudadas, ainda que em fase inicial, como a valorização da comercialização dos produtos advindos da bovinocultura indígena, o desenvolvimento da atividade de produção da carne orgânica sustentável e, principalmente, a progressiva transição do sistema de arrendamento para a produção indígena autônoma.
Ao final da reunião, o presidente Franklimberg e os demais integrantes da equipe da Funai também ouviram as reivindicações relativas ao fortalecimento das unidades locais da fundação e à regularização de terras indígenas.
Assessoria de Comunicação/Funai
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