Além de discutir aspectos da costa amazônica, o seminário de iniciação científica e inovação tecnológica do Museu Goeldi vai contar com a apresentação dos trabalhos desenvolvidos ao longo de 2018 pelos estudantes de graduação. O evento começa nesta segunda-feira (24), no Campus de Pesquisa.

A zona costeira amazônica, área de transição entre ecossistemas terrestres e marinhos, é estudada no Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) há anos. Tema denso, rico e interdisciplinar, o estudo desses locais envolve todas as áreas da instituição. As pesquisas se consolidaram na década de 60, quando começaram a ser desenvolvidos estudos sobre a antropologia da pesca e, mais tarde, com a criação do Programa de Estudos Costeiros (PEC). Neste ano, pensando na amplitude da questão, o Seminário PIBIC/PIBITI do MPEG tem como tema “Costa amazônica: conhecer para preservar”.

A escolha do eixo central das apresentações vai ao encontro da amplitude e complexidade dos estudos da costa da Amazônia, que aliam as Ciências Humanas, Biológicas e Naturais na investigação dos aspectos ambientais e sociais da região. A proposta do seminário é destacar os resultados obtidos e a importância dos conhecimentos produzidos em diferentes campos. As apresentações se iniciam nesta segunda-feira (24) e seguem até quinta-feira (27), no Auditório Paulo Cavalcante, no Campus de Pesquisa do Museu Goeldi.

Programação – Serão quatro dias de programação, nos quais os jovens cientistas vinculados ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) e ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI) de 2018 vão apresentar os resultados de seus estudos. Cada dia contará com duas sessões, uma pela manhã e outra à tarde.

Abrindo a programação, na segunda-feira (24), após a solenidade de abertura, será realizada a palestra “Qual o papel do sistema recifal do Amazonas no desenvolvimento regional?”, com o doutor em Geologia Costeira, Nils Edvin Asp Neto, professor da Universidade Federal do Pará (UFPA). Em seguida, serão iniciadas as apresentações dos bolsistas.

Confira os temas dos trabalhos que vão ser apresentados:

O primeiro dia terá como tema os estudos voltados à Antropologia, Arqueologia, Informação e Documentação. Coordenando a sessão pelo turno da manhã, estará a linguista Maria Cândida Barros (COCHS/MPEG), sucedida à tarde pela bióloga Regina Oliveira. As avaliações serão feitas pelo professor da UFPA, o historiador Décio de Alencar Guzman.

Na terça-feira (25), o foco central dos estudos serão as Ciências da Terra, Ecologia, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação.  Pela manhã, a coordenação será feita pelo geólogo José Francisco Berrêdo Reis da Silva (COCTE/MPEG), com avaliação do químico Geraldo Narciso da Rocha Filho (UFPA). À tarde, a geóloga Maria Inês Feijó Ramos (COCTE/MPEG) será a responsável por conduzir a sessão, com avaliação do doutor em meteorologia Edson Paulino Rocha.

Sistemática e Ecologia Animal serão os assuntos centrais da sessão de quarta-feira (26). O biólogo Ulisses Galatti (COZOO/MPEG) e a zoóloga Marina Barreira Mendonça (COZOO/MPEG) irão coordenar as apresentações do dia, pelos turnos da manhã e tarde, respectivamente. A avaliação dos trabalhos será realizada pelo professor Ricardo Arturo Guerra Fuentes, da Universidade Federal do Pará.

No quarto e último dia de apresentações, o foco será a Morfologia, Anatomia e Sistemática Vegetal, juntamente com a Micologia, Botânica Econômica, Etnobotânica, Fitoquímica e Ecologia. A professora Ana Carla Feio, da Universidade da Amazônia (UNAMA), será a coordenadora das apresentações do dia. Também estará presente, como avaliadora, a professora Roberta Macedo Cerqueira, da UFPA.

Além da exibição dos resultados das pesquisas, haverá também a exposição de painéis ao longo de todos os dias de seminário. Na quinta-feira, após as apresentações, será feita a entrega dos prêmios aos melhores trabalhos.

PIBIC e PIBITI – O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) tem como objetivo despertar vocações científicas, e incentivar talentos potenciais, possibilitar o domínio do método científico e desenvolver o pensar e a criatividade do jovem universitário para a pesquisa na Amazônia, contribuindo de forma decisiva para otimizar o ingresso dos alunos na pós-graduação.

O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI) tem por objetivo estimular os jovens do ensino superior nas atividades, metodologias, conhecimentos e práticas próprias ao desenvolvimento tecnológico e processos de inovação.

Já está disponível o edital de seleção para os bolsistas PIBIC e PIBITI 2019/2020. O período para submissão de propostas se inicia em 1º de julho e segue até o dia 5 do mesmo mês. Nesta edição, serão ofertadas 91 vagas (87 para PIBIC e quatro para PIBITI). O valor das bolsas é de 400 reais, com vigência de agosto de 2019 a julho de 2020.

Costa  A costa norte brasileira é composta por uma série de bacias hidrográficas com características peculiares, que compõem o grande estuário (transição entre rio e mar) amazônico. Nela estão os maiores e mais preservados manguezais do mundo.

Com uma área de quase três mil quilômetros, a costa se estende desde o rio Oiapoque, no Amapá, até a Ilha de São Marcos, no Maranhão, cortando diversos municípios paraenses como Bragança, Chaves, Curuçá, Marapanim, Quatipuru, Salinópolis, Salvaterra, São Caetano de Odivelas, Tracuateua, Viseu, entre outros.

Do ponto de vista ecológico, os bosques de manguezais do litoral amazônico são os grandes responsáveis pela exportação de nutrientes para a plataforma continental adjacente. Isso torna a área uma das maiores em produtividade pesqueira do Brasil.

A zona norte costeira vem passando por transformações antrópicas significativas ao longo das últimas décadas, das quais se destacam a construção de estradas, portos e cidades próximas ao mar e a exploração indevida de recursos naturais (pesca industrial, exploração mineral) e ambientais (fontes hídricas e minerais). Essas ações dificultam a reposição dos estoques de peixes e mariscos, o que interfere na manutenção e conservação da área e das pessoas que nela vivem. Além disso, geram a perda de uma biota ainda pouco conhecida pela ciência.

FONTE: Agência Museu Goeldi  –        Notícias