Lideranças Yanomami, acompanhadas de representantes do Instituto Socioambiental (ISA), estiveram na Câmara de Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais do Ministério Público Federal (6CCR) na última quarta-feira (15) para denunciar o aumento do garimpo ilegal em seu território, localizado nos estados de Roraima e Amazonas.
De acordo com eles, os garimpeiros circulam na terra indígena armados e fazem ameaças aos indígenas, caso denunciem a atividade ilegal. Os índios temem o acirramento da tensão e a ocorrência de conflitos caso não sejam tomadas providências imediatas.
Na reunião, os Yanomami relataram que a ação dos garimpeiros aumentou drasticamente após a desativação de três Bases de Proteção Etnoambiental (BAPEs) e da saída do exército brasileiro da região. De acordo com eles, a mineração ilegal tem promovido graves danos socioambientais como aumento da prostituição, alcoolismo, pressão sobre o sistema de atenção à saúde indígena associado ao desmatamento e à contaminação de rios, peixes e outros animais. Os índios pedem a reativação das BAPEs “Demarcação”, “Serra da Estrutura” e “Korekorema”, como forma de inibir as ações de garimpo e desmatamento, que continuam aumentando de forma desordenada.
O líder indígena Davi Kopenawa relatou preocupação com as consequências que o garimpo ilegal pode trazer para a etnia e para o meio ambiente. Ele pediu apoio ao MPF na interlocução junto aos órgãos competentes, para que atuem de forma articulada e célere na retirada dos garimpeiros das terras Yanomami.
“O garimpo não é bom para o povo tradicional. Ele não traz benefício pra ninguém. Só traz doença e degradação ambiental. Não tem dinheiro que pague a nossa floresta, os rios e as vidas do nosso povo”, afirmou.
A 6CCR se comprometeu a buscar uma articulação coordenada com a Polícia Federal e o Ministério da Defesa a fim de combater a ação dos garimpeiros. Também serão feitos esforços em busca da reativação das BAPEs e no acompanhamento da situação da saúde na comunidade indígena.
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