A produção de café de qualidade feita nas Terras Indígenas Sete de Setembro e Rio Branco confirma o potencial econômico e sustentável da cafeicultura indígena em Rondônia.

Família Paiter Suruí durante a seleção do café para o concurso Tribos (fotos: Ricardo Prado, CR Cacoal/RO)

Com o apoio de uma grande empresa do setor, o concurso Tribos vai premiar os melhores cafés especiais e comprar a toda a produção dos vencedores. Oito povos participam do concurso: Aikanã, Arikapú, Aruá, Djoromitxí, Kanoê, Makurap, Paiter Suruí e Tupari.

De acordo com informação do grupo 3 Corações, empresa que promove a premiação, o concurso vai distribuir 50 mil reais aos três melhores cafés, além da garantia assinada em contrato para comprar toda a produção dos cafeicultores premiados. O café classificado em 1º lugar será comprado por 3 mil reaiscada saca e mais 25 mil reais de prêmio em dinheiro. Para o 2º lugar, o prêmio é de 15 mil reais mais a compra da safra por 2 mil reais cada saca; já o 3º lugar receberá 10 mil reais e a compra da produção por mil reais a saca.

No mês de abril teve início a fase de seleção dos grãos, feita pelos cafeicultores indígenas dos municípios rondonienses de Cacoal e Alta Floresta D’Oeste. A produção em pequena escala beneficia os cerca de três mil habitantes dos dois territórios indígenas. Na TI Sete de Setembro, com seus 248 mil hectares de extensão, vivem aproximadamente 2.000 pessoas do Povo Paiter-Suruí. Já nos 236 mil hectares da TI Rio Branco habitam outros 1.000 indígenas das etnias Aikanã, Arikapú, Aruá, Djoromitxí, Kanoê, Makurap e Tupari.

A organização do concurso ainda não definiu a data da cerimônia de premiação, mas os produtores indígenas têm se empenhado na coleta seletiva dos grãos para envio à comissão julgadora. “Em uma escolha criteriosa, os cafeicultores colhem apenas os grãos completamente maduros, secados à sombra e com todos os cuidados exigidos para um café de qualidade”, destaca o coordenador Regional da Funai em Cacoal, Ricardo Prado.

Para garantir a qualidade do produto desde o plantio até a colheita regular da safra, os indígenas contam com a assistência técnica da Emater/RO e Embrapa. Também participam do desenvolvimento da cafeicultura indígena a Funai, a Câmara Setorial do Café Rondônia e a Secretaria de Estado da Agricultura. Ricardo Prado afirma que “com essa iniciativa, abre-se as portas para mais projetos com o mesmo sentido, explorando a atividade da cafeicultura de forma sustentável e agregando valor aos produtos indígenas”.

O coordenador regional salienta a parceria da Funai que “acompanhou todo o processo de aproximação da empresa 3 Corações, Emater, Embrapa e representantes indígenas, contribuindo para a realização desta que é a primeira edição do concurso. A Fundação também apoiou a logística de capacitação profissional dos indígenas, com transporte de materiais para construções de terreiros de secagem suspensos e outras atividades de etnodesenvolvimento”.

Tradição e sustentabilidade 

A cafeicultura é tradicional em Rondônia, e algumas comunidades indígenas cultivam café há mais de 30 anos. “Mas a produção de café entre os indígenas ganhou força mesmo foi a partir da valorização do café tipo robusta (conilon), anteriormente considerado por especialistas como um café de baixa qualidade. Nos últimos quatro anos, a alta qualidade apresentada pela bebida feita com esse tipo de café e o melhor preço pago pela saca incentivaram a disseminação do cultivo do robusta nas aldeias”, relata Prado.

Somente na Terra Indígena Sete de Setembro, o cultivo do café envolve cerca de 110 famílias distribuídas por 15 aldeias. Como a produção indígena é familiar, com unidade produtiva média de um hectare, o aumento do número de famílias produtoras e a organização delas em associações cooperativas permite a produção em larga escala.

Assessoria de Comunicação Social – Funai
com informações da CR Cacoal/RO