A coleta de castanha feita pelos Cinta Larga prova que desenvolvimento sustentável e atividade econômica podem seguir de mãos dadas quando o assunto é extrativismo em território indígena. No estado de Rondônia, surge um exemplo de progresso comunitário por meio de atividades que garantem geração de renda para muitas famílias indígenas.

Gilberto Cinta Larga mostra um pacote de castanha embalada à vácuo, pronta para comercialização (fotos: Mário Vilela/Funai)

Para a safra 2019, a Coordenação Regional de Cacoal estima que cerca de 60 toneladas de castanha sejam coletadas pelos Cinta Larga em duas Terras Indígenas: Roosevelt e Parque Aripuanã, que juntas somam mais de 1,8 milhão de hectares. Toda a produção recebe o beneficiamento na Cooperativa Extrativista de Castanhas Indígenas – Coocasin, em Ji-paraná (RO). Este nível de organização assegura preço justo do produto às famílias indígenas que colhem a castanha na mata fechada.

Outro benefício social do controle da cadeia de produção da castanha pelos próprios indígenas é a geração de emprego para os jovens índios e índias que estudam nas áreas urbanas. Há 15 meses trabalhando na cooperativa, Geovane Cinta Larga teve sua carteira de trabalho assinada pela primeira vez e conta o que mudou desde então. “É difícil para indígenas arrumar emprego. Hoje eu posso falar que tenho as coisas, posso comprar as coisas que eu quero. Hoje eu posso mandar dinheiro para a minha mãe, comprar as coisas que eu quero. Aqui é como a segunda casa, a minha segunda família”.

“Nosso trabalho mostra que a gente é capaz de ter um emprego que vem da nossa etnia”, conta Marcela Cinta Larga

Embora a produção em escala por meio da coleta da castanha é feita há apenas quatro anos, a atividade já mobiliza um total de 200 pessoas, desde a coleta nos castanhais, passando pelo transporte e beneficiamento. Nesta safra, a Funai apoiou a atividade do Povo Cinta Larga na logística da produção com o empréstimo de dois tratores, a aquisição de um barco com motor de popa de 25 HP e cinco carretinhas para motocicletas. A Funai também colaborou com o fornecimento de cestas básicas, combustível, sacarias e ferramentas.

O coordenador regional, Ricardo Prado, afirma que “a Coordenação Regional de Cacoal, junto com a Coordenação-Geral de Etnodesenvolvimento (CGETNO/Funai), planejam realizar neste ano o mapeamento daqueles castanhais em que ainda não haja coleta e realizar a construção de barracões – entrepostos – para armazenar a produção mais perto das áreas em que é coletada. O objetivo é agilizar o transporte até a fábrica de beneficiamento e diminuir o desperdício de castanha durante o escoamento”, comenta.

“Nós vamos viver da castanha todo o ano, porque nossa sobrevivência é isso”, afirma o cacique Nacoça Pio Cinta Larga

Assessoria de Comunicação Social / Funai – com informações da Coordenação Regional Cacoal