Na última quinta-feira (21), o embaixador da Nova Zelândia, Cristopher Langley, em visita à Funai, apresentou o interesse do país em desenvolver, junto ao Brasil, projetos e parcerias técnicas voltados à revitalização das línguas indígenas. O Ano Internacional das Línguas Indígenas, comemorado em 2019, foi decisivo para a ideia.
Langley e Franklimberg de Freitas discutiram projetos que os dois países já desenvolveram em conjunto pela valorização cultural e linguística dos povos originários. “As parcerias bem sucedidas entre universidades e instituições brasileiras e neozelandesas se constituem como incentivo para novos projetos e a Funai se mostra disposta a prestar apoio técnico naquilo que se fizer necessário”, declarou o presidente na ocasião.
Marcado pelo renascimento cultural da língua dos Maori, povo originário neozelandês, o país, mais uma vez, se mostra aberto aos intercâmbios culturais e linguísticos com o Brasil. Em 2015, o contato bem sucedido entre Maori e Kayapó, numa exposição no Museu do Índio/Funai, contou com apresentações de danças tradicionais e deu origem a uma peça única: uma embarcação construída pelos Maori e esculpida pelos Kayapó.
Quanto às parcerias nas pesquisas linguísticas, um exemplo de sucesso é da relação entre a Universidade de Massey e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para revitalização das línguas indígenas brasileiras com base no Kohanga Reo (ninhos de língua), responsável pela retomada da Te Reo Māori, língua dos nativos neozelandeses.
O Te Reo Maori, que já esteve prestes a desaparecer e, por muito tempo, carregou grande estigma e preconceito, tem tido grande crescimento na Nova Zelândia, após revitalização e valorização do idioma, que será oferecido em todas as escolas até 2025 e agora é definido como língua oficial do país. Os descendentes Maori e mesmo os brancos veem na divulgação da língua o retrato da modernidade nacional a partir das origens neozelandesas.
O fenômeno tem interessado outros países. Agora, a Nova Zelândia se dispõe a compartilhar com o Brasil os caminhos da valorização linguística. “Estamos em fase inicial de desenvolvimento de conceito de um seminário para troca de experiências em iniciativas de revitalização de línguas indígenas, que poderia acontecer entre instituições brasileiras e neozelandesas. Conversamos sobre uma ideia inicial”, completou Langley.
Kézia Abiorana
Assessoria de Comunicação / Funai
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