Espécie, que até o momento só foi encontrada na região de Belém (PA), deve ter vindo para o Brasil em navios que passaram pelo Caribe.
Roupas made in Vietnã. Eletrônicos made in Coreia do Sul. Brinquedos made in China. Lagartixas made in Ásia. Lagartixas?! Sim, lagartixas asiáticas em território brasileiro. Além dos inúmeros produtos nas prateleiras, também temos pequenos vertebrados orientais em solo nacional. Mas como elas vieram para cá? Qual o impacto das lagartixas asiáticas no nosso meio ambiente?
Foi em um vaso de plantas de seu apartamento que a bióloga Teresa Cristina Avila Pires, da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, que mora há 35 anos em Belém (PA), descobriu o primeiro exemplar da espécie juntamente com seu marido, o também pesquisador Marinus Hoogmoed. A descoberta científica ocorreu há cerca quatro anos e foi a primeira vez que uma lagartixa da espécie Lepidodactylus lugubris foi encontrada no Brasil.
Especialista em répteis e anfíbios, Teresa conta que essa espécie, até o momento, só foi encontrada na região de Belém e deve ter vindo para a localidade em navios que passaram pelo Caribe. Originário da Ásia, o pequeno animal já foi encontrado na região caribenha e em países da América Latina, como Colômbia e Suriname. A explicação mais provável para a chegada ao Brasil, portanto, é que o animal tenha vindo em navios que aportaram em Belém.
Com uma capacidade de reprodução extraordinária, essas lagartixas, por enquanto, não preocupam a cadeia alimentar da região e nem devem provocar danos ao meio ambiente. “Na Caatinga e no Cerrado há mais espécies de répteis com as quais talvez viesse a competir”, conta Teresa. Outra curiosidade é que só existem fêmeas dessa espécie. “Um indivíduo já se reproduz. Elas produzem ovos que não precisam ser fertilizados”, explica Teresa. Elas botam dois ovos por vez; possivelmente várias vezes ao ano. “Bom para colonizar um local”, brinca Teresa.
Características
No momento, ela e Hoogmoed seguem monitorando a espécie asiática, que emite pequenos e baixos sons e está mais ligada a plantas . Isso porque ela se alimenta de insetos, do néctar das plantas e ainda gosta de geleia. O bom gosto gastronômico é só mais uma peculiaridade deste pequeno réptil. “Por ora, ela só está em ambiente urbano e não faz mal nenhum”, diz Teresa.
Os dedos das patas também são diferentes comparados com os da espécie de lagartixa mais comum dentro das casas no Brasil. Outra diferença é que a lagartixa asiática tem o hábito de enrolar e desenrolar a cauda lateralmente. Lagartixas são famosas por sua capacidade de se dispersar por longas distâncias, em parte por sua capacidade de flutuação utilizando detritos e pela possibilidade de acompanhar fluxos de transporte humano, como navios e aeronaves.
Sobre a Rede de Especialistas
A Rede de Especialistas em Conservação da Natureza é uma reunião de profissionais, de referência nacional e internacional, que atuam em áreas relacionadas à proteção da biodiversidade e assuntos correlatos, com o objetivo de estimular a divulgação de posicionamentos em defesa da conservação da natureza brasileira. A Rede foi constituída em 2014, por iniciativa da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.
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