Lideranças de povos indígenas e movimentos sociais realizaram, na capital do Pará, ato que mirava o desmonte da Fundação Nacional do Índio (Funai), mas acabou juntando outras demandas, como as questões de saúde, educação e a situação dos venezuelanos.

Ato na capital Belém vê como ‘ameaça viva’ à sobrevivência dos povos indígenas no Brasil após o decreto da MP 870 (Foto/Pedrosa Neto/Amazônia Real)

“Em reunião, no Conselho Nacional de Saúde, o governo disse que vai tomar medidas para municipalização da saúde indígena por causa de corrupção. Mas por que isso existe? Porque são os próprios indicados pelos políticos que fazem isso”, protestou Ronaldo Amanayé, vice-presidente do Conselho Deliberativo da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).

“Assim como nossos ancestrais lutaram pra resistir, o nosso tema sempre é resistir para existir. Não simplesmente pela morte, mas pela invasão das terras e pela ação de missionários. Agora, nesse atual governo, isso se torna uma ameaça viva porque desmontou a Funai, passando a responsabilidade para o agronegócio”, criticou Eliniete de Jesus Fidélis, estudante de Medicina e liderança das etnias Baniwa e Baré.

O ato partiu do Teatro da Paz, na praça da República, e percorreu as ruas do centro da capital paraense no fim da tarde dessa quinta-feira (31), unindo-se ao #JaneiroVermelho nacional. “Estamos felizes por contar com não-índios na luta”, afirmou Ronaldo Amanayé, da aldeia Ararandewa, no município de Goianésia, no sudeste do estado. “Somos os verdadeiros donos da terra, verdadeiros brasileiros, mas nesse governo somos os mais prejudicados. Demarcação já, saúde para indígenas, para que possamos sobreviver. Digo uma coisa: junte-se a nós! Para que possa ser esse um país de todos.”

A principal reivindicação dos indígenas na educação refere-se à Bolsa Permanência dos indígenas. “A escola pública é para todos: indígena, ribeirinho, pobre. O ministro [da Educação, Ricardo Vélez Rodrigues] disse que é para a elite, mas a universidade pública é para todos”, declarou Virginia Arapaso, presidente da Associação dos Estudantes Indígenas da Universidade Federal do Pará. “Estamos juntos afirmando que essa luta é de todos contra essa conjuntura.” Na UFPA, há cerca de 180 estudantes indígenas, pertencentes a 40 povos indígenas de todo o Brasil.

Indígenas venezuelanos também participam da manifestação. A principal reivindicação da etnia Warao é a construção de um abrigo que possa receber os cerca de 530 indígenas que vivem na cidade. Hoje, a prefeitura de Belém garante abrigo para 100 venezuelanos. “Temos muito tempo pedindo ajuda para todos os indígenas, para que vivam bem, para que comam bem. Há crianças vivendo pela rua, há mulheres vivendo pela rua”, denunciou Fred Cardona, liderança dos Warao.

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