As especificidades do café produzido pelos Suruí, Aruá e Tuapari têm conquistado espaço no cenário nacional e mundial. Considerado o segundo melhor café orgânico num concurso na Suiça, em 2017, e alcançando posições de destaque no Concurso de Qualidade e Sustentabilidade do Café de Rondônia, em 2018, o robusta amazônico cultivado indígenas rondonienses poderá, em breve, ser distribuído a todo Brasil.
A proposta é do Grupo 3 Corações, maior indústria de café do Brasil, que tem intenção de comprar toda a produção indígena por um preço mais elevado que o da venda comum numa parceria que envolve não só a comercialização, mas uma série de ações continuadas como apoio para plantio, capacitação na pós colheita e a certificação do café como orgânico.
Arildo Suruí, secretário-geral da Metareilá, uma das cooperativas indígenas envolvidas, torce pela concretização do projeto: “Eu fico bastante feliz por essa conquista, ainda mais por se tratar do povo Suruí e da nossa produção. Estou confiante nessa parceria que iniciamos.”
Na última semana (23 e 24), com apoio logístico da Funai, diretores da empresa se reuniram aos representantes da Cooperativa de Produção e Desenvolvimento do Povo Indígena Paiter Suruí (Coopaiter) e da Associação Metareilá, em Rondônia, para iniciarem as tratativas. Além da Coordenação Regional (CR) de Cacoal, Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Câmara Setorial do Café do Estado de Rondônia e Prefeitura de Cacoal também participaram da reunião. Na ocasião, a comitiva pôde conhecer de perto as lavouras Suruí nas aldeias Joaquim, Gamir e La petanha, onde, só nessa última, estima-se que a plantação conte com 74 mil pés de café.
Para Pedro Lima, presidente do Grupo 3 Corações, a iniciativa sustentável tem grande sinergia com a personalidade da empresa, que procura valorizar a diversidade cultural que existe no Brasil. “Hoje, estamos tendo uma oportunidade única de unir em um Projeto três grandes riquezas do país: a cultura dos povos indígenas, o café e a maior floresta tropical do mundo, a Floresta Amazônica”, comemora Lima.
Produção
Ricardo Prado, coordenador regional em Cacoal, explica que os Suruí cultivam café há mais de 30 anos quando, após a desintrusão de colonos devido o reconhecimento do território como de posse permanente indígena, deram continuidade às lavouras abandonadas. Já os Tupari e Aruá, da Terra Indígena Rio Branco, cultivam o café há apenas quatro anos, com apoio da Embrapa e da Prefeitura de Alta Floresta. ” Ao todo, calculamos mais de 300 mil pés de café plantados em 27 aldeias”, mensura o coordenador.
Para Juan Scalia, Coordenador-Geral de Promoção ao Etnodesenvolvimento, o sucesso dessa produção cafeeira está relacionado a uma lógica de planejamento territorial e ambiental peculiar das terras indígenas, que concedem propriedades específicas para o café. “A Funai tem atuado junto aos povos indígenas para valorizar essas singularidades e promover seus modos de produção em parceria com diversas instituições.”
Localmente, a Funai provê o apoio em vários estágios do processo desde à preparação da terra, o transporte de mudas e produtos, o fornecimento de materiais, às articulações com outros órgãos para manutenção de instrumentos, capacitação de produtores e outros tipos de parceria.
FONTE: FUNAI
Fotos: Renata Silva
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