O livro Éxodo Venezolano: Entre el Exilio y la Emigracion, publicado em 2018 e distribuído gratuitamente na internet (confira link aqui) traz um conjunto de artigos que tratam do processo migratório de parte da população venezuelana em vários países, permitindo uma reflexão das origens das crises migratórias, na perspectiva do debate político, social e econômico atual que gera impactos nestes países.

Dentre os artigos sobre a temática, há um que trata da “Imigração venezuelana no Brasil: perfil sociodemográfico e laboral”, de autoria dos professores Gustavo da Frota Simões, da Universidade Federal de Roraima; Leonardo Cavalcanti, da Universidade de Brasília (UnB) e Observatório das Migrações Internacionais (OBMigra/Brasil) e; Antônio Ribeiro de Oliveira, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e também do OBMigra/Brasil.

O texto visa analisar o perfil sociodemográfico e laboral dos imigrantes venezuelanos em Roraima, principal porta de entrada e destino da imigração venezuelana no Brasil.

Na introdução do artigo, os autores contextualizam que a Venezuela atravessa uma crise econômica e política, com impactos sociais que necessita de múltiplos olhares das pessoas interessadas na compreensão mínima das complexas causas deste fenômeno. “Os resultados da pesquisa aqui apresentados são pioneiros no Brasil. Trata-se de uma pesquisa descritiva conclusiva ocasional com método de coleta de dados de comunicação pessoal”.

A pesquisa revela, dentre outros dados, que a maior parcela das pessoas que chegam ao estado de Roraima é de solteiros, com 53,8% do total de entrevistados, sendo 56,4% homens e 49,4% mulheres. Com relação à escolaridade, diz o texto que “os migrantes venezuelanos em Boa Vista apresentam altos índices de educação formal. Desses, 28,4% do total possuem ensino superior completo, somados aos 3,5% que possuem Pós-Graduação, esse percentual sobe para 31,9% de migrantes que possuem pelo menos ensino superior completo”.

O artigo traz análises qualitativas e quantitativas, demonstrando que o aumento da imigração venezuelana é percebida de diferentes formas. “Em primeiro lugar, pelos diferentes discursos da mídia, político, acadêmico, entre outros. Em segundo lugar, pela visibilidade, especialmente da população indígena da etnia warao, nas cidades de Pacaraima e Boa Vista”.

Ainda na análise, os autores consideraram outro demostrativo que são os dados estatísticos institucionais, como o número de solicitantes de refúgio venezuelanos, que saltou de 280 em 2015 para 11.083 até abril de 2018. “Além das solicitações de refúgio, outra modalidade utilizada para regularização dessa migração foram os pedidos de residência: 106, em 2015; 121, em 2016; 4.955, em 2017 e; 4.268 até abril de 2018. Para os autores a maioria dos venezuelanos solicitou refúgio em Roraima, nos anos de 2016 a 2018.

“Interessante destacar que há muitas pessoas oriundas do Estado Bolívar (26,3%), mas também há uma parcela significativa de pessoas vindas de Caracas (15,4%), Monagas (16,3%), Anzoátegui (13,1%) e Carabobo (7,4%), regiões essas mais afastadas da fronteira entre o Brasil e a Venezuela”, diz no texto do artigo, considerando 24 províncias venezuelanas identificadas.

O professor de Relações Internacionais da UFRR, Gustavo Simões, diz que o livro tem diversos outros capítulos sobre migração venezuelana em países como Peru, Colômbia e Espanha. “É leitura obrigatória para entender de uma forma mais completa esse fenômeno”, ressalta.

FONTE: UFRR

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