Lideranças extrativistas, governo, acadêmicos e ONGs se reúnem no Acre para discutir o legado de Chico Mendes, 30 anos após sua morte. ICMBio e MMA lançam publicações durante o evento.

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Cerca de 600 pessoas estão reunidas em Xapuri, desde o último dia 15 para o evento Chico Mendes 30 anos: uma memória a honrar, um legado a defender. Um dos pontos altos do encontro foi o depoimento de lideranças, artistas e acadêmicos que relembraram o momento histórico da luta liderada por Chico Mendes, que coordenou os chamados “empates”, quando os seringueiros impediram a apropriação dos seringais por fazendeiros.

Personalidades como Raimundão (o líder extrativista Raimundo Bezerra), o antropólogo Mauro Almeida, o líder indígena Ailton Krenak e a atriz Lucélia Santos estão entre os que falaram sobre a organização dos seringueiros e o papel essencial de Chico Mendes como liderança que soube unir a defesa do meio ambiente à luta pela cidadania, dando visibilidade internacional a povos até então completamente invisíveis.

Um dos principais legados desta luta é a criação das Reservas Extrativistas. Comunitários de Resex de toda a Amazônia e também de outras regiões do país se fizeram presentes, discutindo temas como fortalecimento das cadeias produtivas, protagonismo das mulheres, modelos de organização e perspectivas para o futuro.

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Durante o evento foi realizada a entrega do Prêmio Chico Mendes, sendo também homenageadas 30 personalidades que contribuíram para o fortalecimento da luta dos povos da floresta e para a conservação do meio ambiente.

Entre eles estavam o líder extrativista Manoel Cunha, gestor da Resex Médio Juruá e Waldemar Vergara, do ICMBio, in memoria, por seu trabalho na criação das Resex Extrativistas Marinhas do Pará.

Hoje (17) foi realizado o lançamento de duas publicações: o lançamento do Catálogo da Sociobiodiversidade, produzido pelo ICMBio, e o livro “Fortalecimento Comunitário em Unidades de Conservação”, do MMA, que narra experiências bem-sucedidas apoiadas pelo Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa).

O Diretor de Ações Socioambientais do ICMBio, Cláudio Maretti, ressaltou na abertura do encontro que um dos marcos mais significativos de vida e da militância de Chico Mendes foi um importante pacto social. “E as Resex são produto deste pacto. A partir desse marco, a conservação da natureza e a defesa das populações extrativistas se tornaram uma só”, defendeu.

Em outra mesa, ele lembrou que neste momento há uma estrutura de diálogo entre o governo e os extrativistas, resultado da demanda das organizações, que é a Comissão Nacional das Resex, que propôs uma regulamentação, tornando mais claro os papeis das instituições. Para Maretti, é indispensável ter essa noção de alianças. “Estamos a serviços de extrativistas. O futuro depende de reforçarmos esta aliança”.

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