Mais da metade do desmatamento praticado na Amazônia no mês passado ocorreu em assentamentos rurais, atingindo aproximadamente 100 quilômetros quadrados (ou 10 mil hectares).
Sete dos 10 assentamentos com mais desmatamento se localizam no Pará. A situação é mais grave nas duas áreas do PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustentável) Liberdade, em Pacajá.
O Pará foi responsável por 60% dos desmatamentos registrados em outubro pelo Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), com sede em Belém. Mato Grosso ficou com 12%. Rondônia (9%), Acre (8%), Amazonas (6%) e Roraima (5%) vieram depois. Veja os dados aqui.
Dos 10 municípios considerados críticos na Amazônia, seis ficam no Pará, que abriga sete dos 10 assentamentos mais desmatados em outubro, quatro das 10 unidades de conservação e quatro das 10 áreas indígenas no topo da destruição de floresta.
No total, foram desmatados 187 quilômetros quadrados (ou quase 20 mil hectares), 28% a menos do que no mesmo mês do ano passado, quando a derrubada alcançou 261 km2. Mato Grosso, que em 2017 foi o principal agente, ficou bem abaixo neste ano: 12% do total.
Por causa da devastação no assentamento Liberdade e Liberdade I, Pacajá foi o município mais desmatado. Perdeu 45 km2 da sua floresta. O segundo foi Portel (25 km2), seguindo-se, com áreas muito menores, São Félix do Xingu, Altamira, Itupiranga e Óbidos. O PDS foi criado pelo Incra entre 2005 e 2006.
Em 2007, o Ministério Público Federal propôs seu cancelamento na justiça. Esse e outros assentamentos foram considerados inexistentes, criados apenas no papel. Não dispunham de licenciamento ambiental nem estudos socioeconômicos. Também não atendiam os clientes da reforma agrária e ainda, em alguns casos, suas áreas estavam superpostas a unidades de conservação federais.
Como ainda não foram extintos, esses assentamentos servem aos desmatadores. E desservem a Amazônia.
Em 2018, apesar da tendência geral de queda no número de focos de calor na Amazônia Legal, estados críticos em desmatamento registraram mais fogo (Foto: Daniel Beltrá/Greenpeace)
FONTE: AMAZÔNIA REAL