Eliana Lima - Embrapa Meio Ambiente

Aconteceu na Embrapa Meio Ambiente, em 31 de outubro, simpósio interno de divulgação e discussão de resultados obtidos em projetos de pesquisa concluídos entre 2017 e 2018.

O pesquisador Osvaldo Cabral, coordenador do projeto Observação e modelagem das emissões dos gases de efeito estufa (CO2, CH4 e N2O) em plantação de cana-de-açúcar, falou sobre as medições contínuas dos fluxos de vapor de água e dos gases de efeito estufa (GEE) metano (CH4), óxido nitroso (N2O) e dióxido de carbono (CO2), realizadas em plantação comercial em área de colheita sem queima (Pirassununga, SP) utilizando-se o método da covariância de vórtices.

O balanço dos fluxos acumulados durante os dois anos de observações que incluíram as colheitas e adubação nitrogenada, indicaram que a plantação foi um sumidouro de carbono, apesar da variação entre um ano e outro ter sido da ordem de 76%, em função de condições climáticas e fatores do sistema produtivo, como a ocorrência de pragas.

Em seguida, foi apresentado o projeto Desenvolvimento de tecnologia sustentável para tratamento pós-colheita de frutas pela integração de métodos alternativos de controle sem deixar resíduos tóxicos, coordenado pelo pesquisador Daniel Terao.

É uma combinação de processos físicos com o uso de água quente aspergida em temperaturas mais elevadas que as atuais, seguido do resfriamento em jatos de água fria ozonizada para interromper o processo térmico e a aplicação da irradiação com luz UV-C, sem deixar resíduos tóxicos e com maior prazo de validade e comercialização, e para prolongar o efeito, pulveriza-se extratos naturais de plantas e de biocontroladores à base de leveduras isoladas de frutas.

O controle biológico e técnicas alternativas para o manejo do psilídeo-dos-citros, projeto coordenado pelo pesquisador Luiz Alexandre Nogueira de Sá, abordou o desenvolvimento de produtos biológicos e técnicas alternativas efetivas para o manejo da praga cítrica, o psilideo-dos-citros, em pomares de citros no país, avaliando-se as alternativas de controle biológico desse inseto para áreas com a ocorrência da doença HLB.

Mariana Silveira apresentou os resultados do projeto Uso de bioindicadores para avaliação da qualidade da água no cultivo da tilápia. A pesquisadora destacou o sistema web com Banco de Dados coletados nos viveiros escavados do interior paulista, contendo os principais grupos de organismos bentônicos encontrados, a parasitofauna de peixes e a avaliação da qualidade da água dos viveiros.

O projeto Inventários de Ciclo de Vida de produtos agrícolas brasileiros: uma contribuição ao banco de dados Ecoinvent, apresentado pela pesquisadora Marilia Folegatti, disponibilizou mais de 100 inventários de ciclo de vida da produção agrícola brasileira no Ecoinvent, banco de dados suíço de Avaliação do Ciclo de Vida que possui abrangência internacional, e ainda no Banco Nacional de Inventários do Ciclo de Vida – SICVBrasil.

O trabalho sobre microbioma da rizosfera de cultivares modernos e antigos de trigo, de Rodrigo Mendes, chefe de P&D da Unidade, abordou como a domesticação das plantas pode ser encarada como um marco importante na história da humanidade. Contudo, esse processo acarretou uma evidente redução no padrão de diversidade genética de espécies de culturas melhoradas, em comparação a seus ancestrais selvagens.

A forma como a diversidade genética reduzida afetou as relações de plantas e microrganismos no solo só recentemente vem sendo desvendada e alguns pesquisadores buscam entender com mais clareza esse processo. As investigações nesse estudo permeiam a relação genética, os traços fenotípicos da raiz e a composição da comunidade de rizobactérias de exemplares selvagens e modernos de trigo.

O pesquisador Luiz Octávio Ramos Filho finalizou as apresentações de resultados,  falando sobre o monitoramento e avaliação econômica de sistemas agroflorestais agroecológicos: estudos de caso no estado de São Paulo. Conforme o pesquisador, o desenvolvimento de estratégias e ações relacionadas ao monitoramento de curto, médio e longo prazo de Sistemas Agroflorestais (SAFs), implantados no âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural Sustentável (PDRS), considera aspectos ecológicos, edáficos, econômicos e sociais.

A programação incluiu também duas palestras. Na primeira, o Chefe Geral da Embrapa Meio Ambiente Marcelo Morandi apresentou o Programa RenovaBio, onde falou do histórico de construção dessa política pública, desde 2017, na qual a Embrapa prestou contribuição destacada, sobretudo na coordenação da elaboração da metodologia da RenovaCalc, a partir do convite do Ministério das Minas e Energia (MME).

Morandi falou sobre as bases de avaliação do Ciclo de Vida (ACV) dos biocombustíveis, como via para a geração da nota de eficiência energética-ambiental desses produtos na usina e sobre a construção das parcerias ao longo do processo. Ele explicou que a RenovaCalc é fruto de uma ampla parceria entre a Embrapa, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o Centro Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), o Agroicone, apoiados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e Ministério de Minas e Energia (MME).

A RenovaCalc, ao final, se caracterizou como a base da implementação do RenovaBio, a ferramenta usada pelo setor para a comprovação do desempenho ambiental da produção de biocombustíveis pelas usinas. O processo envolveu os mais diversos setores da sociedade civil, de governo, entidades ligadas ao setor de bioenergia e da cadeia de produção de insumos, instituições científicas e universidades, em prol da formatação de uma ampla política pública de descarbonização da matriz energética brasileira, sobretudo no setor de transportes.

“Essa foi uma experiência que demonstrou o quanto a ciência é capaz de influir positivamente na harmonização dos interesses políticos e econômicos, inerentes desse tipo de processo”, destacou ele. Morandi também lembrou que apoiar e subsidiar políticas públicas é um compromisso expresso no arcabouço das missões da Unidade.

Na outra palestra, Sílvia Massruhá, chefe geral da Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP) abordou a agricultura Digital (Agro 4.0) – da biotecnologia ao big data, à agricultura sustentável e inteligente. Conforme Silvia, a tecnologia empregada no campo foi determinante para que a agricultura brasileira alcançasse o patamar atual. A evolução é contínua e agora se consolida uma nova era de tecnologia agrícola. “É importante relembrar a transformação na agricultura como um todo”, frisou.

Silvia também destacou o papel estratégico das TIC em todas as fases de pré-produção, produção e pós-produção visando uma agricultura sustentável sobre as 3 dimensões: ambiental, econômica e social. Neste escopo, foi apresentado o foco de atuação da Embrapa Informática Agropecuária bem como algumas tecnologias geradas para agricultura e pecuária.Além disso, diante dos desafios apresentados na agricultura, principalmente o de aumentar a produção agrícola sem ampliar significativamente a área plantada, surgem novas oportunidades para a utilização de inovações na área de TIC.

Foram também abordadas as tecnologias disruptivas e como sua integração contribui para a implantação da agricultura digital, também conhecida como agricultura 4.0, nesse contexto de geração de grande volume de dados (bigdata) provenientes dos sensores, drones e máquinas agrícolas na era da Internet das Coisas (IoT).

Todas essas informações geradas, armazenadas e processadas, utilizando técnicas de inteligência artificial (analytics), geram conhecimentos, alertas e comandos para tratores e implementos agrícolas, que atuam no campo, levando ao surgimento das fazendas inteligentes do futuro que visam garantir a segurança alimentar para os próximos anos.

Foto: Eliana Lima – Embrapa Meio Ambiente

Cristina Tordin (MTB 28499)

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