Por todo o perímetro nacional, povos indígenas e pequenas comunidades de regiões de preservação ambiental têm lutado para manter o território em que habitam livre de atividades depredativas.

Para executar o curso proposto pela Akanemã, a PROSA contou com o apoio da Funai, ICMBio, Ibama, órgãos públicos locais e instituições privadas. Foto: PROSA

 

Na região sudeste do Pará, a situação não é diferente. As crescentes ameaças provenientes dos empreendimentos no município de Altamira levaram os povos Arara, Xipaya e Kuruaya a se mobilizarem em busca da capacitação adequada para a atividade de vigilância.

Durante o mês de setembro, cerca de 30 indígenas participaram do curso de guarda-parque fomentado pelas Associação Akanemã em parceria com a Prosa, empresa de consultoria em projetos ambientais, com recursos do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável (PDRS) e da Norte Energia.

A Prosa foi responsável por toda a execução do curso contando com a parceria da Funai, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), além do apoio da Unileya, Universidade Federal do Pará e alguns órgãos locais.

Guardaparqueindigena

Indígenas comemoram conclusão do curso de guarda-parque. Foto: Kézia Abiorana/Ascom

Raoni da Rosa, um dos servidores da Coordenação Regional Centro-Leste do Pará que acompanhou o projeto, define que a ideia do curso de guarda-parque indígena é tentar auxiliar os participantes com as atividades de vigilância que já fazem no território, contribuindo para o protagonismo indígena na atividade, mas de forma a capacitá-los para que o façam da maneira menos arriscada possível.

A entrega dos certificados aos concluintes foi realizada no evento de inauguração da sede da Coordenação Regional Centro-Leste do Pará, na última terça-feira de novembro (18), em Altamira/PA.

Representantes das instituições envolvidas estiveram presentes para prestigiar os novos guarda-parques indígenas e não pouparam palavras para os aconselhar e parabenizar pela conquista.

Leonardo Konrath, Chefe do Núcleo de Gestão Integrada (NGI) do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), aproveitou a ocasião para conscientizar os formandos: “É disso que o Brasil precisa hoje: de pessoas que queiram fazer a diferença, arregaçar as mangas e se colocar à disposição da coletividade. Espero que vocês, como guardas-parque, façam essa diferença. A responsabilidade é grande.”

leoxipaya

Léo Xipaya, cacique da aldeia Kujubim e associado da Akanemã foi um dos participantes do curso. Foto: Kézia Abiorana/Ascom

O PROJETO

Léo Xipaya, cacique da Aldeia Kujubim, explica como planejaram propor o curso de guarda-parque indígena: “Nós [Xipaya] entramos em contato com o povo Arara da Terra Indígena Cachoeira Seca e com os Curuaia e pensamos numa maneira de fazer a gestão do território. Houve também um intercâmbio para aprendermos com os Yudja, indígenas do Mato Grosso, que já promoveram um curso de guarda-parque na região deles.”

O cacique destacou, ainda, a importância que deram para a inclusão dos povos de recente-contato na gestão compartilhada do território.

Raoni da Rosa acrescentou que foram realizadas oficinas com as comunidades e instituições apoiadoras para que fosse definido o currículo do curso, sempre de maneira a valorizar os conhecimentos locais. “A Funai ministrou algumas oficinas junto ao Corpo de Bombeiros Militar, o Exército e o Ibama. A gente falou sobre legislação indígena, comunicação escrita, sobre a importância de qualificar os dados de ilícitos, entre outros assuntos. As atividades foram desde rodas de conversa até atividades práticas, incluindo dramatizações de situações de risco”, completou.

Kézia Abiorana    –    Assessoria de Comunicação/Funai