Agricultores familiares das etnias Aruá, Suruí e Tupari ficaram entre os melhores produtores de cafés finos em Rondônia. Valdir Aruá e Luan Suruí conquistaram, respectivamente, o 2º e 8° lugares no Concurso de Qualidade e Sustentabilidade do Café de Rondônia – Concafé. Outro destaque foi o jovem Vagner Tupari, de 18 anos, cuja nota de avaliação (acima de 80) o classificou entre os 20 melhores cafés especiais da competição.

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A família de Valdir Aruá (à direita, de cocar) recebeu o prêmio de R$ 8 mil pelo 2º lugar no concurso de cafés especiais em Rondônia. (fotos: Embrapa/RO)

Produtor familiar de Alta Floresta d’Oeste/RO, Valdir Aruá disse que a família planta café há seis anos, com o incentivo de não-índios e demais parceiros. “Eu estou muito feliz e orgulhoso por ser o primeiro indígena, daqui de Rondônia, a estar entre os ganhadores deste concurso”, agradeceu Valdir Aruá durante a cerimônia da premiação realizada na cidade de Cacoal (RO), no dia 21 de setembro. Cerca de 132 cafeicultores de 24 municípios rondonienses participaram do concurso realizado pela Emater-RO em parceria com a prefeitura de Alta Floresta d’Oeste.

Parceiros  

A Fundação Nacional do Índio presta apoio ao Povo Suruí por meio de duas Coordenações Técnicas Locais: CTL Cacoal I (em Rondônia) e CTL Rondolândia (em Mato Grosso). Já a assistência ao Povo Tupari é feita pela CTL Alta Floresta I, também no estado de Rondônia. A Embrapa desenvolve um projeto de cultivo de café com os povos Tupari e Aruá na Terra Indígena Rio Branco. Com o apoio da Emater-RO, a etnia Suruí também visa a produção dos cafés de qualidade.

Cafeicultura indígena  

Em publicação da Embrapa Rondônia, o pesquisador Enrique Alves diz que a cafeicultura familiar nas aldeias enfatiza a sustentabilidade. “A produção de cafés especiais renovou nesses indígenas a preocupação com o meio ambiente e reforçou a vontade de ser sustentável e orgânico, preservando e interagindo com a floresta. Inclusive, desistiram da praticidade dos herbicidas em prol da capina mecânica e já pensam em proteger o solo com adubação verde nas entrelinhas”, salienta.

Conforme explica Alves, a agricultura sustentável pode alcançar o equilíbrio entre geração de renda, melhoria de vida nas aldeias e preservação da floresta. Isto porque o cultivo do café “se adapta tanto a cultivos a pleno sol quanto arborizado e possui alta rentabilidade por área, resultando em menor dependência de grandes lavouras para proporcionar a viabilidade do módulo produtivo”. 

Com uma abordagem contextualizada, Alves ressalta que os índios não vivem apenas da caça e coleta de alimentos. Por séculos, eles também aprenderam como conservar sementes e frutos. “Possuem, em sua tradição, o cuidado e o amor à terra e ao meio ambiente. Têm uma forma simples de agricultura e são extremamente seletivos no momento da colheita. E são essas as características principais que fazem dos indígenas potenciais produtores de cafés finos”, afirma.  

Assessoria de Comunicação Social – Funai

com informações das CTL’s Cacoal I e Alta Floresta I