Palestrante convidado da 55ª Reunião do Grupo de Estudos Estratégicos da Amazônia (GEEA) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC), ex-secretário de Cultura do Estado do Amazonas, Robério Braga, diz que seus principais legados são os programas de formação e espetáculos de grande porte, a exemplo de Ópera e de Cinema que preparam profissionais para a atividade. Braga ficou por mais de 20 anos na gestão da SEC.

Braga propôs uma pluralização do tema apresentado – ‘Culturas nas Amazônias’, pela complexidade que se apresenta. Para ele, a cultura é fundamentalmente um conjunto de heranças que vão se modificando, mesclando e se constituindo num determinado processo histórico, numa forma de representação daquele grupo humano. E nas Amazônias essas culturas apresentam uma diversidade rica, poderosa e que “impermite a consideração de una, mas múltipla, e permanentemente transformadora”.

 

GEEA Robério Braga Foto Ingrydd Ramos INPA 12

 

“Acredito que meu principal legado como gestor da cultura no Amazonas são os programas de formação que oportunizaram aos jovens a satisfação de suas expectativas, no teatro, na dança, na música. As escolas de arte, universidades, o Cláudio Santoro, os espetáculos de grande porte que prepararam os profissionais para a atividade, sem desconhecer os aspectos daquela cultura chamada tradicional, clássica, representativa da comunidade”, afirmou Braga.

Para o palestrante, o papel do poder público é o ponto crucial, quando se debate cultura, e que a gestão pública nacional tendeu nos últimos anos a focar apenas na cultura como raiz. O poder público, segundo ele, não pode ter um olhar concentrado. “Se compreendemos que temos a expressão de várias culturas, outros aspectos precisam ser considerados. Assim, as oportunidades que o poder público deve propiciar também devem ser múltiplas, sem privilégios de qualquer natureza, sem fechar o foco. Deve-se abrir o foco e qualificá-lo”, afirmou.

 

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Para o poeta, músico e compositor, Celdo Braga, a palestra foi elucidativa e interessante sobre os conceitos de cultura. A reunião do GEEA aconteceu na última quinta-feira (18), no Inpa. “Infelizmente, hoje não temos uma relação muito efetiva com o lado simbólico que envolve a cultura como referencial nosso. Por exemplo, nós não gostamos da nossa floresta, nós não sabemos uns cinco nomes de árvores do nosso paisagismo, nós desprezamos o referencial mais importante da alimentação da Amazônia que é a farinha. Manaus não tem uma casa de farinha”, lembrou.

Para o pesquisador do Inpa e coordenador do GEEA, Geraldo Mendes, a palestra do Robério Braga foi muito didática e rica. “Inicialmente ele fez um apanhado geral teórico sobre os vários conceitos de cultura (e que ele graciosamente chamou de historieta) para depois entrar nas questões tipicamente amazônicas, trazendo exemplos ilustrativos na arte, nos rituais, na culinária e nos costumes”, disse Mendes. “Uma palestra magnífica e com interessantes inserções por parte dos depoimentos que se seguiram à apresentação”, completou.

O GEEA é um fórum permanente e multidisciplinar, formado por pesquisadores, professores, executivos e outros e que debatem temas relevantes sobre a Amazônia. Criado em 2007, o Grupo é coordenado desde então pelo pesquisador Geraldo Mendes, graduado em História Natural com doutorado em Biologia de Água Doce e Pesca Interior.

Com a presença de Robério Braga, a reunião abordou diversas vertentes e olhares a respeito da visibilidade cultural na região

Da Redação – Inpa

Fotos: Ingrydd Ramos