Rede de distribuição da Venezuela está com problemas e causando quedas de energia.
As constantes quedas de energia estão dando dor de cabeça em todos os roraimenses. Nos últimos dias cerca de três blackouts são registrados por dia. De acordo com a Eletrobras Distribuição Roraima, o problema está na falta de manutenção da rede de transmissão na Venezuela, que não é feita há tantos anos que a vegetação tomou conta das torres e qualquer chuva ou vento, um blackout acontece no Estado, e toda vez que há essas interrupções as termelétricas são acionadas e garantem o fornecimento de energia no estado. Ontem (12) os motores assumiram toda a rede elétrica às 11h30 e ficou funcionando até às 16h.
Em entrevista ao programa Rádio Verdade da rádio 93 FM, o presidente da Eletrobras Anselmo Brasil falou sobre essas interrupções. Segundo ele, essas interrupções não são propositais, e não estão relacionadas com a dívida do Brasil com a Venezuela.
“Isso não tem nada ligado a essa dívida, até porque nós temos o dinheiro para pagar, mas o país vizinho não pode receber em dólares, porque está sofrendo com os embargos impostos presidente dos Estados Unidos Donald Trump. A Colômbia e o Panamá também compram energia da Venezuela, em maior escala, e não conseguem pagar por causa dessas sanções. Por outro lado a Venezuela sabe que o problema é com eles, e que é melhor ter o que receber, do que cortar o fornecimento e não ter o que receber. E quando falta energia pra nós aqui, faltam para eles também, então não tem como a gente pensar que é proposital”, disse.
De acordo com o presidente da Eletrobras, o problema está na rede de distribuição da Venezuela, principalmente na Região de Las Claritas, onde a vegetação toma conta das torres de transmissão. Segundo Anselmo Brasil são quase mil pontos suscetíveis de interrupções.
“Esse é o grande problema técnico da distribuição de energia em Roraima, a vegetação que está envolvendo a linha de transmissão, então com qualquer chuva, qualquer vento mais forte pode ocasionar a suspenção no fornecimento de energia. A Venezuela não tem tecnologia nem pessoal capacitado para fazer a manutenção de uma rede viva, ou seja, para eles limparem toda essa vegetação, eles teriam que desligar todo o fornecimento, por vários dias”, enfatizou.
Para minimizar a incidência nos blackouts, a Eletrobras estuda fazer uma força tarefa, com profissionais e equipamentos brasileiros para realizar a manutenção na rede elétrica que começa no país vizinho. Anselmo Brasil explicou que faltam alguns detalhes para que essa operação se inicie.
“Nós conversamos com o Governo Federal eles estão cientes da nossa situação aqui, e estamos estudando a forma de entrar na Venezuela com as equipes da Eletrobras Roraima, da Eletronorte e, se for preciso, até reforço do pessoal do Amazonas para que a gente resolva esse problema da vegetação, são 80 km de rede que está precisando desse serviço, mas a gente só vai poder entrar na Venezuela com a autorização das autoridades venezuelanas, e quando tivermos a segurança total da nossa equipe, porque não vamos botar a vida dos nossos agentes em risco”, informou.
Anselmo Brasil informou que na final da manhã de ontem (12) a Venezuela informou a interrupção no fornecimento de energia para Roraima, e que essa suspenção da energia duraria cinco horas aproximadamente. De acordo com o presidente, durante essa interrupção, as termelétricas assumiram todo o fornecimento de energia.
“Quando é um desligamento programado, como o de ontem por volta das 11h, assumimos a rede e o fornecimento não é suspenso, e a gente manteve a energia com as termelétricas até às 16h, só que o consumidor não sentiu a mudança porque foi programado. Mas quando é por conta de problemas na rede, como esse da vegetação, a rede cai. Quando há um desligamento leva cinco minutos para o parque térmico reestabelecer a energia para o centro de Boa Vista que é a prioridade, por causa do hospital, das escolas, e cerce de 16 minutos para assumir toda a rede. Nós temos condições de fornecer energia para todos os municípios, através das termelétricas, alguns são com parques térmicos individuais, mas temos condições de gerar para todos”, reforçou.
A instabilidade da economia e da política na Venezuela preocupam as autoridades brasileiras e roraimenses que se preparam para o pior: o desligamento total do fornecimento de energia gerada pela Venezuela. Anselmo Brasil disse que esse risco, embora seja pequeno existe, mas que a Eletrobras está preparada para uma situação de emergência.
“O risco existe, mas a gente vem se preparando para que se isso acontecer os impactos sejam minimizados. Hoje as termelétricas fornecem energia que a gente precisa, se eles desligarem lá, a gente liga a nossa aqui, temos no reservatório combustível para gerar energia por oito dias seguidos, e nosso tempo de reposição do diesel que vem de Manaus é de 22 horas, então não corremos o risco de ficar sem o fornecimento de energia”, disse.
De acordo com a Eletrobras, a quantidade de energia gerada pelas usinas termelétricas, suportam toda a capacidade do Estado, mas é mais barato usar a energia da Venezuela, além de ser menos poluente. Para o presidente da Eletrobras Anselmo Brasil, esses são os único motivo de Roraima ainda usar a energia do país vizinho.
“A gente gera energia com as usinas, mas é muito caro em comparação com a energia que a gente paga na Venezuela. O que podemos afirmar para a população é que elas não correm risco de ficar sem energia, mesmo que a Venezuela suspenda o fornecimento para Roraima”, finalizou.
Energia no Norte do País
A integração dos estados da região norte do país ao Sistema Interligado Nacional é recente. O Amapá foi ligado ao sistema nacional de distribuição em 2015, em 2009 foi a vez de Acre e Rondônia, em 2013 foi a vez do Amazonas, e em 2015 do Amapá.
Desde de 2012 a obra do Linhão do Turucí está licitada, mas está parada por intervenção de órgãos federais como o Ministério Público Federal (MPF), a Fundação Nacional do índio (Funai) e a Justiça Federal do Amazonas.
A Linha foi barrada em fevereiro de 2016, quando a licença ambiental para as obras foi suspensa. Em dezembro de 2017, o MPF conseguiu na justiça a anulação concedida pelo Ibama, travando, novamente a obra entre Manaus e Boa Vista.
No mês passado, o senador Romero Jucá (MDB), após reunião com o presidente Michel Temer, propôs dividir o licenciamento ambiental em duas partes: uma para área externa à área indígena, de 600 km e outro licenciamento para a área indígena Wamiri-Atroari, que compreende 120 km. O Ibama e a Funai concordaram com a proposta e estão providenciando a licença para instalação das obras.
FOTO: – Divulgação
FONTE: Roraima em Tempo http://roraimaemtempo.com/noticias-locais/-problemas-na-rede-de-transmissao-estao-causando-os-apagoes-diz-eletrobras-rr,281404.jhtml
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