Coordenados pela Rede Eclesial Pan-amazônica (REPAM), os preparativos para o Sínodo Especial para a Amazônia ou Sínodo Pan-Amazônico, que se realizará em outubro de 2019, no Vaticano, avançam a todo vapor.
Em vários setores representativos da sociedade, há uma grande preocupação com o evento, devido à notória influência do aparato ambientalista-indigenista internacional sobre os setores da Igreja Católica encarregados da preparação do mesmo. Até o momento, foram infrutíferas as tentativas de colaboração oferecidas, por exemplo, pelos setores produtivos. Em março, o Fórum das Entidades Empresariais do Pará (FEEP) enviou uma carta nesse sentido ao cardeal Cláudio Hummes, presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia e da REPAM, a qual sequer foi respondida pelo prelado (Alerta Científico e Ambiental, 06/09/2018).
Na semana passada, uma delegação da REPAM, encabeçada pelos cardeais Hummes e Pedro Barreto, esteve em Berlim, para reunir-se com representantes de várias organizações católicas internacionais envolvidas na preparação do Sínodo, entre elas a Coopération Internationale pour le Développement et la Solidarité (CIDSE), Cáritas Internacional, Caritas Espanhola, Manos Unidas, Alboan, Entreculturas, Comité Catholique contre la Faim et pour le Développement (CCFD), Secure Catholique, Adveniat, Misereor, Cáritas Alemanha e Porticus.
O secretário-executivo da REPAM, Maurício López, afirmou que o motivo da reunião foi “continuar as reuniões de trabalho realizadas desde a fundação da REPAM para garantir que as redes internacionais, que são parte deste processo, ajudem amazonizar (sic) o mundo”. Segundo ele, é preciso que as “redes internacionais assumam um papel de liderança em seus respectivos países”, com uma perspectiva de buscar “a defesa dos direitos humanos, para pressionar as empresas ou investimentos que têm um impacto sobre as atividades extrativas em toda a Pan-Amazônia (REPAM, 19/09/2018)”.
A reunião, disse, foi uma boa oportunidade para “gerar uma reflexão sobre o Sínodo Pan-Amazônico, sobre quais são as implicações desse modelo de desenvolvimento predominante no mundo, que é um sistema que não dá mais, que precisa ser mudado, todos chamados a uma sobriedade feliz, seguindo o chamado do Papa Francisco na [encíclica] Laudato Si’, e onde redes internacionais fazem o trabalho de incidência e sensibilização para incentivar mudanças que nos permitirão possibilidades de futuro”.
As palavras do secretário-executivo da REPAM não ocultam a intenção de pautar o Sínodo por uma demonização das atividades produtivas, que constitui uma das marcas registradas do aparato ambientalista-indigenista, razão pela qual a tentativa de aproximação do FEEP sequer foi considerada.
No evento, foi também decidido o lançamento de uma campanha internacional de “defesa da Amazônia à luz do Sínodo”, com a participação da REPAM e de algumas das entidades participantes.
Como não poderiam faltar, a reunião contou com dois representantes de povos indígenas amazônicos, Rosildo da Silva, do povo Jaminawa Arara (Acre), e José Orlando da Silva Araújo, da Rede Justiça nos Trilhos (Maranhão), engajada em uma série de contenciosos com a mineradora Vale.
Na oportunidade, Rosildo da Silva defendeu o trabalho do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), bem conhecido dos visitantes deste sítio, pedindo “à Igreja Católica para apoiar ainda mais a equipe do Cimi, para que tenham mais proteção e não acontecer nada de ruim com aqueles que estão ajudando, falando sobre a importância da Amazônia, da vida e da biodiversidade”.
No Brasil, Peru, Colômbia e Equador, têm ocorrido Assembleias Territoriais coordenadas pela REPAM, para articular a participação das comunidades na preparação do Sínodo (Vatican News, 24/09/2018).
Em Manaus (AM), o regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) dedicou a sua 46ª Assembleia ao tema “Causas comuns: meio ambiente, a causa indígena e migração forçada e tráfico de pessoas”. Como afirmou o secretário-executivo do regional Norte 1, diácono Francisco Andrade: “Estamos tratando das temáticas: indígenas, tráfico de pessoas e meio ambiente, na perspectiva do Sínodo para a Amazônia. Mais de cem pessoas participam: os bispos, coordenadores diocesanos de pastoral, as coordenações das pastorais e organismos, religiosos e religiosas, leigos e leigas, entre os quais 20 indígenas de várias etnias (REPAM, 27/09/2018).”
O regional Norte 1 abrange Amazonas e Roraima.
Neste link, é possível acompanhar o “Boletim do Sínodo”.
FONTE: MSIa INFORMA – Mobilização internacional pelo Sínodo Pan-Amazônico – Msia Informa
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