1) O Papa Francisco anunciou, durante sua visita ao Peru, em janeiro deste ano, a convocação do Sínodo dos Bispos para a Assembleia Especial para a Pan-Amazônia (https://www.cimi.org.br/wp-content/uploads/2018/06/Documento-Preparatorio-e-Questionario_Sinodo-Pan-Amazonico.pdf.), a realizar-se em Roma, em outubro de 2019. 

Segundo ele, “o objetivo principal desta convocação é identificar novos caminhos para a evangelização daquela porção do Povo de Deus, especialmente dos indígenas, frequentemente esquecidos e sem perspectivas de um futuro sereno, também por causa da crise da Floresta Amazônica, pulmão de capital importância para nosso planeta”. A iniciativa de realização do Sínodo foi uma proposta de um grupo de bispos brasileiros atuantes na Região Amazônica, e contará também com bispos de Peru, Equador, Bolívia, Colômbia, Suriname, Venezuela, incluindo a Guiana Francesa, como território ultramarino.

2) Sem deixar de reconhecer a existência de problemas reais na Região Amazônica, o Documento Preparatório do Sínodo se desvia claramente de qualquer legítima preocupação pastoral, para imiscuir-se em problemas que dizem respeito à soberania dos Estados, ao pressupor a existência de “nações indígenas”, fazendo-se repetidor do conceito de “econacionalismo”. De fato, o documento endossa as teses das organizações patrocinadas pelo Conselho Mundial de Igrejas (CMI), especialmente, o Instituto Socioambiental (ISA), o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e uma plêiade de organizações não-governamentais (ONGS), contrárias a qualquer forma do desenvolvimento da região, incluindo suas populações indígenas, que são as suas principais vítimas – rede vinculada a altos interesses econômicos e políticos de potências industrializadas da América do Norte e da Europa Ocidental.

3) Em relação ao Documento Preparatório, destacamos alguns incisos:

Na selva amazônica, que é de vital importância para o planeta Terra, desencadeou-se uma profunda crise, devido uma prolongada intervenção humana na qual predomina a “cultura do descarte” (LS 16) e a mentalidade extrativista. A Amazônia, uma região com rica biodiversidade, é multiétnica, pluricultural e plurirreligiosa, um espelho de toda a humanidade que, em defesa da vida, exige mudanças estruturais e pessoais de todos os seres humanos, dos Estados e da Igreja.

As reflexões do Sínodo Especial superam o âmbito estritamente eclesial amazônico, por serem relevantes para a Igreja universal e para o futuro de todo o planeta. Partimos de um território específico, do qual se quer fazer uma ponte para outros biomas essenciais do nosso mundo: Bacia Fluvial do Congo, corredor biológico mesoamericano, florestas tropicais da Ásia Pacífica e Aquífero Guarani, entre outros.

 

Nos nove países que compõem a Pan-Amazônia, registra-se uma presença aproximada de três milhões indígenas, constituída por cerca de 390 povos e nacionalidades diferentes. Vivem nesse território também, segundo dados de instituições especializadas da Igreja (por exemplo, o Conselho Indigenista Missionário do Brasil/CIMI) e outras, entre 110 e 130 “povos livres”, ou “Povos Indígenas em Situação de Isolamento Voluntário”. Além disso, nos últimos tempos, surge uma nova situação, constituída pelos indígenas que vivem no tecido urbano; alguns reconhecidos como tais, e outros, que desaparecem nesse contexto e, por isso, são chamados “invisíveis”. Cada um desses povos representa uma identidade cultural particular, uma riqueza histórica específica e um modo próprio de ver o mundo, e de relacionar-se com este, a partir de sua cosmovisão e territorialidade específica.

4) No Documento Preparatório, percebe-se que a orientação geral dos redatores está profundamente influenciada por uma ideologia misantrópica e, consequentemente, antidesenvolvimentista, que tem orientado a formulação das políticas públicas nas áreas ambiental e indígena, tanto no Brasil como em países com os quais compartilha o Bioma Amazônia.

5) Existe claramente o risco de que o Sínodo venha a resultar na chancela do Vaticano a toda a política ambiental-indigenista que tem provocado o vácuo de soberania na Região Amazônica, aí incluída a promoção do famigerado Corredor AAA (Andes-Amazônia-Atlântico), proposto pela Fundação Gaia Amazonas e oficialmente endossado pelo governo da Colômbia, o qual, se implementado, poderá colocar novos obstáculos aos já numerosos que têm sido colocados diante dos esforços de desenvolvimento da Região Amazônica.

6) Portanto, é fundamental uma mobilização sem precedentes na defesa do desenvolvimento e soberania brasileira sobre a Região Amazônica, até agora ignorada pelos órgãos públicos nacionais, submetidos de forma acrítica e passiva às pressões internacionais e, como nos casos da Funai e do Ibama, convertidos em autênticos enclaves neocoloniais dentro das estruturas do Estado.

FONTE:

 

VER MAIS EM: http://msiainforma.org/memorando-preliminar-sobre-o-sinodo-para-a-pan-amazonia-outubro-de-2019/

NOTA

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