O pirarucu é tema de diferentes projetos que estão no início.

Jefferson Christofoletti - O pirarucu é tema de diferentes projetos que estão no início

A Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO) lidera quatro projetos que estão começando e são financiados pelo Fundo Amazônia. São trabalhos em diferentes áreas e que envolvem parceiros no Norte do país, principal região de alcance do fundo. A operacionalização do Projeto Integrado para a Produção e o Manejo Sustentável do Bioma Amazônia está a cargo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Ao todo, a Embrapa aprovou 19 propostas. São 18 projetos que trabalham em diferentes vertentes, mas sempre buscando a redução do desmatamento, a recuperação de áreas degradadas e o uso sustentável do bioma. O outro projeto trabalha com comunicação e tem caráter transversal; portanto, procura transitar pelos demais projetos na perspectiva de divulgar seus resultados de maneira estratégica e mostrando complementaridade entre eles.

Isso tudo se dá por meio da produção e da socialização de conhecimentos e de tecnologias em projetos e em ações de pesquisa, de desenvolvimento, de transferência de tecnologia, de intercâmbio de conhecimentos e de comunicação rural. Foram priorizados territórios (regiões geográficas onde há comunidades tradicionais, assentamentos rurais e agricultores familiares) na Amazônia Legal, que engloba os sete estados do Norte do país, além do Mato Grosso e de parte do Maranhão.

Dos quatro projetos aprovados pela Embrapa sediada no Tocantins e que estão no início, três são na área de aquicultura e um na de pesca. O Peixe Mais Amazônia, liderado pela analista de transferência de tecnologia Marcela Mataveli, vai trabalhar com as espécies nativas tambaqui e pirarucu. Estão previstas ações presenciais no Tocantins, no Pará, em Rondônia e no Mato Grosso e ações de educação a distância em todo o bioma. Além disso, por meio do projeto deve ser criado um aplicativo móvel para divulgação de informações sobre as duas espécies, buscando popularizá-las e ampliar seu consumo.

Outro projeto aprovado na área de aquicultura, este sob a liderança da pesquisadora Luciana Shiotsuki, trata da fundação de bases genéticas para um futuro programa de melhoramento de tambaqui, o peixe nativo mais produzido em todo o país. O AmazonGen vai formar, organizar, orientar e acompanhar três núcleos de melhoramento genético nos estados de Rondônia, Amazonas e Tocantins. Nesses locais, o germoplasma de tambaqui será caracterizado com relação a três aspectos: diversidade, estrutura genética e parentesco genético. Também está previsto um aplicativo, em que serão organizados e armazenados dados reprodutivos coletados nos núcleos.

Inteligência territorial e pesca – O terceiro projeto aprovado no Fundo Amazônia refere-se a um Site (Sistema de Inteligência Territorial Estratégica) para a aquicultura na região. A ideia é reunir dados e informações hoje dispersos em diferentes fontes e locais, dando-lhes mais confiabilidade e permitindo, por exemplo, estudos mercadológicos e socioeconômicos. A cadeia produtiva da piscicultura continental amazônica como um todo será o recorte do projeto. O Site Aquicultura, liderado pelo analista de pesquisa Balbino Evangelista, terá informações de caracterização de diferentes quadros: natural, agrário, agrícola, infraestrutura, socioeconômico e aquícola. Tudo isso visando à gestão da aquicultura na Amazônia.

Já na área de pesca, a Embrapa sediada no Tocantins vai coordenar projeto que envolve monitoramento e manejo participativo da pesca artesanal como instrumentos de desenvolvimento sustentável em comunidades de três estados: Tocantins, Pará e Roraima. O Propesca, liderado pelo pesquisador Adriano Prysthon, vai monitorar de maneira piloto o desembarque de pescado por dois anos seguidos e simultaneamente em duas regiões da Amazônia: o médio Araguaia (envolvendo os estados do Tocantins e do Pará) e o Sul roraimense. Dez municípios, sendo quatro paraenses, três tocantinenses e três roraimenses, estão envolvidos no projeto, que utilizará modelo amostral já em uso em projeto no Pará, ajustando-o aos municípios dos outros estados.

Além desses quatro projetos, que lidam diretamente com pesquisa e com transferência de tecnologia, a Embrapa Pesca e Aquicultura está envolvida com o Amazocom. Integrado principalmente por profissionais de comunicação e de transferência de tecnologia, é um projeto transversal e visa a uma divulgação mais estratégica, direcionada aos públicos dos territórios priorizados pelos projetos do Fundo Amazônia e utilizando metodologia participativa. Entre as ações previstas, está a realização de oficinas de comunicadores populares nos nove estados da Amazônia Legal. Cabe à Embrapa Pesca e Aquicultura a coordenação das ações nos territórios trabalhados no Tocantins.

Complementaridade de projetos – Os projetos em que a Embrapa Pesca e Aquicultura está envolvida no âmbito do Fundo Amazônia apresentam, em certa medida, complementaridade com outros projetos que ou já estão em execução ou estão prestes a entrar nessa etapa. Um deles é o BRS Aqua, que trabalha com ações estruturantes para o desenvolvimento da aquicultura brasileira com foco em quatro cadeias produtivas: tambaqui, camarão, bijupirá e tilápia. Este é um projeto em parceria da Embrapa com o BNDES, seu principal financiador, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca (Seap), órgão ligado à Presidência da República.

Há ações do BRS Aqua programadas para estados fora da Amazônia Legal. Nesse sentido, esse projeto e os que a Embrapa Pesca e Aquicultura está começando no âmbito do Fundo Amazônia se complementam, tanto em termos de regiões geográficas de atuação, como com relação a espécies trabalhadas. Complementaridade semelhante acontece entre os projetos do Fundo Amazônia e outros que a Embrapa Pesca e Aquicultura está começando dentro do Aquitech, que reúne projetos em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Ao todo, são seis projetos dentro dessa parceria, sendo quatro liderados pela Embrapa Pesca e Aquicultura e dois pela Embrapa Meio Norte (Teresina-PI, com campo experimental em Parnaíba-PI).

Eric Routledge, chefe adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Pesca e Aquicultura, mostra essa complementaridade. Segundo ele, “a gente tem seis projetos que vão entrar em execução. Um se refere ao sistema de inteligência territorial da aquicultura, que é uma iniciativa que a gente vai ampliar e complementar o esforço dessa iniciativa que já conta com financiamento do projeto BRS Aqua e do projeto equivalente que tem no Fundo Amazônia. São projetos que se somam com o mesmo objetivo”. Ele continua: “o segundo projeto é em relação à questão de tecnologias pra ostra nativa, pra ostra do mangue, principalmente pra ampliar a rede de parceiros que o projeto MP2, que a Embrapa Meio Norte coordena, pra gente – a Meio Norte e nossa Unidade – poder estar tendo mais perspectiva de amplificar a rede de parcerias”.

Outro projeto é com o pirarucu, espécie nativa amazônica que já foi objeto de pesquisa da Embrapa, também com apoio do Sebrae. A proposta é dar seguimento ao que foi estudado, com foco na reprodução da espécie. Já o quarto projeto ligado ao Aquitech é “coordenado pela Embrapa Meio Norte e vai focar o cultivo de camarão em bioflocos, sistema de produção onde há pouca ou nenhuma renovação de água”, relata Eric, que acrescenta os dois outros projetos: um com tilápia, a ser desenvolvido no Nordeste do país, e um com tambaqui, “que vai ter um recorte territorial focado no Tocantins e em Goiás, com sistema de produção em tanque-rede e uma parceria com a Universidade Federal de Goiás”.

Foto: Jefferson Christofoletti  

Clenio Araujo (6279/MG)
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