Entre os dias 3 e 14 de setembro de 2018, a Coordenação Regional do Juruá, por meio do edital Projetos Culturais 2018 do Museu do Índio, realizou a Oficina de Arte Ashaninka entre as mulheres da aldeia Apiwtxa, na Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, Acre.
Mais de 15 jovens entre sete e dezoito anos participaram da oficina e, junto às mestras mais experientes, praticaram a arte da tecelagem tradicional de seu povo.
Juliana Amorim, servidora da Coordenação Regional do Juruá, ressalta a importância do projeto para o fortalecimento do protagonismo da mulher indígena na salvaguarda e transmissão do conhecimento tradicional: “É uma vitória para a Funai em sua missão de proteger e promover os direitos indígenas, e na promoção de políticas voltadas ao desenvolvimento sustentável das populações indígenas. Se o uso das medicinas tradicionais e rituais espirituais são, na maior parte das vezes (embora atualmente esse cenário também venha se transformando), protagonizados pelos homens, as artes femininas poderiam ser vistas como uma das principais atividades ligadas à prática da espiritualidade para as mulheres, dentro de sua cultura. A expressão de sentidos de ancestralidade, beleza e verdade é fortemente despertada pela manufatura dos objetos de uso tradicional.”
Segundo Shãtsi Piyãko, professora da escola da aldeia, pesquisadora e atual aluna do Mestrado em Sustentabilidade junto a Povos e Terras Tradicionais na Universidade de Brasília, a atividade de tecer traz em si dimensões sociais, ambientais, econômicas, espirituais e políticas. “Está presente no cotidiano da família ashaninka, sendo uma importante ferramenta de atividade econômica e fortalecimento dos conhecimentos tradicionais”, define a professora que também esclarece os pilares fundamentais na forma de produzir dos Ashaninka: preservação e cuidado com o uso dos recursos naturais de forma sustentável.
Durante a oficina, as jovens puderam praticar e conversar sobre todas as etapas da produção das peças de tecido: a colheita do algodão, o fiar, o tingimento da linha (incluindo a coleta dos elementos para a produção das tinturas, casca de árvore patsitaki e barro), a montagem do tear e a tecelagem propriamente dita.
As Ashaninka produziram diversas peças: bolsas, tipoias, lenços e kitharentsis (veste). Algumas destas foram trocadas ou comercializadas na comunidade em um casual leilão organizado pela professora Shãtsi.
O material fotográfico e audiovisual produzido, a partir da parceria entre Museu do Índio, Coordenação Regional do Juruá e o Laboratório de Imagem e Registro de Interações Sociais do Departamento de Antropologia da UnB (IRIS), servirá para a salvaguarda dessa prática, enquanto patrimônio material, junto ao Museu do Índio. Futuramente será promovida exposição fotográfica e filme documentário de fins educativos e de divulgação da cultura indígena.
Fotos: Juliana Amorim/CR do Juruá/Funai
Coordenação Regional do Juruá
FONTE: FUNAI https://bit.ly/2PZ2qNG
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