Suruwaha – Expedição do fotógrafo brasileiro documenta os índios suruwahas, que vivem sem cacique ou qualquer outra hierarquia em uma pequena comunidade isolada no sul do Amazonas, onde produzem toda sua comida, cultivam o vigor físico e preservam tradições –como a de usar poções venenosas para caçar, pescar e morrer jovem.

Eles são 154 pessoas e sua população segue crescendo (eram cem nos anos 1980). Com a saúde exuberante, produzem todos os alimentos que consomem e têm grande orgulho de suas técnicas de agricultura, particularmente apuradas. Para caçar, usam armas tradicionais, o arco e a zarabatana, com que atiram setas de ponta envenenada. São mestres no uso de poções. Não têm caciques, mas os grandes caçadores, sempre reconhecidos pelo número de antas que mataram, são prestigiados, considerados “madi iri karuji”, ou “pessoas de valor”.

Kwakway leva cesto cheio de massa de mandioca ao igarapé Pretão, ajudado por Baxihywy e Warubi

“Os suruwahas representam para mim aquilo de mais próximo ao que Pedro Cabral deve ter visto ao chegar ao Brasil.” Assim Sebastião Salgado define sua impressão após a expedição fotográfica de 25 dias que realizou à terra indígena.

A comunidade está localizada no sul do estado do Amazonas, entre igarapés da bacia do rio Purus. A área fica a cinco dias de barco da cidade de Lábrea (850 quilômetros a sudoeste de Manaus).

“Eles escolheram viver em estado de quase total isolamento e mantêm suas práticas e a expressão visual de sua tradição cultural muito preservadas. É muito impactante. Vê-los, ao chegar, me causou uma emoção muito grande”, acrescenta o fotógrafo, que ao longo das últimas décadas visitou alguns dos lugares e povos mais isolados da face da Terra.

Após contatos trágicos com outros índios e brancos na segunda metade do século 19, os suruwahas (pronuncia-se “suru-uarrás”) se retiraram para o fundo da floresta e lá ficaram isolados até o início dos anos 1980.Na época, pescadores, caçadores e seringueiros ameaçavam a área onde havia sinais da presença de índios.

Indigenistas do Cimi (Conselho Indigenista Missionário, ligado à Igreja Católica) fizeram contato com os suruwahas e, então, iniciou-se o processo oficial de reconhecimento da terra indígena, que foi homologada pela União em 1991.

Depois de um breve período de convivência com duas instituições religiosas -o Cimi e a evangélica Jocum (Jovens com uma Missão)-, desde o início dos anos 2000 os índios passaram a se beneficiar da chamada política do não contato.

A Coordenadoria de Índios Isolados ou de Recente Contato da Funai (Fundação Nacional do Índio) mantém apenas um posto que fica a mais de sete horas de viagem, por barco, da aldeia. Quando autorizado pela Funai, um visitante precisa, antes de ir até lá, fazer uma quarentena de 12 dias no posto da entidade para comprovar que não possui doença que possa contaminar os índios.

Apesar da distância, esse grupo frequenta o noticiário e é alvo de estudos acadêmicos por uma característica cultural geralmente chocante para um não suruwaha: a ocorrência frequente de suicídios, provocados com o uso do timbó, veneno usado por outros povos apenas para pesca. Essa tem sido a principal causa de mortes entre eles. A fama dessa ocorrência os levou a serem chamados de “os índios do veneno”.

A jovem Hatiri se banha no rio. Foto: Sebastião Salgado

Antropólogos, indigenistas e missionários se debruçaram sobre o tema sem uma conclusão sobre as causas desse comportamento e sem conseguir eliminar os casos – que, no entanto, têm diminuído.

A maior parte dos suicídios ocorre entre pessoas na faixa de 14 a 28 anos, em pleno vigor físico.

Contribui para isso sua mitologia. Os suruwahas acreditam na existência de três céus ou planos para os quais a pessoa ruma após a morte.

“Desses céus, aquele onde a vida é mais favorável é o que reúne os que morrem fortes e saudáveis, em vez dos dois outros: o que reúne os picados por cobra e aquele para onde vão os que morrem depois de velhos”, conta Salgado.

Os suruwahas são também uma sociedade anárquica. Não têm líderes, não têm chefia. ”Kwakway é o mais respeitado, dono da maior maloca, parte de uma família numerosa. Mas isso não dá a ele um papel de ‘chefe’”, explica.

O igualitarismo radical faz com que não haja entre os índios autoridade com mandato para cercear ou censurar alguém. As decisões de interesse comum são tomadas à noite, depois da comida, em conversas abertas. Atitudes pessoais são responsabilidade dos indivíduos: o grupo pode criticar alguma ação isolando seu autor, deixando de falar com ele. Mas não há punições.

Índios suruwahas participam de pescaria coletiva no igarapé Pretão, durante verão amazônico, quando as águas dos rios baixam. Foto: Sebastião Salgado

Comunidade atual é resultado da mistura de grupos sobreviventes 

A imagem de isolamento que tanto impactou o fotógrafo Sebastião Salgado ao encontrar os suruwahas é consequência da história intensa e trágica que esse grupo viveu a partir da segunda metade do século 19.

Após meio século de epidemias e de um massacre, que quase os exterminou completamente, os suruwahas fugiram para o fundo da floresta, no início do século 20, onde vivem isolados nas terras altas até hoje.

A partir de relatos de memórias que foram passados de geração a geração ao longo dos últimos 150 anos, é possível saber que, por volta de 1880, eles mantiveram intercâmbio de produtos com outros índios ou com brancos, de quem adquiriam utensílios industrializados.

A jovem Juwawi, com pintura de onça no rosto, carrega seu bebê em uma tipoia sobre a cabeça. Foto: Sebastião Salgado

As ferramentas de metal, como machados e facões, tinham se tornado habituais entre os índios. Esses instrumentos causaram verdadeira revolução em suas técnicas.

A antropóloga Adriana Huber Azevedo, que trabalhou com os suruwahas entre 2006 e 2011, explica que os instrumentos transformaram a agricultura deles, como na abertura de roças, e que os índios passaram a depender dessas ferramentas.

Naquele fim de século 19, o modo de vida era bastante diferente. Divididos em vários grupos de língua semelhante (chamados ”dawas”), os indígenas viviam espalhados em um vasto território, do qual a terra atual é só uma pequena fração.

Eram ao menos 11 grupos originais, que habitavam em torno dos rios Cuniuá, Tapauá e Purus. Cada um era identificado pelo lugar em que morava: jokihidawas (que já viviam onde todos estão hoje), tabosorodawas, adamidawas, nakydanidawas, sarakoadawas, yjanamymadys, korobidawas, masanidawas, ydahidawas, zamadawas e um grupo chamado suruwaha.

Esses antigos suruwahas e os masanidawas se relacionavam com seringueiros.

Na proa da canoa, Bahahai pesca, à frente dos irmãos, Tiau (também com um peixe) e Hugi, da mãe, Xiriaki, e do pai, Ikiji. Foto: Sebastião Salgado

Segundo contam, esse tempo de contato com outros povos trouxe grandes epidemias de gripe. Os diversos grupos se afastaram das margens dos grandes rios, como o Purus, subindo por seus afluentes para tentar evitar as doenças. “É provável que eles participassem de festas e de encontros com outros povos, quando buscavam obter ferramentas de metal. Mas pegavam gripe e morriam. Podemos relacionar isso ao início do ciclo da borracha, na segunda metade do século 19”, afirma a antropóloga Adriana.

A população de muitos grupos indígenas foi drasticamente reduzida nesse período. Os suruwahas originais desapareceram. As epidemias, porém, não abateram tanto a população dos jokihidawas, que viviam às margens do igarapé Pretão.

Os sobreviventes de outros grupos indígenas buscaram como refúgio aquela região do igarapé Pretão, chamado de Jokihi (o nome jokihidawa quer dizer “povo do Jokihi”) e que integra a bacia do rio Purus.

No auge desse processo de epidemias, ocorreu um grande massacre, por volta de 1920, quando mais um grupo de índios foi dizimado.

Em suas narrativas, os suruwahas atribuem essa violência a um povo que eles chamam de jakimiadi e descrevem como canibais que usavam roupas e atacavam com armas.

“É muito difícil saber quem os massacrou. Mas não eram pessoas de sua etnia, porque tinham nomes estrangeiros”, diz a antropóloga.

Quando isso aconteceu, os suruwahas, destruídos pelas epidemias, somavam poucos indivíduos. Os sobreviventes foram encontrados por remanescentes dos outros grupos, que já viviam juntos como forma de sobreviver à dramática redução populacional. Assim, no começo dos anos 1930, os índios dos vários grupos de língua arawá da região se refugiaram no território dos jokihis, onde estão até hoje.

No kunaha, acampamento de pesca, Bambuhwa segura folha de caranaí e moqueia peixes, ao lado de Xamuwa. Foto: Sebastião Salgado

Ali, numa área de floresta densa, distante de todos os grandes rios da região, conseguiram viver em isolamento quase completo por cerca de 60 anos, às margens de igarapés como Riozinho e Pretão. Perderam o acesso a instrumentos de metal, mas deixaram de contrair doenças.

Recuperaram a saúde, constituíram um modo de vida ao mesmo tempo tradicional e novo e formaram uma só comunidade a partir da mistura de várias etnias, uma federação dos antigos dawas.

Eles passaram a viver juntos, mas não adotaram um nome comum, cada um se identificava como membro de seu grupo original.

No início dos anos 1980, surgiram novas ameaças de presença de não índios, que poderiam levar doenças à comunidade. Indigenistas do Cimi fizeram então o contato. Quando os primeiros integrantes do conselho chegaram, dois jovens disseram: “Somos suruwahas”, referindo-se ao dawa já dizimado. Embora fosse brincadeira, o nome colou.

Segundo o antropólogo Miguel Aparício Suárez, em sua dissertação de mestrado “Presas do Timbó” (2014), o fato de o nome ser de um grupo inexistente facilitou a sua adoção como denominação comum.

Alguns indivíduos ainda se identificam pelo nome de origem. Mas indigenistas, Funai e outros índios passaram a chamá-los de suruwahas.

A referência precisa a datas é uma característica peculiar dos suruwahas. Nem todos os povos indígenas lidam do mesmo jeito com a história. É graças a essa memória prodigiosa que sua trajetória pôde ser remontada a partir do século 19. “Os ianomâmis não usam os nomes dos mortos, o que torna mais difícil entender o passado e reconstituir a ordem dos fatos”, compara Adriana.

Os índios Uhwi, Niaxixibu, Bibi, Giani e Hymanai, do grupo suruwaha, na beira do igarapé Pretão, que banha sua terra, localizada no sul do Amazonas. Foto: Sebastião Salgado

No caso dos suruwahas, sua memória é bastante precisa até 1880”, diz ela, que é autora da tese de doutorado “Pessoas Falantes, Espíritos Cantores, Almas-Trovões”, sobre os suruwahas. Daquele momento para trás, as narrativas parecem se misturar com um tempo mítico.

O relacionamento dos suruwahas com a sociedade é marcado por ambiguidade, ao mesmo tempo há atração e repugnância, como fica claro no depoimento de Adriana Huber Azevedo: “Se a palavra tradição é sinônimo de autonomia econômica, eles são muito tradicionais, porque nunca foram monetarizados”.

Até hoje, eles produzem toda a sua alimentação e grande parte dos utensílios que usam. “Não passa pela cabeça dos suruwahas viver como nós, mas querem ter coisas nossas. E o sentido que veem em se relacionar com a nossa sociedade está em que podemos lhes fornecer facas, machados, lanternas, roupas para caçar em meio aos piuns e linha para fazer tangas”, diz a especialista.

Quase todos os membros do grupo já passaram meses em cidades como Lábrea ou Manaus, no estado do Amazonas, para fazer tratamento de saúde, segundo Adriana. “Todos dizem que odeiam cidades e jamais viveriam nelas.”

Eles tomam seu veneno no rio e correm para morrer em casa 

Uma das marcas culturais mais impactantes dos índios suruwahas é o suicídio. Pessoas saudáveis e fortes provocam a própria morte ingerindo timbó, o veneno que outros povos só usam para capturar grandes quantidades de peixe. Ocorrem dois a três casos por ano, em média, tanto de homens como de mulheres, a maioria entre jovens de 14 a 28 anos. A prática reduz a taxa de crescimento do grupo a 1,9% ao ano, apesar da alta taxa de natalidade (4% ao ano). O autoenvenenamento é a causa de 60% dos óbitos.

Quando os índios percebem que um indivíduo tomou a poção, tentam fazê-lo vomitar, mas, frequentemente, a salvação já não é possível. O líquido tóxico é ingerido na floresta, longe dos olhos da comunidade. O índio se envenena e espera antes de voltar para casa – correndo, já que tem que morrer na maloca.

“Se a pessoa toma veneno, vai para casa e morre no caminho, ela não vai para a casa dos valentes no outro mundo, o céu que eles querem atingir. Então, tem que ter um cálculo preciso de quando tomar o timbó e quando ir para casa, para não morrer antes nem chegar quando ainda dá para evitar a morte pelo vômito”, comenta Sebastião Salgado.

O menino Huwaxi entre dois fardos de casca de árvore usada para fazer redes, cordas e tipoias nas quais as índias carregam os filhos. Foto: Sebastião Salgado

Embora frequente, a perda de um membro da comunidade é sofrida, provoca nos outros a sensação de ter falhado no salvamento. Ainda mais quando se trata de pessoa influente, um caçador de sucesso.

“Não aconteceu nenhum caso enquanto eu estava lá. Eu deveria ter ido no ano anterior, mas houve o suicídio de alguém muito querido. Como eles ficam muito chateados nessas situações, não seria boa época para irmos”, conta o fotógrafo.

O suicídio pode ocorrer porque a pessoa está deprimida, por uma morte em família, porque algo deu errado. A pessoa, triste ou envergonhada em consequência de um desentendimento, se mata. “Mas pode acontecer também porque está muito feliz, como se quisesse congelar esse sentimento”, conta Salgado.

O suicídio está imbricado na cultura dos suruwahas desde antes da fase mais recente de contato, nos anos 1980. Os próprios indígenas descrevem o momento em que eles passaram a adotar a prática do autoenvenenamento, segundo a antropóloga Adriana Huber Azevedo.

“Eles contam que a primeira pessoa que tomou o timbó foi um homem chamado Dawari, bisavô de uma mulher da comunidade atual. Isso aconteceu em torno de 1930, quando já estavam todos vivendo na área de isolamento.”

Segundo a estudiosa, a técnica de ingestão do timbó já era conhecida pelos suruwahas desde o século 19, quando eles tinham contato intenso com outro grupo da região, os katukinas. Mas eles só começaram a praticar o ato quando remanescentes dos diferentes grupos (”dawa”) passaram a viver juntos, no século 20.

Com o corpo pintado de urucum, Gianzubuni segura as armas de caça dos suruwaha: na mão e no ombro direitos, uma zarabatana e a aljava com os dardos de ponta envenenados; na mão esquerda, um arco. Foto: Sebastião Salgado

Antes da fusão, os conflitos eram resolvidos no universo simbólico, pela intervenção de xamãs. Eles atribuíam os problemas de uma pessoa a feitiços feitos por alguém de outro grupo. Uma pessoa que se achava vítima de feitiçaria apelaria a seu pajé para devolver o ataque. Vivendo juntos em uma mesma maloca, esses atritos passaram a ser represados, o xamanismo perdeu a função de mediação, as relações interpessoais se tornaram diretas.

A partir desse momento, acredita a antropóloga, as pessoas passaram a manifestar a reação a conflitos pela ingestão de timbó. Sua interpretação é que o objetivo não é a morte, mas a resolução do conflito: “Cerca de 80% dos casos são resolvidos pela intervenção da comunidade, evitando a morte”, explica.

Os suruwahas são conhecidos pela habilidade de manipular poções. São apelidados “índios do veneno”, o que desperta temor em outros grupos e mesmo entre indigenistas. As principais poções que usam na pesca e na caça são o timbó e o curare.

O timbó é usado por diversas etnias para a pesca na época da seca, quando os rios baixam e ficam empoçados. Os suruwahas o extraem da raiz de uma planta (Lonchocarpus nicou) que produz um líquido leitoso. Jogado na água, ele atordoa os peixes deixando-os paralisados, na superfície. O efeito desaparece em minutos e não afeta o alimento.

O curare, conhecido como “veneno de flecha”, é usado para caça, na ponta de setas grandes, disparadas com arco, ou pequenas, sopradas com zarabatana. É produzido a partir de cipós que precisam ser cozidos. O efeito dessa poção também é paralisante e o animal atingido perde a capacidade de fugir.

Os suruwahas caçam macacos e aves com zarabatana e outros animais, maiores, com arco.

No princípio, Aji Marihi (deus ou herói criador) criou um povo de homens poderosos, chamados saramadys. São os ancestrais dos suruwahas, segundo sua mitologia. Eles aprenderam todas as habilidades necessárias para a vida: caçar, pescar, construir casas, produzir venenos, fazer a roça, plantar. As mulheres aprenderam como fazer a cerâmica, as roupas e tudo. Nessa época, todos os seres vivos eram humanos. Ao longo do tempo, alguns homens foram se transformando em outros bichos ou plantas, e assim se formaram todas as coisas.

Todo mundo tem uma alma, que habita o coração. Dali, ela comanda a memória e as emoções. O homem pode mentir, mas sua alma é sincera. Quando um suruwaha morre, conta a mitologia, a alma abandona seu corpo e vai para o igarapé Pretão, onde eles moram. Ali, no fundo escuro das águas, espera a época das chuvas para seguir viagem rumo aos grandes rios, até um momento em que consegue pular para o céu.

Ao saltar para o céu, cada alma se projeta para um dos três céus em que se divide o mundo segundo a cosmogonia dos suruwahas: as casas do Sol e da Lua, que se localizam em um plano superior; e o arco-íris, em um espaço intermediário entre os dois. Em cada um desses planos os mortos se concentram conforme seu destino específico. Embora não explique os suicídios, é possível relacionar a prática a essa crença.

A jovem Hahani e seu pai, Ania, que segura um arco e flechas. Foto: Sebastião Salgado

No caminho da cobra, que coincide com o traçado do arco-íris, ficam os mortos por picadas de serpentes. O arco-íris, que outros povos cultuam como linda expressão da natureza, é sinal de má sorte para os suruwahas: quando aparece, alguém vai ser mordido por uma cobra.

No caminho do Sol vão aqueles que morrem na velhice, por acidentes ou doenças, todas as pessoas que não foram picadas por cobra e nem provocaram a própria morte. O destino desses índios que morrem velhos é penoso, as almas vagam sem sossego até achar uma comida celeste que as faça renascer e conquistar a juventude eterna.

Por fim, para o “caminho do timbó”, que corresponde à trajetória da Lua, vão os que se autoenvenenam.

O melhor céu, portanto, é dos que morrem jovens e fortes. Eles vivem a verdadeira existência pregada nos cantos e mitos: um mundo embaixo das águas, onde as almas se tornam peixes (como aqueles que os suruwahas costumam pescar, atordoados pelo timbó). Esse é seu destino final. De certa forma, o lugar que concentra os suicidas é o mais parecido com o paraíso após a morte da cosmogonia cristã.

O mito suruwaha conta que o herói Aji Marihi era ao mesmo tempo homem e onça, tinha poderes de um grande xamã, capaz de transformar todas as coisas. Para criar a humanidade, esfregava entre as mãos as sementes de diversas plantas e as jogava no chão. Todas se transformavam em gente, índios e não índios.

Os primeiros homens a sair das mãos do criador foram os jaras, os civilizados ou não índios, feitos com a semente da sorveira (uma árvore alta, comum na região). Depois, com sementes de breu, foram feitos os samaradys, ancestrais dos suruwahas; e com envira, seus inimigos míticos, os jomas. E assim, um a um, foram sendo criados os povos.

Musy molda na argila um jawari (pote de água). Foto: Sebastião Salgado

Grupo ganhou fama ao virar alvo de campanha contra o infanticídio   

Apesar do isolamento, os suruwahas ganharam exposição pública nos últimos anos devido a outro tabu: o infanticídio em grupos indígenas.

Usando principalmente a internet, a entidade evangélica Jocum (Jovens com uma Missão) incluiu o grupo entre os alvos de uma campanha contra morte de recém-nascidos.

Por considerar que a Jocum fazia proselitismo que prejudicava os índios, o Ministério Público Federal exigiu que a Funai descredenciasse a entidade, proibindo que ela trabalhasse com os suruwahas, a partir de 2004.

Com apoio da bancada evangélica, o deputado Henrique Afonso (PT-AC) apresentou, em 2007, um projeto de lei que obriga o poder público (Funai ou Sesai) a intervir em caso de risco, para evitar o infanticídio em famílias indígenas.

Aprovado na Câmara em 2015, o texto está parado na Comissão de Direitos Humanos do Senado, onde enfrenta reação contrária de entidades de direitos humanos e do presidente da comissão, Paulo Paim (RS), do mesmo PT.

“O infanticídio tem adquirido proporções insignificantes entre os suruwaha. Eles têm sido vítimas de uma campanha de criminalização e ‘animalização’”, diz o antropólogo Miguel Aparicio Sua´rez, autor da dissertação de mestrado “Presas do Timbó” (Ufam, 2014).

O índio Kwakway trabalha na construção de sua maloca, que será usada por toda a comunidade; as casas coletivas têm cerca de 20 metros de altura e trazem prestígio ao dono. Foto: Sebastião Salgado

Malocas de até 20 metros de altura podem abrigar toda a tribo 

Os suruwahas vivem em grandes malocas, construídas em forma cônica, com até 20 metros de altura -equivalentes a um prédio de seis ou sete andares. Há cerca de dez malocas espalhadas pela terra indígena, aptas a receber toda a população, se necessário. Mas, em geral, apenas três ou quatro estão ocupadas a cada momento, porque os índios mudam em função de conveniências, como a disponibilidade de água (quando o igarapé junto a uma casa fica mais seco, por exemplo) ou a colheita de roças com mais alimentos.

Em razão de festas, caçadas ou pescarias coletivas, todos podem se juntar em uma mesma casa por um certo período.

Até recentemente, os suruwahas estavam distribuídos em cinco malocas, duas mais próximas entre si e as outras três mais distantes das primeiras. Para chegar a elas, o fotógrafo Sebastião Salgado teve que marchar por cerca de quatro horas. Já no domingo passado (26/8), toda a população estava concentrada em uma só moradia.

Há sempre uma casa em reforma ou em construção na aldeia, para que o grupo possa ficar mais próximo de uma roça recém-aberta.

Construir uma casa é uma decisão individual. No início, o trabalho é coletivo: muitos homens auxiliam na instalação das colunas principais, grandes troncos de madeira.

A cobertura será feita praticamente por uma só pessoa, o “dono” da casa, e esse é um dos elementos que o caracterizam como um homem generoso, provedor, que dá abrigo aos outros. Essa segunda parte leva mais de um ano.

Kwakway trabalha na construção de sua maloca; a obra das casas coletivas pode levar até um ano e costuma ser feita apenas pelo seu dono. Foto: Sebastião Salgado

A estrutura interna da maloca é composta por troncos longos, grossos e pesados e por outros mais finos, alternados. O dono escolhe as árvores na floresta, que serão cortadas e limpas. Para o transporte da madeira, ele conta com a ajuda de oito a dez índios. Também é o dono quem determina as dimensões e a posição da construção – é ele quem abre os buracos no chão que receberão os troncos.

O processo de levantamento das colunas é quase uma festa. Vários homens iniciam a tarefa. Depois largam o tronco estrondosamente no chão, retomam o esforço e sobem um pouco mais, até que, para colocá-lo na posição final, usam forquilhas de outras madeiras. Isso é repetido várias vezes.

Por último, eles amarram aros feitos de madeira mais maleável às colunas, com diâmetros que vão ficando menores em direção ao topo, o que dá a forma cônica do edifício.

Os homens convocados ajudam ainda a montar os andaimes internos em que o construtor vai se equilibrar na longa jornada de instalação da cobertura de palha.

Nesse período, o dono da casa vai colher sozinho (ou apenas com um parente próximo) as folhas de uma palmeira baixa chamada caranaí; vai secá-las e desfiar suas fibras com faca, para produzir as peças que serão assentadas sobre a estrutura de madeira do telhado, como se fossem telhas de tecido vegetal. Na hora da chuva, a palha desfiada vai cumprir o papel de vedar a entrada da água.

A maloca dá a seu dono certa proeminência, porque os outros serão sempre recebidos como hóspedes, mesmo que por longos períodos ou toda a vida em comum. Embarcar na construção de uma casa é sinal de coragem já que depois, ele trabalhará muito para alimentar os visitantes.

O construtor então vira um líder, um ”madi iri karuji”, “pessoa inspiradora”. Essa influência não se traduz em um poder executivo, de decidir pelos demais ou mandar nos outros. O que diz respeito ao direito pessoal é decidido pelo indivíduo. “Por isso, às vezes uma pessoa combina uma coisa com outra e depois, quando isso envolve uma terceira, que pensa diferente, tudo é cancelado”, conta Salgado.

Dentro das malocas, as famílias se organizam em núcleos com cerca de quatro metros quadrados cada um, entre as colunas de sustentação e a parede de palha, formando um círculo em torno da praça central, reservada às atividades coletivas.

Os suruwahas preparam na maloca o agassi, o grande cesto feito de cipó e casca de árvore, usado para transportar de 600 a 800 quilos de mandioca ralada até o rio. Foto: Sebastião Salgado

Festa da mandioca é olimpíada de levantamento de peso 

Um dos principais pratos da culinária dos suruwahas é o grolado, espécie de bolinho assado feito de massa de mandioca fermentada, ou puba. Depois da colheita, uma grande quantidade de mandioca brava é reservada para ser deixada a fermentar dentro da água do igarapé mais próximo. É assim o preparo da puba, que tem sabor mais acentuado do que a feita com a mandioca fresca.

Na água, ela será preservada como se estivesse em uma geladeira, para ser usada quando necessário, na falta da raiz fresca ou em viagens, para acampamentos de caça ou pesca. Como uma espécie de subproduto ritual, o preparo da puba resulta em uma verdadeira olimpíada de carregamento de peso, quando os homens levam para o igarapé os grandes cestos (chamados ”agassi”) onde acumulam a mandioca ralada.

O agassi é feito com cipó e casca de uma árvore. Tem cerca de dois metros de altura e 80 centímetros de diâmetro. É forrado com folhas largas, de forma a impedir que seu conteúdo seja levado pela água do rio.

Kwakway se prepara para carregar o cesto de cerca de dois metros de altura, cheio de mandioca ralada a ser fermentada no rio. Foto: Sebastião Salgado

Depois de ralada, a mandioca brava é espremida, para soltar parte do caldo venenoso, e colocada no cesto. Cheio, o agassi pesa cerca de 400 quilos. Depois de imerso no igarapé, com o acúmulo de água, pode pesar 700 ou 800 quilos.

O rito de levar o cesto para o rio é uma festa. “Eles juntam os homens mais fortes para levantar aquele enorme balaio. É uma prova de força que exige grande sofrimento e contenção. Vão trocando de lugar, quando as forças de uma pessoa se esgotam”, conta Salgado, que fotografou detalhadamente todo o processo.

“Senti que eles fizeram aquele ritual coincidir com a nossa visita, porque começaram a fazer o balaio quando nós chegamos e nos chamaram para ver o ritual”.

Mas também, como é típico da imprevisibilidade da alma suruwaha, após um longo período sendo retratados, os índios mudaram de ideia. “Depois de um bom tempo, disseram que eu precisava ir embora. Eles são muito interessantes, bem peculiares”, diverte-se o fotógrafo.

O esforço para carregar o peso imenso leva todos ao limite de suas forças. Os músculos são amarrados com fibras para não se rasgarem.

Baxihywy ajuda a carregar o agassi, cesto usado para transportar a mandioca ralada até o rio. Foto: Sebastião Salgado

Os homens trocam de posição, em um rodízio em que um deles, a todo momento, recebe a maior parte do peso em suas costas. “Evidentemente ele se destaca como o mais valente, um guerreiro mais forte.”

A mandioca é levada para o igarapé, que está a cerca de 500 metros, e será consumida aos poucos, ao longo de meses. Ou tudo de uma vez, se houver uma grande festa.

A puba também tem papel importante na caça, o melhor atalho para conquistar prestígio na comunidade.

O grupo faz grandes caçadas coletivas no “inverno” (a época da chuva, que corresponde ao verão do Sudeste), que sempre são organizadas e comandadas por um dos homens de prestígio.

A credencial para organizar uma caçada é ter um estoque de puba armazenado no igarapé, que irá servir de alimento a todos que vão participar do evento.

Os suruwahas dividem os animais em três tipos, em uma classificação que nada tem a ver com a taxonomia proposta pela ciência moderna: ”zamatemyro” são todas as caças que andam no chão, abatidas preferencialmente com flecha; ”igiaty” são animais que vivem nas árvores, como macacos e aves; e ”igiatykyry” são os bichos pequenos, como os ratos e os passarinhos, caçados com zarabatana.

Liderados por Kwakway, os índios mais fortes da aldeia carregam cesto de mandioca ralada, num misto de festa e prova de força. Foto: Sebastião Salgado

Se o inverno é da caça, o verão é o tempo das grandes pescarias coletivas, quando os suruwahas usam o timbó, forma tradicional de pesca. O convívio com outros povos deu a eles novas técnicas -linha e anzol, zagaia e arpão–, o que permite a pesca em rios maiores.

Os peixes são parte fundamental da dieta suruwaha, e estão tão imbricados na sua cultura que os homens imaginam que, após a morte, viram peixes, “presas do timbó”.

Ritual da puberdade é marcado por cabeça raspada e surra de vara    

Quando ficam menstruadas pela primeira vez, as meninas suruwahas entram em um rito de iniciação, para se tornarem moças.

A garota deve ficar recolhida, sem se banhar, com o rosto coberto e os olhos vendados. Ela fica de cama e só se levanta para fazer suas necessidades, quando é conduzida por outra mulher.

Ao final do ciclo menstrual, vai ser banhada, ganha uma tanga nova e é surrada com vara pela mãe ou pela avó (trata-se de uma surra ritualizada). Seu cabelo é todo raspado.

Depois de se tornar mulher, há uma série de tabus relacionados ao ciclo menstrual que envolvem normas de comportamento (como a que proíbe que homens usem sua rede nesse período) e alimentares (não podem comer certos alimentos, como caça abatida com veneno, o que traria azar ao caçador).

Jovem toca o instrumento huriatini, uma trombeta feita de casca de envira, que serve para dar avisos. Foto: Sebastião Salgado

Os meninos se tornam homens em torno dos 15 anos. O rito de passagem envolve uma caçada ou pescaria coletiva. Ao voltar para casa, o jovem deverá ajudar a carregar os grandes cestos de alimentos, para mostrar que já é forte, e também o agassi, que é a maior oportunidade de exposição de força individual. À noite, haverá uma grande festa.

Ao amanhecer do dia seguinte, um homem entre seus parentes vai colocar o suspensório no pênis do jovem. Chamado de ”sokoady”, ele fecha o prepúcio sobre a glande e é sustentado por uma espécie de cinto.

O suspensório caracteriza o decoro masculino em diversas culturas indígenas. Para eles, a nudez (ou a “vergonha”) ocorre apenas quando o acessório está aberto. Entre os suruwahas, um homem confecciona o ”sokoady” e outro o coloca no jovem iniciado. Depois que ele é atado, os outros homens surram o jovem.

Quando volta para casa, ele vai armar sua rede bem no meio da maloca, deixando o espaço destinado a seus pais, como se “saísse de casa”.

O índio Miniari, filho de Giani e Buti, deitado em canoa durante pescaria no igarapé Pretão. Foto: Sebastião Salgado

Os suruwahas se casam preferencialmente com primos cruzados (os meninos se casam com filhas das irmãs do pai; as meninas, com filhos dos irmãos da mãe). Com a redução populacional, essa prática é difícil.

Hoje em dia, os jovens adotam a monogamia, mas a poligamia é admitida, ocorrendo tradicionalmente com homens casando com suas primas cruzadas.

A cerimônia é realizada por ação de um outro homem qualquer da casa coletiva, que leva a rede onde a moça dorme para perto da rede do possível noivo. Todos agem como se fosse uma surpresa. O rapaz, no primeiro momento, nega o desejo, mas depois cede. Pode acontecer de o jovem recusar a noiva.

Após o casamento, há uma espécie de lua de mel. No período de um ano ou um pouco mais, os jovens vivem com comida dada por suas famílias. Só depois, frequentemente quando têm o primeiro filho, eles vão começar a produzir seus próprios alimentos e se tornam realmente independentes.

Uma das duas índias suruwahas operadas de catarata pela ONG Expedicionários da Saúde, Wixikiwa segura macaquinho de estimação ao lado da neta. Foto: Sebastião Salgado

Cirurgia de catarata devolve o mundo a anciãs

Há cerca de 20 anos, a escuridão da floresta alta se tornou ainda mais escura para Xamã e Wixikiwa: as duas mulheres perderam a visão, com catarata. Seu mundo se fechou.

A vida cotidiana na selva exige o uso intenso dos olhos: nas grandes caminhadas para mudanças de maloca, para abrir novas roças ou para os acampamentos de caça e pesca ou mesmo o cuidado com as cobras em volta de casa. Tudo pede uma vista aguçada.

Seu sofrimento calado é narrado por histórias que os outros contam, como quando Xamã parou numa trilha para um acampamento de pesca, não conhecia o caminho de cor e não via os vultos de outros para seguir.

As duas mulheres suruwahas já estavam desacorçoadas com a longa cegueira quando, em maio deste ano, foram operadas.

Foi como um milagre. A uma antropóloga que trabalha com a comunidade, as índias disseram que “voltaram a viver” e “ganharam vida nova”.

As operações foram realizadas pelo médico Mauro Campos, chefe do departamento de oftalmologia da Escola Paulista de Medicina (da Unifesp), como parte do atendimento dado aos índios durante a passagem da ONG Expedicionários da Saúde (patrocinada por empresas) pela região do médio rio Purus, onde moram os suruwahas e outros grupos. Na aldeia, os cirurgiões da entidade trataram três pessoas com catarata e quatro com hérnia.

Segundo o censo feito durante a viagem, o grupo indígena tem poucos casos de doença. “Eu examinei todos eles e vi poucas pessoas com problemas de saúde. Eles são muito saudáveis e fortes”, diz Campos.

O médico conta que, além das duas mulheres idosas, operou um jovem, de 27 anos, que desenvolveu um tipo menos comum da doença, a catarata traumática, causada por contusões no olho (batidas, perfurações) que não cegam, mas ferem o cristalino e ele fica opaco.

Ao descrever suas impressões sobre os índios, ele repete a sensação de Sebastião Salgado: “Os suruwahas foram uma novidade para nós. Fiquei emocionado, eles não têm celular, não têm roupas, não têm escolas. A presença do Estado se dá apenas pela casinha da Sesai”, diz, referindo-se ao pequeno polo de saúde.

“Os índios com mais contato normalmente mudam algumas coisas, culturalmente, mas eles não. Eles parecem ser muito tradicionais. Me senti realmente cuidando de índios isolados”, diz o professor da Unifesp.

“Ao longo do período em que estivemos lá, pudemos vê-los caçando com zarabatana. É impressionante a habilidade deles. Pegaram um tucano. Acertam as aves voando.” Outra cena ficou em sua memória: “Eles comem de tudo, inclusive urubus”.

O médico conta que chegou a ouvir de trabalhadores da região que os vizinhos temem o contato com os suruwahas porque eles conhecem muitos venenos. Mas Campos diz que não teve problemas em obter ajuda de agentes para tratá-los.

Também marcaram a lembrança do médico a arquitetura das casas, com mais de 20 metros de altura, a abundância de serpentes na aldeia e o fascínio dos índios por fotos. “Eles ficam o tempo todo olhando as fotografias que fazemos, sempre muito impressionados”, conta Campos.

Acidente com cipó na aldeia dos suruwahas machuca olho de fotógrafo

A ponta de um cipó espetou o canto interno do olho de Sebastião Salgado quando ele andava por uma trilha: “Uns poucos milímetros ao lado e eu estaria cego. Só para ir a um hospital levaria de três a quatro dias”.

Na selva, Salgado seguia um índio que abria caminho com facão. “Eu olhava para baixo, para ver onde pisar. Nisso, a ponta de um cipó que ele havia cortado, pontiaguda, entrou por baixo de meu chapéu e espetou o cantinho do olho.” Sangrou um pouco. Seu assistente, Jacques Barthélemy, fez a foto. “Tive muita sorte.”

A expedição aos suruwahas é parte do projeto “Amazônia”, que documenta o habitat e comunidades indígenas da maior floresta do planeta. Conhecido por reportagens de documentação como “Trabalhadores”, ”Êxodos” e “Gênesis”, Salgado prevê lançar livro e exposições sobre “Amazônia” a partir de 2021.

A Folha já publicou seus trabalhos sobre os índios korubos (5.dez.2017) e ashaninkas (20.mai.2018). Radicado na França desde a ditadura, Salgado começou a carreira de fotógrafo nos anos 1970. Trabalhou em agências internacionais, como a Magnum, fundada por Robert Capa e Cartier-Bresson em 1947. Desde os anos 1990, mantém sua própria agência, a Amazonas Images, com sede em Paris.

Edição: Heloísa Helvécia / Textos: Leão Serva / Fotos: Sebastião Salgado / Edição de fotos: Thea Severino / Coordenação de Arte: Thea Severino / Infografia: Marcelo Pliger / Design e desenvolvimento: Thiago Almeida, Pilker, Rubens Alencar e Angelo Dias

Fonte: Folha de São Paulo

VER MAIS EM: AMAZONIA.ORG.BR   (Disponível em setembro de 2018) 

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