A ida para os centros de residência foi possível porque o programa de interiorização do Governo Federal já transferiu mais de 1,8 mil venezuelanos para outros nove estados e, com isso, foram liberadas novas vagas nos abrigos.

Jairo, a esposa Yesica e as duas filhas Claribel e Yulia estavam vivendo há um mês na rua e foram transferidas para um abrigo na última quinta-feira (13).

Ao longo de setembro, 510 venezuelanos que estavam vivendo nas ruas de Boa Vista (RR) foram acolhidas e levadas para abrigos da capital. A iniciativa foi conduzida pelo Exército Brasileiro com o apoio da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e do Fundo de População da ONU (UNFPA).

A operação começou no dia 9, com a realocação de 197 estrangeiros. Na semana passada (13), outros 314 puderam passar a noite sob um teto e em segurança. A ida para os centros de residência foi possível porque o programa de interiorização do Governo Federal já transferiu mais de 1,8 mil venezuelanos para outros nove estados e, com isso, foram liberadas novas vagas nos abrigos.

Os venezuelanos que estavam em situação de rua foram encaminhados de forma voluntária ao Posto de Triagem de Boa Vista, onde foram cadastrados, vacinados e receberam alimentação, antes de irem para os abrigos. Todos tiveram atendimento médico e ganharam itens de higiene pessoal.

Jairo, sua esposa e duas filhas estão entre os estrangeiros alocados neste mês nos abrigos. Sua família estava na rua há um mês. “Sem trabalho e sem ter onde viver, fica muito difícil seguir adiante. Mas agora tenho certeza que vai ficar melhor”, diz o pai de Claribel e Yulia.

Atualmente, cerca de 4,8 mil pessoas vivem nos 11 abrigos estabelecidos em Roraima. O ACNUR e seus parceiros têm apoiado as autoridades brasileiras na resposta ao aumento do fluxo de venezuelanos. A assistência do organismo se divide em três eixos: ordenamento de fronteira (incluindo registro e documentação), abrigamento e processo de interiorização – que conta com o suporte de outras instituições da ONU, como a Organização Internacional para as Migrações (OIM), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), UNFPA e UNICEF.

Segundo o ACNUR, 75% dos venezuelanos que chegam ao Brasil e são atendidos pelo Centro de Recepção e Documentação em Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, expressam o desejo de viajar para outros estados do país. Um levantamento recente da agência mostrou que cerca de 40% dos venezuelanos transferidos para outras cidades já conseguiram encontrar emprego.

O Governo Federal definiu recentemente uma nova meta para o programa de interiorização — por semana, as autoridades esperam transferir de Roraima para outros estados cerca de 400 venezuelanos. Os voos, operados pela Força Aérea Brasileira, foram intensificados na última semana. O processo de interiorização é conduzido pelo Comitê Federal de Assistência Emergencial, que funciona sob o guarda-chuva da Casa Civil da Presidência.

Nesta semana, acontecerão dois novos voos, com destino a Recife, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. O ACNUR trabalha junto com parceiros nas cidades de destino para facilitar seu processo de integração local.

Cifras do governo brasileiro revelam que cerca de 75 mil venezuelanos procuraram a Polícia Federal desde 2015 para regularizar sua permanência no país. Aproximadamente 46.700 solicitaram refúgio, enquanto outros 15.000 pediram residência. Outros 13.800 têm agendamentos com a Polícia Federal. Segundo a Polícia Federal, quase 155 mil venezuelanos entraram no Brasil desde 2017, sendo que cerca de 79 mil já saíram do país.

O ACNUR estima que 2,3 milhões de venezuelanos estejam vivendo fora de seu país. Desde 2015, mais de 1,6 milhão deixou a Venezuela – 90% deles rumo aos países da América do Sul.

Foto: ACNUR/Flávia Faria

FONTE: ONU

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