Um ano depois da expedição científica na Serra do Aracá, no município de Barcelos (a 401 quilômetros de Manaus), na região que faz fronteira com o estado de Roraima e a Venezuela, pesquisadores comprovaram que uma espécie de planta descoberta no topo da serra é a única no mundo, pelo menos por enquanto. Trata-se de um arvoredo com flores brancas e de aproximadamente dois metros que estava crescendo sobre um solo rochoso, que ganhou o nome científico de Macrolobium aracaense. A expedição foi acompanhada com exclusividade por A Crítica.
Essa espécie, registrada e coletada no topo da serra, é endêmica (exclusiva) do local e precisou ser pesquisada minuciosamente e observada durante um ano por cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) para que fosse dada como única.
“Foi comprovada uma grande descoberta. Este trabalho demonstra a importância de continuar com estudos florísticos e taxonômicos nas grandes áreas da floresta amazônica”, explicou o peruano Francisco Farroñay, um dos dez pesquisadores que fizeram parte da expedição. Mais 16 pessoas fizeram parte da equipe de apoio durante a “aventura científica”.
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A expedição foi patrocinada pelo jornalista, empreendedor e pesquisador Sérgio Miranda, 53, presidente da ONG Instituto Sócio-Ambiental Meu Ambiente (ISMA) e ex-presidente do Comitê de Bacia do Tarumã, em Manaus. Segundo ele, a expedição custou R$ 45 mil, mas teve o apoio logístico da Prefeitura de Barcelos.
A Serra do Aracá é uma imensa “mesa” a mais de 1.300 metros acima do nível do mar, numa região montanhosa, no município de Barcelos. A vegetação do platô da serra é muito baixa de altura, raquítica e de folhas duras, pela baixa disponibilidade de nutrientes no solo. Apesar da área também ser rochosa, outras espécies de plantas raras já foram descobertas no gigantesco elevado.
Embora possuía solo aparentemente pouco fértil, o planalto da Serra do Aracá registra um grande número de espécies raras. O fato tem sido associado ao seu isolamento em relação a outras montanhas de alta altitude na região. As amostras coletadas no planalto, até o momento, ainda não foram totalmente estudadas.
“É necessário um ano para que seja observada uma nova espécie. É preciso acompanhar seu desenvolvimento, seu comportamento em cada estação, qual o inseto poleniza, além da reação de outros cientistas ao redor do mundo, para que se confirme o ineditismo da descoberta”, explica o estudioso Sérgio Miranda.
Repercussão
“A notícia da descoberta está repercutindo em todo o mundo. Estamos recebendo comunicados de institutos de botânica de várias partes do planeta, para obter informações sobre a planta”, adianta o cientista Francisco Farroñay.
Para chegar à Serra do Acará, a distância, a partir da sede do município de Barcelos, é de 200 quilômetros em linha reta, e 393 quilômetros por via fluvial (embarcação). De lancha, são aproximadamente 18hs de viagem.
O parque
O Parque Estadual Serra do Aracá está localizado no Município de Barcelos (401 quilômetros de Manaus). São quase dois milhões de hectares que guardam a maior cachoeira em queda livre do Brasil, a El Dourado, com 353 metros de altura, e dezenas de espécies endêmicas (únicas daquela localidade). O parque é composto de formações rochosas que atingem mais de 1.000 metros de altura cobertas por uma densa floresta e rodeadas por várias outras cachoeiras.
A Serra do Aracá faz parte do Planalto das Guianas, um imenso escudo rochoso que se inicia no Sul da Venezuela e invade o extremo Norte do Brasil. Seus representantes mais famosos são os tepuis (tipo de meseta abrupta, com paredes verticais e piso geralmente plano, composto de quartzito e arenito e leitos de ardósia). Além do Aracá, tem o místico Monte Roraima.
FONTE: A Crítica
https://www.acritica.com/channels/governo/news/pesquisadores-descobrem-nova-planta-na-serra-no-araca
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